A vida é realmente uma falha da humanidade. Longos e longos anos vivendo por sermos programados para sobreviver dia após dia. E para quê?
Para sofremos dia após dia, sangrarmos até quase morrermos, mas conseguimos aguentar mais um pouco, porque, bem lá no fundo, gostamos de sentir dor. É reconfortante, é a certeza que ainda estamos vivos. Dor é o combustível que nos mantém em nossa programação.
Alguns dias, temos a sorte de receber um pouco mais de dor do que nos outros dias. É um dia especial, a dor é insuportável, mas como eu disse, nos mantém acordados, nos mantém vivos.
E agora eu estou recebendo minha dose diária. Hoje é um dia especial.
Ele está beijando ela. Mesmo sabendo que Mare é minha noiva. E o que dói mais: ela está correspondendo com a mesma paixão que Cal.
Não acredito que meu próprio irmão está me traindo. Meu coração se contorce em agonia, ele parece queimar com as chamas da dor.
Como eles tiveram coragem!? Estão me apunhalando pelas costas. Quase rio pela ironia. Eu tramando traí-los, e eles que me traem.
Cal está acabando comigo. Ele e Mare. Como eu fui burro por acreditar que ela poderia me amar, mas por que eu queria isso?
Eu devo ser fraco como a minha mãe fala. Devo ver amor onde não tem, procuro onde não há.
Cal não merece nem a minha pena. Ele merece morrer, ter a morte mais horrenda possível, merece dor, dor física e mental. Ele merece sofrer mais do que todos.
Ele merece o meu ódio, todo o meu rancor, tudo o que eu tiver de ruim. Absolutamente tudo.
Assim como Mare, ela merece ser enganada, merece ser traída por mim, merece ser uma rata vermelha.
Ela… não merece o meu amor.
Não merece nem a culpa que eu sentia por estar a traindo, penso com rancor e amargura.
A vontade de chorar não vem. Só a dor, crua. E eu não consigo desviar o meu olhar do monitor, mesmo depois de minutos do beijo ter acabado e eles terem ido embora.
— E agora? Está satisfeita? — quebro o silêncio, minha voz sai quase como um rosnado feroz.
— Estava esperando por isso há muito tempo, querido. —, sua voz é fria como gelo. — Você vai ver, quando estiver com a coroa, esta dor não estará mais em seu coração, não irá sofrer por ela nem por Cal — a desprezo em sua voz. Engulo em seco, incapaz de dizer alguma coisa, apenas quero ouvi-la, não quero ouvir a dor, não quero. — E tem dores que vem para o bem. Olhe pelo lado bom: você descobriu antes de casar com ela, e agora poderá ver que não precisa sentir remorso por causa deles. — ela faz carinho em meus cabelos, o toque frio me conforta um pouco. — Eles não merecem o seu amor, não merecem— diz em um sussuro fervoroso.
Suas palavras entram em meu coração quebrado, ficando por lá.
Elara tem razão. Não devo sentir nada por eles. Não vou trair minha causa assim como Mare acabou de fazer.
— O que fazeremos agora?
— Simples: iremos jogar com eles, como em um jogo de tabuleiro: eles são as peças e nós os jogadores que os controlam.
Minha mente está turva demais para eu conseguir raciocinar direito. Tudo que eu consigo pensar é na dor que estou sentindo. Sentir dor é tão comum para mim, que eu até já me acostumei com ela, mas ainda dói como se fosse a primeira vez que me feriram.
— Me explique o seu plano mirabolante, mãe. Não sou adivinha.
— Não é um plano mirabolante, é um plano planejado há muito tempo, um plano minucioso.
Solto um sorriso amargo.
— Diga logo o que está pensando em fazer.
Ela me lança um olhar cortante.
— Não use esse tom para falar comigo, eu sou a sua mãe.
— Você não tem um pouco de consideração comigo? Pelo menos um pouquinho, não está vendo que eu estou sofrendo? Acabei de ser traindo por uma vermelha insignificante e pelo meu próprio irmão! — explodo, as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.
Esfrego o meu rosto com força. Acho que irei enlouquecer! Dói. Tudo dói.
Continuo com minhas mãos em meu rosto, a postura de um fracassado: jogado na cadeira, escorando os cotovelos nas pernas com as mãos escondendo o rosto, chorando, o cabelo provavelmente desarrumado e o coração em pedaços.
— Se estivesse me ouvido, não estaria assim! Como um fraco, igual ao seu pai.
Não tenho forças para nada, estou frustrado e quebrado. Não quero discutir, mesmo querendo gritar com ela, descontar nela o que estou sentindo, apenas quero sumir.
Sumir, sumir, sumir…
Tiro minhas mãos do meu rosto.
— Essa é a última vez que me verá assim. — declaro, uma promessa que faço para mim mesmo. — Ninguém nunca mais irá me fazer chorar, nunca mais.
Olho para ela, que me encara de volta. Um sorriso quase orgulhoso em seus lábios.
— Tem certeza? Foi apenas um beijinho que você viu e já ficou assim, realmente acha que irá esquecer do dia para a noite?
— Já esqueci coisas piores, e você sabe disso. — não consigo esconder a amargura em minha voz. — Eles não me fazerão quebrar. Não irão!
— E como pode ter certeza disso?
Minha expressão deve ter mudado, se tornado mais sombria, pois vejo um brilho de vitória passar pelos olhos gélidos dela.
— Porque eh irei quebrá-los primeiro.
Sua sobrancelha se arqueia em uma mistura de dúvida e desafio.
— Até mesmo seu querido irmão?
— Principalmente ele. — quase me assusto com a forma sombria com que falo, a certeza que emana de cada palavra.
Está enraizado em meu ser. Se eu tiver que matar Cal com minhas próprias mãos, assim farei, com a frieza que ele merece. E se tiver que me livrar de Mare, fazerei com o maior prazer.
Quero vê-los sofrerem.
— É isso que eu queria ouvir desde o começo, querido. — sua voz agora é suave. — Agora sim, está agindo como um verdadeiro prateado.
É. E agora eu me sinto inteiramente prateado, no sangue, e no que sobrou do meu coração.
Eu sei ksksks muito curto sksksk. I'm sorry, mas foi o que consegui skks espero que tenham gostado mesmo assim ksks
E me desculpa pela demora. Eh demorei? Ksksks
Bom, não sei quando volto, como sempre ksksksk
VOCÊ ESTÁ LENDO
King Of Shadows - Maven Calore and Mare Barrow (1)
FanficO mundo de Maven Calore é divido pelo sangue: vermelho ou prateado. Maven e sua família são prateados: a família real, a elite destinados a governar os plebeus e o resto da população. Sendo o segundo filho do rei, Maven, o filho esquecido, sonha em...