O Santo

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Entrei no quarto sem saber direito o que fazer. Soubera há pouco que mãe e filha estavam se recuperando. Martine tinha conseguido.

Lembrei-me do conselho de Adam, sobre não pensar demais e tirar conclusões. Havia tanto a falar com minha esposa.

A porta que dividia nosso quarto estava entreaberta. Ouvi barulhos e soube que estava lá.

Respirei fundo e bati de leve. Meu coração aos saltos por aquela pequena ousadia.

Logo ela estava na minha frente. Tinha se trocado e usava apenas roupas de baixo, o que revelava mais do seu corpo do que eu ja tinha visto.

Martine era naturalmente linda.

Ela não falou, o que era raro e estranho. Prescrutei-lhe a expressão e vi que estava séria e abatida.

— Estou tão cansada — choramingou manhosa.

Antes de poder raciocinar, minhas pernas me levaram até ela e meus braços a enlaçaram, trazendo seu corpo miúdo para meu peito.

Martine se aconchegou em mim, pousando a cabeça no meu ombro.

Ficamos ali, esquecidos do tempo, um casulo perfeito e protegido do mundo.

— Sei que esta cansada, mas preciso lhe falar.

Ela se afastou para me fitar e quase desisti. A vontade maior era trazê-la de volta aos meus braços.

— Não pode ser amanhã? — murmurou

— Por favor... — pedi antes de perder a pouca coragem que tinha.

— Tudo bem! Exijo apenas duas coisas — sorriu cansada e sorri de volta. Não seria ela se não impusesse regras  — vamos para minha cama e quero continuar no seu colo.

Olhei-a confuso e um misto de sensações perpassaram meu corpo. Era tudo o que eu queria e temia.

— Venha meu doce e inocente marido — puxou-me pela mão e apenas me deixei levar — Hoje nem se me pedisse eu conseguiria atacá-lo

Ela puxou os cobertores e me mandou deitar encostado na montanha de travesseiros. Em seguida, deitou-se ao meu lado. Voltou a cabeça para meu ombro, a mão descansando e queimando sobre meu peito.  Envolvi seus ombros e a abracei. Tudo pareceu se conectar, como se sempre estivessemos assim.

Como se não bastasse, pousou uma das pernas entre as minhas, encaixando-se em mim.

Todo meu corpo reagiu. Senti que enrijecia e não consegui ocultar um suspiro.

Percebi que sorriu contra meu peito.

— Eu adoraria te provocar e te experimentar mais, Benjamin — sussurrou — mas agora estou usando minhas forças para me manter acordada. Então, controle suas partes íntimas e comece a falar, garoto.

Ela deu ênfase na palavra garoto e compreendi que estava implicando comigo.

— Sim, senhora! — devolvi-lhe e rimos. Aquelas palavras tinham provocado nossa primeira pequena discussão no dia que nos conhecemos.

— Quer falar sobre o que viu naquele quarto hoje? — como fiquei em silêncio, ela tentou ajudar.

— Também! — suspirei — por favor, tome aqueles chás que você falou ou me dê que eu tomo, mas nunca quero ver você passar por aquilo. Espero que não seja tarde e você não esteja grávida...

— Por que eu estaria grávida, Benjamin? — Martine ergueu os olhos curiosa.

— Bem... — senti que ruborizava ao pensar em como tínhamos nos tornado íntimos naquela noite — mais cedo... nós...

A devassa e o santo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora