7 dias

Me ajude...

Ana narrando

Depois de tanto chorar eu decidi ligar para aquela moça de novo, eu não sei mas... A voz dela é tão calma, mansa, que transmitia uma paz para mim. Ela talvez possa me ajudar.
Eu já estava completamente fraca. Já estava ali fazia horas e para piorar o sol estava se pondo.
Peguei o celular e comecei a discar o número dela.

Lucia narrando

O sol já estava se pondo, era por volta das 17:30. Dês da hora da entrevista com o pastor eu estava nas nuvens. Deus está contando comigo. Ele me escolheu.
Como era domingo eu fiquei aquela tarde em casa. Não teria nenhum evento da FJU naquele dia.
Eu estava indo tomar um banho quando meu celular toca :

Ligação: Número desconhecido

Eu_ Alô?
Desconhecido_  Por favor.... me ajude.
Eu_ Quem está falando?
Desconhecido_ Meu nome é... meu nome é...
Eu_ Está tudo bem? Quem é que está falando?
Desconhecido_ Meu nome é Ana. Me ajude por favor eu já não aguento mais esse vazio dentro de mim. AAAI. minha perna...
Eu_ Você está machucada? Não é um trote não né? porque se for eu vo...
Desconhecido_ Não! Não é um trote por favor não desliga. Eu estou sim machucada. Essa dor dentro de mim me fez querer me matar. ( Barulho de choro). Mas nem pra isso eu sirvo.
Eu_ Calma, não fala assim. Eu estou aqui com você, vou te ajudar, não só com essa dor física mas principalmente esse seu vazio.
Desconhecido_ Como? COMO? Eu já tentei de tudo, de tudo mesmo, e nada. Nada adianta.
Eu_Mas você já tentou ir até Jesus?
Desconhecido_ Jesus? Por que ele me ajudaria? Por que? Logo eu, que já fiz tantas coisas erradas.
Eu_Ele não olha para os seus erros. Ele olha pra você. Só pra você. Ele quer te ajudar. Deixe ele te ajudar.
Desconhecido_ Eu não mereço... AIAIAI... ME AJUDA POR FAVOR EU NÃO AGUENTO MAIS.
Eu_Só me diga onde você está?
Desconhecido_ Pe.. nhasco...
Ligação encerrada.

Meu Deus! Penhasco? Ela pode estár em qualquer lugar do mundo, em qualquer penhasco!!!

Não! Não importa! Ela pode está do outro lado do mundo, eu vou salvar essa alma.
Saio disparada até o computador e começo pesquisando na Internet penhascos próximos a minha cidade.
Só achei um. Era uma penhasco muito, mas muito perigoso numa cidade pequena próxima a minha. Ficava a 2h e meia da onde eu moro.
OK. eu vou esperar o outro dia e irei lá, já que já está quase anoitecendo.

NÃO! Ela disse que estava machucada. Ela deve está em perigo, com frio.
Mas será que ela sobrevivirá até eu chegar lá?
Tá amarrado!!! Em nome de Jesus ela vai ficar viva até eu chegar lá.

Troco de roupa rapidamente. Pego minha bolsa e meu celular.
E saio.
Vou para a rodoviária da minha cidade e pergunto como faço para chegar até aquela cidade e me informarão.
Graças a Deus tinha um ônibus indo para lá que sairia da rodoviária em 5 minutos.
Esperei, entrei. E segui viagem.
Depois de 2h e meia, cheguei aqui na cidade. A cidade se chama Nova Ninive. Muito legal o nome kkkk. Mas ok.
Desci do ônibus e fui perguntando a várias pessoas estavam passando pela rua onde ficava esse tal penhasco chamado " A Beira de Ninive".
Me informaram e então eu comecei a correr.
Eu não tinha outra opção, ou eu corria e chegava a tempo ou ela morria e a alma dela iria para o inferno.
Corri, Corri, e corri. Comecei a pensar na minha conversão. Pensei de como eu era antes. E como Jesus me transformou. Ele também a transformaria. Se eu correr mais rápido eu chego lá mais rápido e poupo o sofrimento dela.
Então eu corri. Corri como nunca havia corrido antes. Até que eu cheguei em frente a cerca que divida a rua do penhasco.
Respirei fundo. Estava eufórica. Meu coração parecia que iria sair pela minha boca. Olhei para os céus e disse:
_ Se o Senhor, me trouxe até aqui,foi com certeza para salvar essa alma. Te peço Pai. Me instrui. Me ajuda.

