Melissa desligou rapidamente sob influência do desespero. Sua cabeça estava uma confusão, não sabia dizer se era um trote, uma brincadeira de mal gosto ou qualquer outra coisa inventada de sua mente criativa. Pensou em ligar novamente, mas desistiu. Era mesmo o irmão de Bill? Não poderia identificá-lo pela voz pois nunca tinha ouvido antes. Poderia ser outro Bill, pensou, mas isso não a convenceu. Resolveu voltar ao jardim e tentar agir o mais natural possível. Respirou fundo e saiu.
Sentado ao lado de Bill, se encontrava Darwin, aparentemente cansado de correr agora pois ofegava com a língua para fora. Bill lhe fazia um carinho enquanto isso.
Melissa forçou um sorriso ao se aproximar do mais alto:-"Tudo bem, Mel? Quem era?"- Bill pareceu perceber que o humor da garota estava diferente.
-"Claro, está tudo bem. Ligaram por engano."
Pov's Melissa
Não consegui me concentrar nas minhas atividades do dia por causa do que aconteceu mais cedo. Acabei quebrando um prato enquanto lavava a louça e adocei de mais o suco do almoço, mamãe ficou preocupada pois percebeu minha mudança de humor e minha frustração. Vigiei o telefone o dia inteiro para impedir que mamãe o pegasse e fosse aquela pessoa novamente. Mas ninguém ligou.
E se fosse realmente os irmãos de Bill? Como descobriram nossa localização? Será um 'poder bônus' que vem junto com esse gene sobrehumano? Bom, é um ótimo poder, mas não quero que levem Bill embora, ele é parte da minha família agora.
Certo, talvez eu tenho ignorado totalmente o que mamãe disse sobre ele ficar só por um tempo. E talvez eu seja um pouco teimosa também. Mas isso não importa.Na manhã de Domingo, eu e mamãe discutimos. Foi uma briga bem feia, foi sobre Bill, aquela mesma conversa de sempre, sobre ele não poder ficar mais e arrumar um outro lugar para morar. Fiz o que nunca pensei que ia fazer, lhe respondi de um jeito rude várias vezes. Então corri para o meu quarto, enfiei meu rosto no travesseiro e chorei. Chorei muito e berrei de raiva. Bill estava no quarto, mas acabei ignorando completamente. Os gritos saiam abafados, obviamente, então mamãe não podia ouvir, porém como Bill estava lá, pode ver minha birra, mas não importei e só continuei a chorar ainda mais.
Quando tudo se aquietou e eu parei de chorar, senti um toque leve no meu ombro. Virei meu rosto encharcado para meus olhos irem de encontro com Bill:-"Eu sei que foi por minha culpa... de novo."- disse praticamente sussurrando. Ele tinha uma expressão preocupada em seu rosto, mas ao mesmo tempo, tinha um leve sorriso. Acho que ele queria me confortar de algum jeito e mostrar que estava tudo bem. -" Queria que você se acalmasse um pouco para vir falar com você. Talvez eu não deva ficar, você me acolheu com muito carinho e eu serei eternamente grato, mas eu não posso..."
-" Não, Bill..."- levantei e segurei sua mão que ainda repousava no meu ombro. Limpei o último rastro de lágrima no meu rosto.- " Está tudo bem, nós ainda podemos... dar um jeito..."
-"Mel... Sejamos sinceros, já passou do tempo que Ema definiu que eu ficasse. Eu só estou... fazendo hora extra aqui."- riu. -" Eu sou um adulto estranho na casa de uma garotinha que eu conheci em um esgoto."
-" Você não é um estranho, é parte da minha família. Eu defini isso, e ninguém pode mudar."- disse com um tom de choro. Bill abriu a boca para responder, mas acabou a fechando novamente e apenas me encarou por alguns segundos antes de me dar um beijo na testa. Por um curto momento, me senti protegida por toda guarda americana em um simples e único beijo.
-"Eu admiro demais sua teimosia, vou sentir falta disso."
-"Para onde pretende ir?"- disse já me rendendo.
-"Ah, eu não sei. Talvez eu arrume um emprego na padaria do senhor Lee e pague um aluguel em uma casinha por aqui. Eu me viro bem, não existe lugar ruim depois do que eu já passei. Prometo ficar bem."- fiquei em silêncio digerindo tudo aquilo. Não sei se estava preparada para deixar o meu amigo ir, mas acho que ele já se decidiu e já é um homem crescido. Não é como se ele fosse um passarinho que eu manteria em uma gaiola, e sinceramente, eu não gosto de passarinhos em gaiolas. Você não prende o que foi feito para voar, certo?
-"Eu estive pensando muito nisso, sabe. Muito mesmo. Eu preciso recomeçar minha vida, agora que eu tenho a oportunidade, não posso desperdiça-la.
Vou conversar com Ema hoje para ver se ela pode me ajudar a... organizar minhas idéias."-"Entendo."- minha voz saiu trêmula e baixa. Não queria parecer triste com sua decisão de ir embora, mas foi inevitável.-" Saiba que em qualquer lugar que você esteja, você seja feliz.
E eu vou ficar muito feliz por você também."-"Obrigado."- sorriu.- "Acho que realmente vou precisar de um apoio moral. Tudo novo, sabe, é assustador."- concordei. Ficmaos em silêncio novamente.-"Ah, eu vou... falar com Ema."
Bill saiu enquanto eu me deitei novamente abraçada ao trevesseiro. Logo logo meu amigo iria embora e não tinha nada o que eu pudesse fazer.
Nem se eu quisesse, acho que já está na hora de eu aceitar a decisão de Bill, não posso sair fazendo pirraça por isso. Amigos são para isso, não é?
Do andar de cima, pude ouvir a conversa de Bill com mamãe, ela estava o ajudando no que fazer primeiro. Era uma conversa bem tranquila, eram quase sussuros. Mamãe sempre foi uma boa conselheira, espero que ele consiga se achar e se dar bem em seu recomeço. Estava tudo tão quietinho, não estava frio nem calor naquela tarde, simplesmente perfeito para um cochilo, então, não demorou muito para que meus olhos pesassem e eu adormecesse.
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Clown sweet clown
Gizem / GerilimCoisas estranhas andam acontecendo na cidade de Ruston em Louisiana. Crianças misteriosamente somem, sem deixar rastros e isso começa a preocupar e a alertar aos moradores da cidade. Relatos dizem que um palhaço assassino ronda os esgotos de Ruston...