Contos de uma Lady

Levada

— Bom dia, Senhor.

            David sorriu, arrumando a manga da camisa.

            — Bom dia. Sabe onde está minha mulher?

            — A senhorita Debury está na mesa. Acabou de chegar.

            Acabou de chegar? Por onde andou depois de levantar, então?

            Ele ergueu uma sobrancelha, em dúvida para si mesmo.

            — Obrigado. Isso é tudo.

            Ele seguiu para a sala onde Helen deveria estar tomando café. Atrasada, se for ver pelo horário em que se levantou. Ao abrir a porta, David arregalou os olhos. Haviam livros em cima da mesa. Muitos, aliás. Helen estava em pé, andando pelas laterais da mesa, indo de livro em livro, como se estivesse pesquisando algo em cada um deles ao mesmo tempo. A visão o deixou sem ar.

            — Bom dia.

            Helen pareceu se assustar.

            — Oh céus, David. Me assustou. — Ela arrumou uma mecha de cabelo atrás da orelha, sorriu e voltou a encarar os livros. — Bom dia.

            Ele terminou de arrumar as mangas e se aproximou dela.

            — Porque não me acordou quando se levantou? Eu desceria com você.

            Ela anotou algo em uma página e pegou uma xícara para beber um gole de café, pelo cheiro, ele percebeu.

            — Não queria te incomodar. Estava num sono tão gostoso.

            David se apoiou na mesa, sobre os livros e começou a tentar ler o que eles diziam.

            — Sim, dormi maravilhosamente bem. Quase não me levanto e a culpa é totalmente sua.

            Helen ia protestar, mas então entendeu ao ver o sorriso malicioso nos lábios do marido e corou.

            — Você também tem parte nisso. Não me culpe sozinha.

            Ele pegou um dos livros e virou para ele, sem tirá-lo da mesa.

            — Jamais diria que não tenho parte da culpa, eu participei, mas sua performance foi digna de horas de descanso. Você acabou comigo, Sta. Debury.

            Ela suspirou.

            — Acabei.

            Ele riu e a encarou.

            — Completamente.

            Ela alcançou outro livro, achando graça.

            — Então o senhor não tem mais energias para mais.

            Ele estreitou os olhos.

            — Eu não disse isso.

            — Foi o que eu entendi, Sr. Debury.

            — Então acha que preciso lhe mostrar que está errada?

            Ela levantou o olhar para ele, que a olhava com olhos divertidos. Deus do céu, David é tão bonito... com o cabelo úmido pela mania de lavar o rosto e ensopar o cabelo para o manter alinhado, mas sempre lhe escapavam uns fios. Era a visão mais quente que ela vira em anos.