O santo

790 89 57
                                    

— Esta melhor, meu filho? — a voz de minha mãe chegou aos meus ouvidos como se viesse de muito longe.

Olhei para o rosto bondoso e cúmplice. Ela devia saber o que aconteceu na noite anterior. Meu estômago ainda revirava só em lembrar. Acenei e desviei os olhos dela, ao mesmo tempo, fugindo do olhar inquisitivo de Laurie.

Ela estava me rodeando querendo saber o que ocorreu desde a noite anterior, quando me ouviu vomitar no quarto.

Eu não falaria sobre aquilo nunca, com ninguém. Era vergonhoso, humilhante e covarde.

Eu era um covarde.

Meu pai tinha razão ao dizer que eu era a vergonha de sua vida. Um erro impossível de corrigir.

A carruagem fez a curva e alcançou as terras de Martine. Minha futura esposa. Logo, seria ela a me depreciar e perceber que eu não era nada perto de um homem de verdade.

Martine foi extremamente gentil ao convidar minha mãe e irmãs para um chá da tarde, a fim de conhecê-las melhor. Eu fui para acompanhá-las e evitar me deparar com meu pai outra vez.

E ali estávamos.

— Uau!!!! — Coralie gritou assustando a todos enquanto abria as cortinas — é o lugar mais lindo que já vi na vida.

— Como se você conhecesse alguma coisa além das nossas terras, Cora! — Rosalie pilheriou a irmã.

Juliette abriu do seu lado e vi espanto em seus olhos.

— É o lugar mais lindo do mundo mesmo.

Todos olhamos para conferir. 

O caminho de flores coloridas nos levou até perto da porta do castelo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O caminho de flores coloridas nos levou até perto da porta do castelo. Uma serva nos conduziu. Surpreendi-me com a elegância e simplicidade do lugar.

Enquanto, em minha casa ostentavam luxo e artigos caros. Ali tudo parecia ter sido usado por gerações e cuidadosamente protegidos do tempo.

— Boa tarde, senhora! — Martine se aproximou e outra vez me senti impactado com sua presença.

O vestido rosa claro e branco lhe dava um ar quase angelical. Muito diferente da outra vez que a vi, quando exalava luxúria e pecado.

Ela abraçou minha mãe e a beijou em ambas as faces. Depois cumprimentou cada uma das minhas irmãs, por seus nomes. O que as deixou encantadas, em especial, quando fez pequenos elogios que pareceram sinceros.

— Meu noivo! — a voz rouca fez um arrepio percorrer meu corpo.

Meus olhos foram desviados para seus lábios cheios e avermelhados. Aquela sensação de dormência voltou, enquanto o calor se espalhava por cada fibra do meu ser.

Aquela era a Martine que eu me lembrava. Fogo e lasciva.

Tomei-lhe a mão que estendia e levei-a aos lábios.

A devassa e o santo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora