O mundo de Maven Calore é divido pelo sangue: vermelho ou prateado. Maven e sua família são prateados: a família real, a elite destinados a governar os plebeus e o resto da população.
Sendo o segundo filho do rei, Maven, o filho esquecido, sonha em...
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A PREOCUPAÇÃO PAIRA PELO SEMBLANTE DELA. Seu amigo já está aqui, usando a roupa vermelha dos criados do palácio. Mare realmente se importa com o vermelho. Fico me perguntando se eles já tiveram algo, mas acho que a vermelha só o considera um bom amigo, ou um quase irmão.
Quando conduzi ela para o canto da pista, Kilorn, o amigo de Mare aparece nos oferecendo bebida. A vermelha dispensou antes de reconhecê-lo.
— Esta roupa pinica — ele resmunga baixinho ainda segurando a bandeja cheia de champanhe.
— Bom, você não passará muito mais tempo com ela — comento. — Está tudo certo? — tento não soar ansioso. Esperei tanto tempo por isso.
O vermelho assente, olhando para além da multidão.
— Estão todos prontos lá em cima.
Acima de nós, os sentinelas preenchem um patamar que circunda as paredes. Mas acima deles, nos nichos das janelas e nas pequenas sacadas próximas ao teto, há sombras que estão longe de serem sentinelas.
— Você só precisa dar o sinal — complementa Kilorn, ainda com a bandeja de cálices na mão.
Endireito minha postura. Coloco minha mão no ombro de Mare. Seu nervosismo parece aumentar. Sabe que sua hora está chegando.
— Mare?
Vejo ela engolir em seco.
— Estou pronta — confirma, a voz controlada. Mas sei que ela está mais nervosa do que qualquer um, e também compreendo seu nervosismo.
Espero que tudo dê certo. Pelo menos, desta vez.
Ela está tremendo. Não sei se é porque finalmente deixou seu poder fluir em seu corpo, ou se ainda teme o que acontecerá. Matar pessoas indiretamente ainda é algo que não havia passado pela sua cabeça. Mas por que pensar tanto se são apenas prateados que, para vermelhos como ela, são escória?
Seu amigo some pela multidão após pedir "um minuto". Muitos não vão possuir esse tempo todo, assim espero. Mare o acompanha com o olhar, olhos escuros esperançosos. Mal sabe que devia se preocupar consigo mesma.
Com um último olhar, me viro e caminho em direção à minha mãe. Mesmo de costas sei que Mare está indo para o centro do salão. Contando cada segundo que passa. Aguardando sua deixar para dar início ao caos.
— Algo te incomoda? — questiona minha mãe assim que chego.
Sei o que o verdadeiro significado de sua pergunta.
— Não. Estou bem — respondo me referindo que o plano está sendo executado no momento e que por enquanto não houve nenhum contratempo.
Elara sorri.
— Fico feliz, filho.
E eu por ela não ter perguntado mentalmente. Bem. Felicidade é algo passageira.
