Clown sweet clown

Na mira das autoridades

"O medo tem rosto e voz
  Ele com certeza não está habitando em você
Sua face como um caminho de pétalas vermelhas na neve
Seus olhos como piscinas cristalinas congeladas
Misterioso com um relâmpago que cruza os céus num feixe de luz
Vivendo pelos cantos
Caçando histórias para contar
E experiências para colecionar
Meu doce, doce amigo palhaço..."

Percorria o lápis na folha pautada enquanto pensava em mais coisas para escrever sobre o meu amigo dançarino, não conhecíamos uns aos outros muito bem mas me deu uma vontade enorme de escrever um poema para ele, acho que vai gostar. Já era tarde da noite e eu precisava dormi pois tinha aula no outro dia, então guardei meu caderno com o poema e me deitei. Estava um friozinho bom então pude me cobrir por inteira, minha coberta era bem aconchegante e eu a adorava. No outro dia de manhã, acordei com o meu despertador tocando e, como de costume, eu não queria levantar. Com muito custo consegui fazer minhas atividades matinais arrastada, fiz praticamente tudo no modo super lento, como consequência, eu me atrasei para a primeira aula. Cheguei na escola bem na hora de o portão fechar, minha sorte é que o porteiro é muito gente boa e me deixou entrar. Eu tinha aula de Física e a professora é o ranço em pessoa, ou seja, me ferrei. Bati na porta na maior cara de pau e eu pude ver pelo vidro que ela parou a aula para me atender:

-" Senhorita Andrew, está atrasada"- disse me olhando de cima para baixo.

-" Desculpe Sra. Hudson, meu despertador não tocou..."- menti só para poder entrar.

-"Arrume um despertador novo pois essa não é a primeira e nem segunda vez que chega atrasada por causa do seu despertador"- se pôs a minha frente de braços cruzados.

-" Prometo que não vai acontecer novamente"- eu tenho que parar de prometer coisas.

-"Hum. Certo, pode entrar, mas é a última vez, a próxima vai esperar o segundo horário do lado de fora"- entrei e sentei do lado das minhas amigas que me olhavam com reprovação.

-" Que foi?"- perguntei.

-" O que dá em você de chegar todo dia atrasada?"- perguntou Lucille.

-" Ah Luci, me erra, eu não tenho disposição nem para viver quanto mais para levantar da cama"- revirei os olhos.

-" Manhã não é uma das minhas partes favoritas do dia, eu fico mais ativa a noite, é quando as idéias se amontoam na minha mente"- apontei para Katy lhe dando razão.

-" Manhãs são para cafés e contemplações"- disse Diane.

-" Começou a assistir aquela série que eu te disse, né?"- ri.

-" Claro, aquela série é totalmente brisante! O garoto vai para um mundo invertido cheio de monstros sinistros, não poderia existir série melhor"- balancei a cabeça, concordando.

-" Falando em monstros... Vocês ficaram sabendo dos caras que desapareceram na procura de um monstro que eles supostamente viram andar naquela floresta que tem perto das entradas de esgoto?"-disse Katy. Na hora, eu me lembrei dos caras que eu vi no esconderijo do Pennywise.

-" Sim, disseram que eles conseguiram encontrar, mas o suporto monstro teria matado eles antes deles captura-lo"- disse Diane. Lembrei do que Pennywise havia me dito " ...Eu estava aqui sentado quando eles invadiram. Diziam que 'conseguiram me achar'. Eu não entendi direito, eles apenas se jutaram em mim, querendo me derrubar. Eu até que eu dei conta deles, mas um enfiou uma barra de ferro no peito. Começou a doer muito mas eu consegui matar todos eles antes deles me capturarem...". Mas não poderia ser, Pennywise não é um monstro, ele é alguém que foi reprimido pela sociedade, foi obrigado a se esconder e precisa de ajuda... Se bem que eu nunca me importei em perguntar de onde ele veio e sua origem.

-" Antes de desaparecerem, os caras disseram que a criatura vestia roupas cinzas metálica e tinha a aparência grotesca de um palhaço"- na hora que Luci disse isso, eu me engasguei bruscamente com a minha saliva.

-" Menina, você está bem?"- perguntou Diane.

-" Er... Estou sim, eu só... me engasguei aleatoriamente"- não pode ser, meu amigo não é nenhum monstro, eu sei disso, ele só precisa... de alguém que o apóie e lhe dê a mão. E eu sinto que sou a única que pode fazer isso.

-" As madames aí já pararam de fofocar? Você, senhorita Andrew, já não está com a ficha muito boa comigo"- disse o ranço, opa, a professora.

-" Desculpe sra. Hudson, não vamos atrapalhar a aula novamente"- disse Lucille-" no recreio conversamos" cochichou. O que parecia ser uma simples aula de Física se tornou a aula mais longa da minha vida. Eu não dava a mínima para a aula dela, sei que eu deveria prestar atenção mas... não dá, é um saco! Depois eu pego o caderno emprestado com alguém. Deitei meu rosto na mesa e coloquei meus fones de ouvido até as três primeiras aulas passarem. Quando me dei conta, todos já estavam saindo para o recreio então ergui meu rosto me espreguiçando, olhando eu volta proucurando minhas amigas:

-" Uaah... Como foram os três primeiros horários, garotas?"- disse saindo da sala junto das mesma.

-" Normal, você dormiu?"- perguntou Katy.

-"Não, eu estava de fones de ouvido, não estava disposta a assistir as aulas..."

-"Indisposição? Logo no final do ano?"- disse Lucille.

-" Principalmente no final de ano que é quando toda sua paciência já se esgotou e tudo que você quer é ir para casa e dormir por uns cinco anos"- respondi guardando meu caderno no armário.

-" Então, voltando ao assunto, o que aconteceu com os caras foi tão bizarro, eles sumirem depois de ter ido caçar um monstro... Tem alguma coisa aí"- disse Diane.

-" Pelo que eu sei, esses caras não começaram a caçar monstro agora, eles são bem antigos"- disse Lucille mexendo eu seu IPhone-" Aqui, eles tem até um site onde eles postam todas as suas experiências sobrenaturais. Eles se intitulam amigos da morte, eles são 'Os Corujas de Chernobyl' "

-" Não são tão amigos da morte, pelo jeito"- Katy não vai para o céu. Confesso que eu ri.

-" Mas não se sabe se eles realmente morreram, podem estar perdidos ou coisa assim"- disse Diane.

-" Pois é, mas a polícia já está trabalhando no caso, estão fazendo uma ronda onde eles foram vistos pela última vez, na tal floresta"- disse Lucille. Preciso tomar mais cuidado quando eu for ver o Pennywise e também preciso avisa-lo sobre isso, dizer para ele se alertar mais, não quero que nada de ruim aconteça com o meu amigo. Depois da escola vou correndo para o esgoto vê-lo. Enquanto minhas amigas se divertiam com assuntos aleatórios no recreio eu só conseguia pensar sobre toda essa história, eu realmente precisava saber da origem do Pennywise. O que eu vi aquele dia não vai sair da minha mente, parecia ter saído de um filme de terror, dentes enormes, cadáveres no chão, sangue por toda parte...ah, não sei de onde eu tirei tanta coragem para chegar perto daquilo. Meus olhos poderiam está pregando uma peça em mim mas Pennywise disse para eu guardar segredo, então realmente aconteceu. De qualquer jeito, vou tentar ao máximo não dá pinta de que sei alguma coisa, melhor manter a postura senão as coisas podem sair um pouco do controle.