Capítulo 3 - Aluguel

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Parcelas do amor

Capítulo 3

- Como assim? Você quer... err... - me atrapalho nas palavras, sem saber o que falar. O Rick fala umas coisas tão aleatórias que às vezes custa entender o que é sério e o que não é.

- Eu não quero, não quero namorar. Mas entenda uma coisa: o Nathan tem que se tocar que você o ama e que ele ama você. Mas isso é mais difícil do que parece. Ele só vai perceber quando ver que você tá com outro.

Até que faz sentido.

- Entendi... mas Rick, você não seria o namorado ideal. Você, bem... Você é grosso, não é carinhoso e curte fazer coisas erradas. - fico um pouco vermelha por imaginar ele como meu namorado. Ele ri. - Rick?

- Eu não sou bom mesmo. Certeza que se a gente namorasse na primeira oportunidade, eu iria passar a mão na sua bunda. - pego o travesseiro e jogo na cara dele. - Ei!

- Seu pervertido! Parece que nunca viu uma bunda! - Sento enquanto Henrique ri. Ele se ajeita na cama, deitando a cabeça nas minhas coxas. - Folgado. Se meu pai entrar aqui e te ver desse jeito...

- Não estamos fazendo nada de errado. - não estamos porque eu não deixo, do contrário... - Mas voltando, você devia fazer ciúmes no Nathan até ele terminar com a Andressa e aí...

- Mas ele ama a Andressa. - deixo os ombros caírem. - Ele nunca vai me querer...

- Oras, não perca a esperança assim tão fácil. Se você fosse fazer isso sozinha, provavelmente não iria dar em nada, mas veja, EU vou te ajudar, Emilly! - controlo a vontade de dar risada. - Se você rir vou te dar um soco.

- Desculpinha. - coço a nuca. - Mas ninguém vai acreditar nesse nosso "namoro". Você não sai com muitas meninas.

- Saio sim. Só que vocês não ficam sabendo.
- Voltando... e todo mundo sabe que eu gosto do Nathan. - sim, todos sabem. Eu nunca consegui disfarçar meus sentimentos.

Volta a se sentar, mas apenas para poder se deitar no colchão e me levar junto.

- A gente finge que tá ficando por uma semana e depois compramos uma aliança baratinha numa loja de acessório. - é incrível como ele tem umas ideias bem malucas. Acho que o Rick está vendo muito anime de romance. Mas é melhor ele ver de romance, do que ver aqueles com sangue.

- Ninguém vai acreditar nisso. - me dá um beliscão no braço. - Ai, ai! Henrique! - ri. - Seu maluco.

- Sou mesmo. Voltando, você nunca namorou, né? - balanço a cabeça para o lados, respondendo que não. - Hum... isso complica. Você é vista como menina pura, que nunca... err... que nunca, fez. Não tem nenhum motivo pra você estar comigo.

- Verdade. Coisa complicada! - dou soco na cama. - Eu quero namorar com o Nathan, droga!

- Não se pode ter tudo na vida. - acaricia meus cabelos. Ele gosta de mexer nas minhas mechas negras. - Eu, por exemplo, queria que a minha mãe me desse um pouco mais de liberdade...

- Mas ela te dá.

- Ah, tá. Até parece que não conhece a dona Akemi Isabela. Se ela estivesse aqui na sua casa estaria tentando ouvir algum barulho estranho saindo daqui do quarto. - não entendo de primeira, mas logo me toco do que ele está falando.

- Sua mãe só pensa besteira de mim!

- Ignora isso. Então... sabe, eu acho que para fazer ciúmes no Nathan, ele tem que ver que o nosso relacionamento é bem melhor que o dele. Tipo, ele fica o começo do intervalo com a gente ao invés de ficar com a Andressa. Então nós dois vamos ficar grudados o tempo todo! E claro, às vezes dar uns amassos pra provocar ele...

- Rick... - faço cara feia. - Você tá querendo se aproveitar da situação pra fazer coisinhas comigo.
- É que você é minha melhor amiga e é bem bonitinha, e talvez seja minha namorada por um tempo.

