A Devassa

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ATENÇÃO: este capítulo contém a descrição de um parto natural

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ATENÇÃO: este capítulo contém a descrição de um parto natural. Não há violência de nenhum tipo, mas os detalhes são marcantes. Caso tenha sensibilidade com este assunto pule para os três últimos parágrafos.

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— Martine, graças a Deus você veio — o grito de Aina me despertou daquela paralisia causada pela cena de horror a minha frente.

Procurei-a e a vi segurando um homem que empunhava um objetivo metálico.

— O que... — tudo era confuso e minha mente estava lenta para assimilar o que ocorria.

O estranho empurrou Aina que caiu de costas e veio até mim. Suas roupas estavam sujas de sangue.

— Que bom que veio senhora! — falou de modo pedante — Sou um médico, estou tentando salvar esta mulher em trabalho de parto e essas criadas estão atrapalhando. Mande-as sair.

Ignorei-o e me voltei para Aina.

— Aina! 

— Eu estava com Aurelie e tudo evoluía bem, com dificuldades, mas bem. Esse... esse homem entrou aqui e começou a fazer e mandar coisas desnecessárias. Ela passou a sentir muito mais dor porque ele não me permitiu lhe dar as ervas. Agora esta exausta e não consegue mais fazer forças e o bebê não desce...

— Não...

— Cale a boca! — comecei a entender o que se passava ali, pelo minha amiga ainda estava viva — Continue, Aina.

— Agora ele pegou essa coisa aí e disse que iria tirar o bebê, mesmo que fosse aos pedaços, para tentar salvar a vida da mãe...

Só então olhei para o que estava nas mãos dele. Eu o vi uma vez, tinha sido inventado há algumas décadas por um tal de  Peter Chamberlen. Chamava-se fórceps e era usado para retirar o bebê a força, prendendo-se à cabeça da criança.

Objeto extremamente agressivo. Machucava de forma irreparável a mãe e, na maioria das vezes, o bebê tinha lacerações tão profundas no crânio que não sobrevivia.

— Saia daqui! — ordenei.

— Ótimo! Agora vou continuar meu trabalho — o médico deu dois passos, acreditando que eu mandava embora Aina.

— Você vai sair daqui agora! — apontei para ele — primeiro: é um homem e nem deveria se atrever a invadir este universo feminino. Segundo: é um imbecil, incopetente e arrogante que não sabe o que faz. Vai matar os dois se continuar...

— Você não pode... — pareceu se enfurecer

— Eu... — sorri sentindo o ódio mesclar-se a meu sangue — eu posso qualquer coisa que eu quiser. Se não sair agora, eu o tirarei a força...

— Você não seria capaz! Mais uma mulher histérica pensando que sabe algo...

Aquela conversa fazia eu perder um tempo precioso que deveria ser usado para salvar minha amiga e seu bebê.

A devassa e o santo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora