Desejos - I

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Não pensei duas vezes.

Segui para dentro da carruagem tão rápido que ninguém poderia se quer notar que eu estava ali antes de Henry chegar. Ele pareceu notar a velocidade extraordinária que atingi para entrar tão rápido. O ouvi sorrir do lado de fora.

Não pensei em mais nada... em nenhuma pessoa endiabrada que poderia me ver entrando na carruagem de Henry. Na verdade, não pensei em absolutamente nada além do que eu já havia pensando na noite anterior.

Que os Deuses me ajudem. Estou mesmo aqui.

Terceiros nessa história estão com votos a menos em minha consciência. 

Bom... depende do que acontecerá quando Henry entrar.

O invoquei.

A porta rangeu e ouvi a risada de Henry, terminando uma conversa com alguém.

Será que me viu?

Não poderia, eu analisei muito bem minha volta antes de me esgueirar rapidamente para cá. Deve ser alguém que ele avistou de longe, mas mesmo assim me abaixei o mais no canto que consegui, tirando qualquer sinal que vestido que daria alguém a ideia de uma mulher ali dentro.

Meu coração batia tão rápido que os cavalos poderiam estar escutando.

"Juízo nunca foi meu forte" foi o que ele me disse, logo, significa que não tem intenção alguma de resistir.

Oh.

Resistir a quê?

Henry entrou e fechou a porta. Ficamos em silêncio por quatro segundos e então ele me encarou. Pisquei algumas vezes e ele sorriu. Não de um jeito terno ou educado. Foi um sorriso com algo a mais. Um sorriso perigoso. Um sorriso que me faria tremer as pernas se não estivesse sentada.

— Por que está encolhida aí? — Henry perguntou ao dar dois socos leves no teto para que o cocheiro seguisse.

— Não queria que ninguém tivesse chance de me ver.

— Acha que eu daria a chance de alguém a ver aqui além de mim?

Encarei seus olhos que brilhavam com uma malícia misteriosa.

— Ainda não dou total certeza de confiança... o senhor poderia querer me difamar. — Eu disse ironicamente.

Ele juntou as sobrancelhas e colocou a mão no peito, mentindo uma indignação. — A senhorita me insulta!

Sorri. — Ora, que ultraje! Queira me perdoar.

Ele sorriu e a tensão baixou um pouco.

— Venha cá.

Eu não sei como ou porquê, mas meu corpo respondeu ao chamado dele às pressas. Henry pegou um dos meus pulsos e puxou devagar para si. Fiquei entre suas pernas e cruzei os braços em sua nuca. Ele passou um dos braços pelas minhas costas e firmou o braço em minha cintura. Abri minhas pernas e me sentei em seu colo, como se estivesse em uma montaria.

Não faço ideia de onde saiu todo esse atrevimento, só sei que me atrevi a deixá-lo me colocar nessa posição, que se eu dissesse que não é confortável, estaria mentindo.

Henry estava sorrindo e olhava para meus olhos com a cabeça para trás. Eu o olhava de cima, já que a posição me deixou um pouco mais alta.

— Você está acabando comigo, sabia?

Ele disse passando a mão livre por alguns fios de cabelo que caíram em minha testa.

— Estou? Mas eu nem comecei...

Ele soltou uma risada mais alta.

— Que os Deuses me ajudem quando começar. Já estou acabado antes mesmo do tiro de início.

Abaixei um pouco a cabeça e pairei minha boca a centímetros da dele e o ouvi grunhir quando recuei.

— Parece que o que diz é verdade, estou acabando com você, Sr. Thantry.

Ele fez força em seu braço que me prendia em seu colo e eu soltei um gritinho seguido de uma risadinha divertida.

— Henry.

— Perdão?

— Henry. Gosto quando me chama pelo nome de Batismo.

Passei minhas mãos pelos seus ombros e as pousei em seu rosto, ambas segurando seu maxilar, forte e perfeitamente barbeado.

— Também gosto de chamá-lo pelo nome de batismo. Me faz ser diferente das demais.

Henry sorriu. — Você já é, meu bem. Garanto que nenhuma mulher no mundo ganhou pétalas de meu jardim com minha vontade de sentir o cheiro delas na pele feminina.

Eu ergui uma sobrancelha. — Sua ideia era que eu me banhasse com elas desde o início?

— Eu pensei na possibilidade, mas não pensei que você levaria em conta essa alternativa.

Ele sorriu baixinho e eu o acompanhei.

— Me banhei nas pétalas por que eram suas.

Desci minhas mãos para seu tórax. Firme e quente. Eu não consegui não arfar, baixinho. Quase imperceptivelmente.

Henry passou a mão livre pela minha coxa, que estava sob a meia calça fina e me senti nada atenta, porque não faço ideia de quando ele conseguiu superar algumas camadas de tecido para me alcançar. As pontas de seus dedos acariciavam minha pele e eu estava começando a sentir tremores e arrepios pelas costas.

Henry sabia o que estava fazendo comigo. Claro. Sorria como um garotinho inocente e eu queria muito que ele fizesse essa expressão para sempre.

— Se banhou em minhas pétalas pensando em mim?

Seus dedos embaixo de minha saia estavam tirando minha concentração em qualquer tipo de papo que poderíamos prolongar. Então, apenas respondi o que minha mente estava pronta para responder, sem pensar em mais nada além dos dedos.

— Sim.

Suas carícias por baixo da saia pararam e eu abri meus olhos. Encarei-o e ele respirou fundo. Balançando a cabeça negativamente.

— Está dizendo que se banhava pensando em mim?

Já disse, não negaria agora.

Por que negar?

— Sim. Me banhava pensando em você.

De repente Henry estava colocando as duas mãos embaixo de minha saia e, pela cintura, me ergueu e colocou no acento de frente ao que estávamos. Me sentei no couro marrom queimado e me deslumbrei ao ver Henry se ajoelhando no chão da carruagem. Ele estava entre minhas pernas e essa imagem fez com que meu âmago latejasse. Meu coração acelerou enquanto ele apertava minhas coxas com mãos desesperadas por algo.

Ele me encarou e sorriu. — Ah, meu bem... conte-me mais sobre isso. Quero saber todos os detalhes.

Henry beijou a parte interna de minha coxa. A direita, depois a esquerda. Direita... acariciando-as, passando as mãos para cima e para baixo. Mordiscando e sorrindo entre tudo isso.

Todos os detalhes.

— Conte-me o que você faz nos banhos enquanto pensa em mim.

Sua voz era rouca e arrastada. Doce som que tentava cada parte do meu corpo, me fazendo estremecer de desejo.

— Conte-me tudo o que já fez pensando em mim. Ah, Carolina, não sabe o que fez comigo me dizendo isso.

Eu sorri em meio devaneios porque, sim, sabia o que fiz. Na verdade, senti o que fiz. Henry endureceu tão de repente que não deixei de perceber quando estava em seu colo. Eu o fiz enrijecer.

Ele me deseja.

Só consegui dizer uma palavra entre os sentimentos devassos que Henry estava me fazendo sentir.

— Sim.

Contos de uma LadyOnde histórias criam vida. Descubra agora