Uma nuvem negra se formou

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Queria escrever um poema especial para o Pennywise pendindo desculpas por ter ficado tanto tempo fora, mas não encontrava as palavras certas, além de estar muito ansiosa para vê-lo novamente e lhe dar um super abraço. Deixei a folha e o lápis de lado, peguei o presente e corri para a porta. Mamãe me parou antes que eu pudesse sair:

-"Ei, ei, garotinha, para onde vai uma hora dessas? Pensei que estivesse cansada da viagem"

-" Eu preciso ir ver um amigo, por favor mamãe, me deixe ir"- supliquei. Ela franziu a testa.

-" É tão importante assim que não pode esperar para amanhã?"- acenei com a cabeça segurando a pequena caixinha em minhas mãos.-" Tudo bem, mas não é para demorar, okay?"

-"Obrigada mamãe! Prometo não demorar."- dei pulinhos de alegria e saí as pressas para o esgoto, esperando encontrar meu amigo dançarino por lá. Caminhei pela escura mata até chega a entrada igualmente obscura.

Pov's Autora

Os ouvidos do palhaço se alertaram assim que a garota deu seus primeiro passos dentro da ecoante entrada. A garota ficava cada vez mais próximo da pilha de brinquedos, mal conseguia conter sua animação e sua vontade de rever aquele local que lhe trazia tanta paz e sossego. Melissa chegou sorrateira por trás do palhaço que se encontrava sentado no chão, de costas. Porém, a icônica figura notou seus passos que tentavam ser manhosos, mas as pedrinhas que a garota pisava não ajudavam muito:

-"Se está tentando, por algum motivo, chegar de surpresa, saiba que não obteve sucesso. Ouvi seus passos desde que entrou por aquela entrada"- disse Pennywise, sem se mover.

-"Ah, tudo bem... Er... Eu senti sua falta"- disse meio sem jeito.

-" Não parece."

-"Ah olha, me perdoa por ficar todo esse tempo fora. Eu e mamãe saímos as pressas, foi tudo em cima da hora"- tentou se desculpar a garota.-" E-eu ia fazer um poema me desculpando mas eu não me aguentava de ansiedade de voltar para te ver"

-" Arrumou um amigo novo, não precisa mais de mim"- respondeu Pennywise.

-"F-fala do Lansky? Ah, não, ele é irmão da mamãe... Espera, como sabe do tio Louis?"- sem resposta do outro-" Não precisa se preocupar, não te..."- em um movimento rápido, o palhaço joga o livro que estava em suas mãos na pilha de brinquedos ao seu lado com furia, a garota se assusta, dando um pulo para trás. Ele se levanta e anda até onde Melissa está. A diferença de altura dos dois era assustadora:

-" Como eu pude ser tão idiota de confiar em você? Eu sabia que um dia você iria me abandonar, como todos os outros fizeram!" - Melissa, dessa vez, estava realmente assustada.

-"Eu não o abandonei, por favor, acredita em mim. E-eu apenas fiquei fora por alguns dias, mas pensava em você o tempo todo..."

-" Nada do que você me disser vai importar para mim agora, você é uma humana mentirosa e traiçoeira!"- os olhos da garota se encheram de lágrimas e não demorou muito para que as mesma escorressem pelo seu rosto.

-"I-isso não é verdade..."- dizia entre soluços.

-" Já vi lágrimas mais verdadeiras do que essas saindo de mim mesmo. É ótimo saber que todos da sua espécie não valem o chão que pisam"- os olhos do icônico ser se transformaram em um intenso amarelo-" Vá embora antes que eu te devore..."- Melissa recusou.

-" Eu não vou embora, v-você continua sendo o meu amigo..."

-"VÁ! AGORA!"- isso soou mais como um rosnado do que a sua voz normal. Seus dentes agora desproporcionais a boca, fez a tão assustada garota correr para fora daquele lugar em lágrimas. Já não se importava mais se seus tênis iam se molhar com a imunda água que cercava as passagens, ela só queria ir para sua casa e chorar ainda mais.
Pennywise, agora sozinho, ouvia seu interior discutir mais uma vez:

-"Como é ótimo estar de volta, não é?"

-" Não tenho palavras para descrever o quão idiota e ogro você é! Conseguiu espantar sua única amiga. Impressionante..."

-"Ah, fica quieto, ela não vai fazer falta. É muito melhor ficar sozinho"

-"Eu sei, melhor do que ninguém, que você adorava a companhia dela e só ficou bravo porque sentiu ciúmes dela com aquele outro cara que viu aquele dia. Vai desmentir agora?"