- Namorada de mentira! - o corrijo.

- Aluguel. Isso não vai sair de graça não, querida.
- O que você quer como pagamento? - sorri de um jeito pervertido. - Esquece. Esse namoro não vai incluir beijos e muito menos, as suas mãos na minha bunda e peitos!

- Você nem tem peitos, Emilly. - sinto uma grande vontade de jogar ele pela janela ou dá-lo como comida aos tubarões.

- E você tem muito pinto. - reviro os olhos. - Ele ainda é pequenininho, Rick?

- Quer parar de perguntar sobre o meu pau, sua pervertida? - sorri malicioso. Que medo. - Ou você quer ver e comprovar o tamanho? - viro um pimentão de tanta vergonha.

- Chega desse assunto! Vamos falar daquilo que comecei! É... se eu aceitar ser sua namorada apenas pra provocar o Nathan, o que você vai querer em troca? - seus olhos começam a encarar uma parte do meu corpo que prefiro nem dizer. - Nem pensar, tarado!

- Não vou pedir transa, ou beijos. Eu só quero que você confie em mim e me deixe cuidar de como vamos fazer ciúmes no Nathan. - suspiro.

- Então tá bom.

- E também quero que você pague um jogo de vídeo game pra mim, custa 300 reais. Pode parcelar se quiser.

- Você tá achando que eu sou rica?! - aponta para a minha penteadeira. - Hm?

- Você tem maquiagem da Huda Beauty, minha mãe falou que essas coisas custam mais de cem reais cada. - levanta, indo até lá. - Você tem esses bagulhos caros.

- Sim, eu tenho. Tenho porque uso junto com a Melissa, senão eu teria tudo do barato. - a minha prima, a Melissa, trouxe muitas maquiagens para a minha casa quando veio morar comigo. Usamos tudo juntas. Mas a maioria das coisas caras foram compradas por ela.

- Entendi. Por falar na Melissa, onde ela tá? - antes que eu diga, me lembro que ela pediu para guardar segredo. - Emilly?

- Não sei. - digo rápido. Para a minha sorte ele não insiste na pergunta. - Ainda são duas horas, o que vamos fazer até a janta?  - ele se aproxima, colocando as mãos na minha cintura.

- O que você tá fazendo? - me puxa para bem perto. - Rick!

- Mexe no meu cabelo e fica me olhando toda manhosa. - arqueio a sobrancelha. - Temos que treinar, ou ninguém no mundo vai acreditar que nós dois somos "namorados".

- Mas...

- Emilly, você já beijou e eu sei muito bem disso. - faz careta. Até hoje ele odeia o fato de que perdi o bv com o Gabriel. - Então finge que estamos nos pegando.

- O-ok. - gaguejo. Toco o rosto dele com ambas mãos e o trago para mais perto. Deixamos nossas bocas bem próximas, mas não fazemos nada. Ray fecha os olhos e chega cada vez mais perto de mim e eu vou ficando envergonhada. Antes que as nossas bocas se encostem, eu o empurro. - Não chega tão perto!

- Eu ia beijar a sua bochecha, exagerada. - bufa. - Vem aqui, vamos treinar outras coisas agora. - tento pensar em algum argumento para conseguir escapar dele, mas não acho. Fico na frente dele. - Senta no meu colo.

- Seu tarado! - me viro de costas, controlando a vontade de bater nele. - Não vou fazer isso! Se a gente namorasse mesmo, quem sabe, mas nesse caso não! - Rick me abraça por trás. - Ei!

- Para de frescura, Emilly! - me pega no colo como se eu fosse uma princesa. - Você quer ou não fazer ciúmes no Nathan? Então se quer, faça as coisas direito, caralho!

- Sem palavrões! - balanço as pernas. - Henrique, me coloca no chão.

- Certeza que quer isso? - me mostra um olhar meio assustador.

- Sim.

- Você que pediu.