E pulei a cerca. Comecei a da passos em direção a beira do penhasco e a cada passo que eu dava eu sentia um vento muito forte. Comecei a sentir frio. Abracei ao meu próprio corpo e segui andando. Bem devagar. Até que cheguei na beira do penhasco. Era fundo, muito fundo.
Me afastei. Aquilo era demais pra mim. Eu tinha muito medo de altura. E olhar pra aquilo tão fundo me fez ficar um tanto tonta.
Respirei fundo e olhei de novo. Quando eu a vi.
Ela estava com um casaco preto, e um short que não dava pra ver a cor já que tudo em volta dela estava completamente cheio de sangue.
Ela era pequena. Parecia estar sentindo muita dor. Sim, Ela estava viva. Ela mexia seus braços numa tentativa de se levantar. Mas nada. Ela não conseguia. Até que tomei coragem e gritei:

Eu_ ANA! ANA! EU ESTOU AQUI. SOU A MOÇA DO TELEFONEMA.
Então, com uma voz muito fraca e quase imperceptível ela disse:
Ana_Que bom. Me ajude antes que seja tarde. Antes que eles me....
Eu_ ANA?? MEU DEUS. ANA?? VAI FICAR TUDO BEM.

Sai correndo desesperada. Pulei a cerca. Gritei por ajuda e imediatamente várias pessoas vieram. Ambulâncias, Bombeiros, polícia. E muitas outras pessoas.
Foi uma guerra para conseguirem tirá-la daquele penhasco. Foi quase 4 horas tentando. Até que graças a Deus conseguiram.
Quando a puxaram, ela estava inconsciente. Seu pulso praticamente não batia.
A suas penas. Quebradas. E seu osso da bacia saiu para fora e feriu outra parte do corpo dela. Foi o que o médico disse para mim. Ou pelo menos oque eu entendi. Eu estava em estado de choque. Vê-la assim me deixou muito triste. Mas naquele momento veio uma certeza dentro de mim. Uma certeza que Deus era comigo e que ele estava no controle da situação.
Fui para o hospital, acompanhando ela na ambulância.
Os médicos disseram que ela não tinha nenhum parente. Sua mãe, havia morrido a 6 meses atrás. Seu pai, era morador de rua por conta do vício de drogas. Ela não tinha Avós, tios, ninguém. Só a mim.
Eu_ Médico, eu já tenho 18 anos. Pode colocar meu nome como acompanhante dela. Eu estarei aqui, sentada na recepção esperando qualquer notícia dela. Cuide bem dela. Dê o seu melhor para salvá-la.

Disse tudo isso calma e com um sorriso no rosto.
O médico não entendeu bem o porquê do meu sorriso. Já que aquela não era uma situação boa. Mas logo depois assentiu com a cabeça e saiu.
Ela seria levada para sala de cirurgia.

_ Eu vou salvar essa alma, eu vou salvar essa alma, eu vou salvar essa alma.
Era oque eu repetia várias e várias vezes enquanto andava de um lado para o outro na recepção. Já tinham se passado 3 horas. Até que uma enfermeira veio até a mim e disse :
_ Com licença, a senhorita é a acompanhante da Ana Tavares? Lúcia Ferreira não é?

Eu_ Sim Sim, sou eu. E aí? Notícias?
Enfermeira_ Venha comigo por favor.

Comecei a segui-la até que fomos a encontro do médico que fez a cirurgia da Ana. E a notícia. A, a notícia não foi a melhor.