Dose dupla

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Ana narrando

Parecia que eu estava dormindo. Nesse tempo em que eu fiquei de coma eu vi coisas terríveis. A todo momento era anjos e demônios rodando a minha cama. Os anjos ficavam na beira na minha cama e os demônios atrás deles. Eu ouvia coisas horríveis e pude perceber que as vozes em que eu ouvia durante anos da minha vida vinham desses demônios.
Eu ouvia a voz da Lúcia. Podia ouvir ela conversando comigo. Ela contou várias coisas sobre ela e sobre Jesus também.
Em um certo momento eu vi tudo escurecer. Era uma escuridão que parecia não ter fim, acompanhada de gritos de dor. Eu ouvia várias gargalhadas e vozes me dizendo " Você é minha! Maldita". Eu pensei que aquele seria o meu fim. Até que eu vi a luz. Uma luz que acabou com toda aquela escuridão e eu pude ouvir a voz da Lúcia.
Ela falava muito, mas muito alto. Ela tinha certeza na voz e uma ousadia. Até que eu acordei.
Eu acordei e não sentia nada, nenhuma dor sequer no meu corpo. Mas a minha alma ainda estava triste, o meu peito ainda era vazio.
  Até que depois de muitos médicos e enfermeiras em cima de mim eu ouvi uma voz que me era familiar. Era a Lúcia. Ela era linda. Tinha seus cabelos um tanto cacheados pretos, sua pele branca como a nuvem e seus olhos que transmitiam paz. Ela me disse coisas que pareciam ser palavras de vida. Disse que minha vida poderia mudar, e eu só tinha que conhecer a Jesus. Eu aceitei. Claro! Eu queria ser feliz, queria ter uma vida nova. Até que ela fez uma oração em mim e eu me senti leve. Estava em paz. Meu interior era outro. Aquele vazio já não era angustiante. Aquela dor na alma já não existia mais. Se conhecer a Deus era ter toda essa paz, eu me entregaria a Ele.
   Depois de vários exames e muitas perguntas os médicos me deram alta do hospital. Eu não tinha um plano de saúde mas eles fizeram questão de fazer todos os exames necessários e no final cobriram tudo.
  Levei a Lúcia até minha casa. Como é bom sentir o vento em meu rosto. Como é bom ver a luz do dia. Chegando em minha casa sentamos eu e a Lúcia e ela me contou tudo oque tinha acontecido com ela durante essa semana. Também me disse que tinha sacrificado o seu uniforme porque Deus tinha pedido a ela para me salvar. Eu na hora não entendi muito bem mas ela me explicou e tudo ficou bem mais fácil. Quando ela disse que a consagração seria no domingo, ela disse com uma aparência um tanto triste. Aquilo era importante pra ela. Enquanto ela me dizia tudo uma voz dentro de mim me disse:
_ De a ela oque você tem.

  Na hora eu não entendi da onde veio aquela voz. Mas lembrei da Lúcia dizendo que Deus tinha falado no íntimo dela, lá dentro dela. E foi exatamente assim que aconteceu comigo. Deduzi que aquela voz era de Deus, e de fato era mesmo.

Eu _ Lúcia, só um estante.
Fui no meu quarto abri a gaveta do meu armário e lá tinha um valor que eu estava juntando a muito tempo e eu nem sabia para oque era. Apenas juntava. Eu não sabia orar. Não sabia a maneira certa de falar com Deus. Então me sentei na cama e disse:

Deus. Eu não sei como dizer isso porque é a primeira vez em que eu falo com você. Um voz me disse para fazer isso e eu tenho certeza de que essa voz é Sua. Então por favor, faça com que a Lúcia aceite. Tchau Deus.

Sai do quarto e fui até onde a Lúcia estava e disse:
_ Lúcia, em todos esses dias em que eu fiquei de coma eu pude ouvir a sua voz. Pude ouvir tudo que vc me disse. Obrigada, obrigada de verdade por não desistir de mim. Obrigada por me ajudar a achar o meu verdadeiro caminho. Agora eu sei o quanto esse "uniforme"  de obreira é importante pra você. Era a sua vida e você deu a Deus para mim salvar. Eu não sei muito bem oque é ser obreira, só sei que é ser serva de Deus e poder ajudar outras pessoas como você mesma disse. Quero te dizer que você não precisa de um uniforme para ser uma "obreira", o que te faz uma "obreira" é o seu caráter e o seu amor em ajudar as pessoas.
Eu não tenho como agradecer vc por ter me salvado. Só tenho uma maneira de te agradecer.

Digo estendendo o valor para ela
_ Toma Lúcia, vá, e se der tempo compre o seu uniforme. É o mínimo que eu posso fazer por você.

Lagrimas caiam do rosto da Lúcia. Ela parecia muito feliz.
Lúcia_ Ana, muito obrigada, mas eu não posso aceitar...
Eu_ Você precisa aceitar Lúcia. É o mínimo em que eu posso fazer pra te agradecer. Você salvou a minha vida. Me apresentou um Deus que me salvou. Aceite por favor, eu passei muito tempo juntando esse dinheiro que eu nem sabia para oque era. Mas agora eu sei. Era pra você. Aceite.
Lúcia_ Muito obrigada Ana.

Ela me abraçou bem forte e depois de um tempo ela teve que ir embora. Eu estava tão feliz. Eu queria mais, mais daquela paz.

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