- Ai! - solta meu corpo e eu caio de costas no chão. Ele se agacha e começa a fazer cócegas na minha barriga. - Ei! Para! - dou risada feito louca.

- Sua virgem tímida. Aprende a ser uma mulher logo! Você já tem dezesseis anos!

- Você também é virgem, pode parar! - lhe empurro com o pé. Ele cora. - Que foi? Acha que me engana? Você beijou poucas garotas a vida toda e nunca passou de mão boba. Como sei disso? Eu ouvi a sua conversa com o Nathan. Safadinho você, hein? - faz bico. Deita ao meu lado, em cima do tapete vermelho. Pelo menos eu acho que escutei isso.

- Eu sou, mas não conta isso pra ninguém. Você sabe como têm uns idiotas que me zoariam se soubesse que ainda nao transei. Vai guardar isso só pra você, né? - respondo que vou guardar segredo. - A gente tá fugindo do assunto do Nathan de novo.

- Verdade. Okay, eu concordo com você. Vamos fazer ciúmes no Norman fingindo que estamos ficando. - isso não vai dar certo, já vi esse filme.

- Certo. Agora me dá um beijinho.

- Rick... - lhe dou um beijinho na bochecha. - Isso é o máximo que vai ganhar. - ele morde o lábio inferior.

- Você é tão fofinha que chega a me deixar louco, cara. - cobre o rosto com as mãos. Sorrio. Lembro que precisamos descobrir coisas sobre o namoro do Nathan, para fingirmos ser melhores namorados que ele.

- Vamos stalkear a Andressa? Garanto que assim vamos saber muitas coisas sobre eles. - assente. Ficamos sentados no chão, encostados na cama. Pego o meu celular e entramos no Facebook da idiota. - A foto de perfil dela não tem o Norman junto.

- Nem no dele. - vê a rede social do nosso amigo no seu celular. - Procura o status de relacionamento.

- "Em um relacionamento sério com Nathan Augusto". - franzo a testa. - Relacionamento sério, sei, vaca. Garanto que ela nem sabe o sobrenome dele.

- Nem sente ciúmes essa menina. - espicho a língua. - No dele também tá isso. Os dois assumiram socialmente, isso é meio ruim pra você. Mas olha pelo lado bom: com a Andressa assumindo, todo mundo vai saber que ela namora e se a virem pondo chifre no nosso amigo, na hora vão contar pra ele. - volto a fazer minha "pesquisa de campo".

- Achei uma foto dela com o Nathan. E essa foto tá meio estranha... é de hoje à tarde.

- O Nathan ia na casa dela, não é? E por que tá estranha? - mostro a foto onde o peito da Andressa tá gigante.  - Que peitos. - fica vidrado na foto dos peitos dela, sendo cobertos por uma mão masculina e por cima delas, mãos femininas. - Tira print e manda pra mim depois.

- Henrique! - sinto vontade de bater nele. - Para de secar os peitos dela na cara dura!

- Nem vem me dar ordens, a gente não namora ainda. - desisto de controlar a minha vontade e bato na cabeça dele. - Bruta.

- Humph. Mas agora o mais importante: de quem são essas mãos? - me olha como se eu fosse idiota. - Que foi?

- Emilly, eles tão de aliança. É óbvio que é a mão do Nathan. - acabei de ficar com vontade de chorar. - Não, não, não! Nada de chorar por aquele idiota!

- Mas... Mas... - fungo. As lágrimas começam a cair. - Ele tá pegando nos peitos dela em uma imagem onde qualquer um pode ver! Isso é muita demonstração de amor pra mim. Não aguento mais isso, Rick... - suspira.

- Vem cá, chorona. - me abraça, deitando a minha cabeça no seu ombro. - Fica tranquila, eu vou fazer o relacionamento deles acabar pra você poder ficar com ele.

- Vai mesmo? - me dá um beijo na testa.

- Você é minha melhor amiga, faço tudo pra te ver feliz. Então só confia em mim, certo?

- Certo.

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