" Não dê ouvidos à ele, está tentando te enganar só para correr atrás dela e pedir desculpas"

-" Pois deveria! Você é um ingrato, eu pude sentir que ela estava te mudando"

-"Para pior, só se for"

-"Não ouça ele, ele quer te deixar pior"- de repente, o ser icônico soltou alto grito que ecoou pelo local:

-"Calem as malditas bocas!"- tapou os ouvidos com todas as suas forças. Se encostou na pilha de brinquedos e escorregou devagar até o solo-" Vocês querem me matar?"- sussurrou, tremendo como um cão assustado encolhido num canto.
Pennywise nunca sentiu algo tão forte como o que acabara de acontecer, na verdade, era a primeira vez que sentia algo tão intenso durante anos, tudo em seu corpo doía logo veio a vontade incontrolável de chorar. O palhaço resolveu caminhar pelas passagens, era o que mais lhe mantinha calmo naquela hora. Apenas o barulho dos pingos dos velhos encanamentos que se chocavam contra a água parada lhe fazia companhia agora.
Melissa corria pela estrada deserta e já escura, mal iluminada pelos postes ao redor. Seus olhos ainda cheio de lágrimas, embaçava o caminho a sua frente. Hora ou outra, a garota as limpava, porém as mesmas insistiam em voltar lembrando do que havia acontecido mais cedo. Chegando a um certo ponto da estrada, onde já conseguia ver algumas casas e comércios, Melissa parou de correr e apenas caminhava rumo à sua casa com os braços recolhidos por conta do frio. Com a cabeça cheia de pensamentos e culpa, ela não percebeu que passou em frente a um beco escuro onde havia sete indivíduos a espreitando da escuridão que emanava daquela viela. Os pensamentos da garota foram interrompidos abruptamente por uma mão gélida que a pegou pelo braço e a puxou para dentro daquele beco escuro:

-"Ei, o que é isso? O que está acontecendo?"- perguntava em desespero.

-" Fica quietinha senão vai ser pior para você..."- respondeu uma voz pesada e rouca.

-"N-não, me solte, me deixe ir embora!"- Melissa tentava a todo custo se libertar daquelas mãos que a segurava mas o homem que a lhe prendia tinha muito mais força que a garota. Logo, ela começou a sentir  outras mãos passarem pelo seu corpo enquanto ouvia as risadas daqueles caras tomarem seus ouvidos. Melissa se debatia e tentava gritar, mas sua voz saía abafada por uma das mãos que impedia que algum saísse da mesma. Foi um momento desesperador, seu coração acelerado parecia que ia parar a qualquer momento. Tudo o que se passava na sua mente agora era preferir a morte do que um estrupo coletivo.
Tudo parecia tão perdido para ela, até que, caminhando pelas passagens dos esgotos do outro lado da rua, Pennywise percebe uma movimentação naquela viela pouco iluminada. Ele se encosta na borda do bueiro e focou melhor os seus olhos na cena, até perceber que alí estava a sua amiga que necessitava de ajuda:

-"Melissa...!"- sussurrou. O palhaço deu um passo para trás desacreditado. Seus olhos tremiam diante daquela nojenta cena, até para ele. Não pensou duas vezes e correu passagem a dentro para chegar ao outro lado onde sabia que, naquele beco, havia uma tampa de bueiro. Melissa continuava a pedir por ajuda em uma tentativa falha de gritar, as lágrimas se misturavam com o suor de seu rosto por conta da batalha que travara no momento, a risada perversa daqueles homens nunca mais ia sair da cabeça da garota, soava como ritmo da dança da morte:

-"Vamos nos aproveitar desse pequeno corpinho"- disse um dos homens. Até que algo o lhe chamou atenção; uma movimentação estranha na tampa de esgoto que havia alí perto. Ela tremia como se alguém estivesse querendo sair dalí, algo a golpeava com muita força. O homem intrigado, chamou pelos amigo-" Ei, gente, o que é aquilo?"- rapidamente, os outros tomaram a atenção para a curiosa cena.
A cada segundo, as pancadas ficavam cada vez mais  fortes, até arranca-la e fazê-la voar para longe. Os homens se assustaram e foram alguns passos para trás, alguns puxaram canivetes e facas. Melissa aproveitou a situação e correu para o canto daquele beco, se encolhendo. Todos estavam esperando algo sair daquele buraco, preparados para enfrentar o que viesse.

Clown sweet clownOnde histórias criam vida. Descubra agora