O mundo de Maven Calore é divido pelo sangue: vermelho ou prateado. Maven e sua família são prateados: a família real, a elite destinados a governar os plebeus e o resto da população.
Sendo o segundo filho do rei, Maven, o filho esquecido, sonha em...
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ODEIO QUE ELE ME TREINE. Não é a sua obrigação. Se eu não o conhecesse bem, pensaria que é outra forma de me mostrar quão bom é em tudo, e o quanto sou fraco. Além de futuro rei de Norta, será um ótimo general, um guerreiro mortal em combate. Cal nasceu para comandar e ter tudo.
— Não deixe ser encurralado.— ele diz pela terceira vez apenas hoje. Sua voz combinando com a sua postura.
Reprimo um rosnado para mim mesmo. Estou cansado de sair perdendo. Não sou bom em me defender, pelo visto em atacar também não. As chamas estão dançando em minhas mãos, esperando serem lançadas em direção ao meu irmão. Quero queimá-lo vivo, mesmo sabendo que não conseguirei, não custa tentar. Mais focado do que antes, tento manter a minha expressão concentrada tentando pensar em um jeito de sair do canto da sala em que estou. Cal é ótimo em prever qual será o meu próximo passo, uma das razões dele preferir se defender ao invés de atacar. Ele sabe exatamente a hora certa de me massacrar.
Do outro lado da sala de treinamento, ele está esperando que eu o ataque, se afastou de mim, me dando a oportunidade de sair, como se eu precisasse dessa colher de chá. Não há um resquício de superioridade em sua face, mesmo sabendo que vencerá. Está apenas com o seu olhar duro e a expressão séria, pronto para qualquer golpe que eu tente desferir nele.
— Estude o seu adversário, não entregue o jogo logo de cara, Mavey — ele explica como um general explicando pela décima vez a mesma coisa para o seu soldado burro.
Acontece, que eu não sou nem um pouco burro. Foi um equívoco ter entregado que estou conseguindo controlar mais fogo do que antes e que ele está mais forte. Tenho certeza que será a última vez que cometerei o mesmo erro.
Uma fina camada de suor se acumula em minha pele causado pelo tempo em que estamos treinando. Meu irmão perfeito está do mesmo jeito que entrou, para ele esse treino não passa de uma mera diversão para os seus dias cansativos. Olho para o meu adversário como um predador olha a sua presa quando está prestes a destroçá-la.
E sentido ondas de calor se expandindo de dentro para fora de mim, avanço em sua direção com tudo o que tenho.
Muita vontade de vencer. Mesmo sabendo que em uma luta contra ele nunca vencerei. Não esse tipo de luta.
Parecendo prever os meus movimentos nada calculados, Cal desvia da bola de fogo que lanço contra ele como se não fosse nada. Absorve todo o fogo que lanço em sua direção sem esforço algum, enquanto eu estou no meu limite.
Sua expressão facial diz que ele espera mais do que isso de mim. Rosno para mim mesmo. Sou incapaz de conseguir alcançar o que o meu irmão quer de mim, quem dirá do meu pai? Quando conseguirei fazer ele se orgulhar de mim?
— Tente se defender e atacar da melhor forma. Use a inteligência que você tem a seu favor.
Estou esgotado. Minha inteligência não me dá mais força. Ser inteligente me faz saber a hora certa de parar. E essa hora chegou. Não aguento mais perder para ele.
