Capítulo 1 - Crush impossível

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Parcelas do amor

Capítulo 1
- Emilly, tá tudo bem?

Como sempre, Melissa é boa em me ler. Seus olhos  pretos fixam em mim, me analisando a cada movimento. Essa é a sua maior característica, ser observadora.

- Sim. Tá tudo bem. - respondo rapidamente, com a língua enrolada, escondendo a resposta que queria dar: Não. Não estou nada bem.
Ajeito a alça da mochila em minhas costas e em seguida, coloco meu óculos redondo e preto, deixando minhas orbes verdes escondidas atrás das lentes.

- Você tá meio quieta.

- Sério? Impressão sua, Mê. - saímos de casa. Andamos juntas em silêncio, até que a garota o quebra:

- Você não sabe me enganar. Pode dizer, eu sei. Você não queria ir à escola hoje.

- Não. Eu não queria.

Nem sei o que estou fazendo aqui, caminhando até a escola nesse dia nublado. Eu deveria estar, sei lá, dormindo ou chorando embaixo das cobertas, comendo um pote de sorvete ouvindo Marília Mendonça.
Sinceramente, não queria ter saído de casa. Maldita hora que aquele despertador tocou. Acho que vou colocar uma música de funeral no alarme. O motivo de toda essa minha "sofrência"? Simples:

Nathan, o suposto amor da minha vida, começou a namorar a garota mais popular do colégio, Andressa, mas conhecida como Dre ou Dressa. Mas eu prefiro chamar ela de ladra de crush.

Ainda não sei o que fazer com os meus sentimentos depois dessa notícia. É destruidor saber que o menino que eu amei por tanto tempo, está namorando. Eu chorei tanto depois de descobrir, que meu pai ficou preocupado ao ver meus olhos inchados.

O pior é que aquele loiro me deu a notícia do nada. Com uma simples mensagem que dizia "pedi a Andressa em namoro. Ela aceitou."
Assim que li essa mensagem quase joguei o celular longe, mas lembrei que precisava de alguém para desabafar, então fui desesperada mandar mensagem pro meu amigo, para ver se ele me acalmava. Mas claro, não adiantou nada. Ficamos por numa ligação de uma hora onde eu apenas chorava, dizendo que nunca iria encontrar um namorado.

- Pensando no Nathan? - desperto dos meus pensamentos, com um toque dela no meu ombro. Melissa me encara desconfiada, então desvio o olhar, com vergonha dos meus sentimentos. - Não fica assim... o namoro não vai durar nada, pode ter certeza. A Andressa não é de um homem só.

Melissa não é a melhor pessoa para me acalmar, já que ela é meio doidinha da cabeça. Até pintou as pontas dos cabelos de verde e deu um jeito de ondular as pontas. Sem contar que a morena tem um estilo de roupa meio sexy, sempre com regatas que mostram muito bem os peitos. Queria ter peitos assim, que inveja.

- Não importa quanto dure, prima, enquanto eles estiverem juntos, irá doer. - Ficamos quietas. Acho que agora ela não sabe o que dizer. Mas realmente, não tem como evitar a minha dor.

Passo tanto tempo distraída pensando, que nem vejo quando chegamos no nosso ponto de encontro, onde vejo Rick um pouco à frente, andando ao lado de Miguel.
Rick, ou Henrique, é meu melhor amigo desde sempre. Nossos pais são colegas de trabalho, por isso sempre acabamos nos encontrando. Viramos amigos de verdade no dia que ele roubou a minha boneca e eu comecei a chorar, feito um bebê. Mas se bem que eu era um bebê, tinha apenas dois anos e meio. A partir disso viramos melhores amigos.

História idiota, eu sei.

Mas claro, a nossa amizade foi crescendo muito. Estudamos juntos no jardim de infância. Lembro de um dia que eu queria saber porquê ele tem olhos puxados. A resposta veio rápido, então descobri que esse cara magrelo, branco e alto, é mestiço.
Já o Miguel, bem, não tem muito o que falar dele. Ele é um ano mais novo que eu e o Rick. Bem moreno, olhos tão pretos que chegam a ser hipnotizantes. É lindo. Eu não reparo muito nele, medo de alguém chamada Melissa me matar.

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