Selvagem

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Entrei na biblioteca de David e o encontrei cochilando no sofá. Eu sorri, suspirando. Ele tinha trabalhado muito em suas composições mescladas. Houveram noites que precisei puxa-lo para cama com promessas de beijos quentes até que pegasse no sono. O que não foi uma boa ideia, já que ele demorou muito para dormir e eu precisei improvisar bastante.

Me aproximei dele, devolvendo alguns livros à estante.

David estava com o cabelo uma bagunça. A gravata desalinhada e as lapelas erguidas. Deveria ter as deixado assim para ficar mais confortável para ler alguma coisa. Se é que conseguiu...

Me inclinei sobre ele, tirando sua gravata. Passei meus dedos suavemente por sua testa.

— Está atacando um homem indefeso, mulher?

Baixei meus olhos e encontrei os dele, entreabertos e nublados. Estava uma graça. Eu ri baixinho.

— Você não é um homem indefeso, mio lupo...

— Sou indefeso contra seus ataques, mia volpe.

            Ele suspirou, se arrumando no sofá, mas acabei sendo abraçada pela cintura e puxada para o estofado. Eu dei um gritinho abafado quando minhas costas bateram contra o couro. David se encaixou e se ajeitou como pôde entre minhas pernas cobertas pelo tecido grosso do vestido.

            — Hmm... Odeio quando veste essas coisas.

            — Não posso andar pelada pela casa. Os criados ficariam ultrajados.

            David ergueu a cabeça, me dando um sorriso torto.

            — Vou dar o dia de folga a todos eles.

            — Pare com isso. Não vou ficar pelada pela casa.

            Ele bufou.

            Eu ri e levei minhas mãos até suas lapelas erguidas e as puxei para mim. Ele sorriu e engatinhou por cima de mim, se deitando sobre todo meu corpo, seus olhos na altura dos meus.

            — Mas posso pensar sobre isso em algum comodo especifico. Onde possa trancar a porta.

            — Vou poder correr atrás de você?

            — Se a porta estiver trancada, vai poder rasgar minhas roupas.

            — Com os dentes?

            — Que animalesco. Vai rosnar pra mim também?

            Ele se deitou em meu ombro, se enterrando em meu pescoço. Eu fechei os olhos e inclinei mais a cabeça, lhe dando acesso.

            Ouvi um grunhido baixo e rouco vindo dele. Meu corpo estremeceu. Minhas mãos comicharam e minha garganta secou. David sabia me derreter tão facilmente....

            — É que você desperta meu lado mais selvagem, Sra. Debury.

            — Fico muito feliz por isso.

            Ele sorriu sobre minha pele, mordeu meu ombro e subiu até minha boca.

            — Sabe, Helen... De repente me sinto mais animado.

            Ele passou sua boca na minha de raspão, me fazendo segui-la.

            — Mais disposto...

            Ele passou de novo, tirando um grunhido insatisfeito de mim.

            — Me beije, David!

            — Hm, vou poder tirar seu vestido?

            Eu menei a cabeça, receosa quando minha resposta. Eu estava a um fio de ceder, mas ali...

            David riu baixinho, pressionando seu corpo no meu, voltando a pairar seus lábios pelos meus, encostando de leve apenas para me instigar. Me fazer pensar mais rápido e menos com a cabeça.      

            — Maldição.

            — Não pragueje. Mulheres não praguejem.

            — Essa mulher, sim. — Eu respirei fundo e o empurrei de cima de mim. — Muito bem, mas só se trancar a porta.

            Eu posso jurar que nunca vi um homem se mover tão rápido como David se moveu agora. Num piscar de olhos ele pulou dali e foi trancar a porta. Eu comecei a rir enquanto ele voltava, desabotoando os primeiros botoes de sua camisa.

            — É melhor que não goste desse vestido, mulher. Porque ele vai ser estraçalhado.

            Eu me levantei, me afastando dele de costas,

            — Para sua sorte é um dos que menos gosto.

            Então eu gritei quando ele avançou.

            E foi...

            Selvagem.

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⏰ Última atualização: Dec 22, 2022 ⏰

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