Louca por Você (Romance Lésbico)

Capítulo 17

Fernanda
    Depois de muito chorar consegui pegar no sono, não lembro por quanto tempo dormi mas pela claridade vindo da janela sei que já amanheceu.
     Viro para o outro lado da cama e a mesma está vazia, eu já esperava que ela fosse embora depois de tudo o que aconteceu ontem, não entendo o porquê de ela mesmo assim ter ficado, se fosse eu teria ido embora no mesmo instante.
     Resolvo sair da cama e escovar meus dentes, preciso fazer algo para comer pois estou com muita fome. Ao sair do quarto e ir em direção da cozinha sinto um delicioso cheiro de café e quando piso na cozinha vejo Ingrid e não acredito que depois de tudo que fiz ela ainda está ali fazendo café para mim.

- Bom dia!   (Falo depois de um tempo a observando e ela se assusta um pouco, não esperava que eu fosse acordar agora).
- Oi, bom dia. Não esperava que fosse acordar agora, achei que eu iria te acordar.   (Falou com um tom risonho).
- Aquela janela aberta não deixa ninguém dormir até tarde.
- É verdade, me desculpe eu deveria ter fechado.
- Não tem problema.  (Falei dando um sorriso para ela)
- Vem já está pronto, pelo que eu te conheço você deve estar com fome.
- É, estou sim.  (Ri com o seu comentário)

     Sentamos para tomar café e tudo o que ela fez estava perfeito, comi um pouco de cada coisa. Conversamos sobre o trabalho e ela me perguntou quando eu voltaria a trabalhar.
     Terminamos de comer e ainda conversamos bastante, mas aí ela me disse que já estava na hora de ir embora, que daqui a alguns minutos precisaria trabalhar.
     Fomos no quarto buscar suas coisas e eu desci com tudo para a sala de estar, Ingrid veio logo atrás de mim e quando parei deixei suas coisas no chão e virei para a ela, a mesma me olhava com um sorriso fraco no rosto e eu não pude deixar de abraça-la.
     Passamos alguns longos minutos nos abraçando e quando ela me soltou eu peguei o seu rosto em minhas mãos e comecei um carinho em sua bochecha que terminava em seus lindos cabelos.
     Mesmo com todo o carinho, os abraços eu sei o quanto ela está inquieta com o que aconteceu. A Ingrid sabe disfarçar bem as suas tristezas mas só uma pessoa consegue enxergar elas e essa pessoa sou eu. Eu a conheço tão bem, assim como nenhuma outra pessoa me conhece como ela conhece, ela sabe bem lá no fundo que aconteceu algo muito grave mas ela jamais irá tocar no assunto se ele não partir de mim, ela vai esperar o meu tempo.

- Eu tenho que ir, não posso me atrasar.
- Eu sei, me desculpe.   (Falei me afastando um pouco)
- Me liga quando puder ok.
- Ligo sim.   (Sinto muita vontade de da um beijo de despedida como sempre fazemos mas não sei se ela vai querer depois do que aconteceu).
- No que está pensando?   (Ela pergunta como se tivesse lido o meu pensamento).
- Estou pensando que eu quero muito te dá um beijo de despedida mas não sei se você quer o mesmo.
- Porque acha que eu não iria querer?
- Não sei, depois do que aconteceu ontem eu achei que talvez você tivesse chateada.
- Nós nem conversamos ainda Fernanda, eu não tenho porque estar chateada.
- Me desculpe.   (Assim que terminei de falar sinto suas mãos em meu rosto, seus olhos vidrados no meu numa forma de dizer que tudo ficaria bem e então ela me beijou, um beijo calmo e doce que durou alguns poucos minutos)
- Tchau Fernanda.
- Tchau Ingrid. 

     E então ela se foi e eu fiquei nessa casa vazia com os milhões de pensamentos rondando a minha cabeça, ao meu lado está o meu celular e a dúvida de ligar ou não para Liliane me persegue.

Liliane
     Estou em minha cama rodando de um lado para outro a noite toda, não consegui dormir um minuto se quer enquanto a pessoa ao meu lado ronca feito um louco.
     Depois que falei com a Fernanda e ela me disse que estava com a namorada uma tristeza enorme me invadiu, ela nem ao menos me avisou que tinha chegado bem. E para acabar de acertar o Rodrigo chegou aqui de surpresa para dormir comigo, e ao contrário das outras vezes eu não consegui transar com ele e o mesmo foi dormir chateado. Ao contrário da Fernanda que deve ter transado a noite toda já que a namorada não parava de mandar mensagens dizendo o quanto estava com saudade enquanto ela estava aqui. Deve ter matado a saudade ontem enquanto eu sou uma otária e nem consigo mais dormir com o cara que vou casar.
     Não conseguindo mais ficar um minuto a mais nessa cama resolvo tomar um banho e escovar os dentes e descer para a cozinha para preparar algo. Depois de alguns minutos vejo que a casa está um silêncio e ao checar o relógio percebo que todos ainda estão dormindo, está muito cedo. Não pego no meu celular desde ontem e ao olhar ele hoje vejo que não tem nada da Fernanda ainda, ela provavelmente deve estar dormindo com a namorada perfeita dela.
     Como se ela lesse meus pensamentos o celular começa a tocar numa ligação dela, depois de alguns toques resolvo atender.
Ligação on

- Alô.
- Oi, te acordei?
- Não, já faz um tempo que estou acordada.
- Porque acordou tão cedo?
- Não sei, não consegui dormir muito bem.
- Entendo. O que está fazendo agora?
- Vim fazer algo para comer, estou faminta.
- Sempre estar.  (Escuto sua risadinha do outro lado da linha)
- Comer é o que faço de melhor.
- Eu sei.  (Depois de um silêncio resolvo perguntar)
- Onde está sua namorada?
- Ela acabou de ir embora, tem que trabalhar daqui a pouco.
- O Rodrigo já era pra ter ido também.
- Também?  Ele dormiu aí?
- Sim, chegou aqui de surpresa. O que não é mais surpresa pois já é um costume dele.
- Hm, tá certo.
- Porque ficou tão surpresa?
- Não fiquei. Como você mesmo disse é normal não é.
- Mesmo assim, você agiu como se achasse que eu fosse dormir só.
- Você queria me ligar então achei que estivesse só.
- Eu que achei que você estivesse só mas me enganei.
- Ela foi me buscar e mora longe daqui, não ia deixar que fosse embora sozinha.
- Tá certo então. Matou a saudade?
- Matei sim.
- Como eu imaginei.
- Imaginou o que?
- Que enquanto eu passei a noite sem consegui dormir você passou a sua transando matando a saudade da sua namorada.
- Como é?  Você está louca?
- Você mesmo admitiu. Não se faça de tola.
- Em que parte eu falei que matei minha saudade transando?
- É o que com certeza você deve ter feito.
- Não eu não fiz, mas você com certeza deve ter feito e pelo visto muito mal para estar tão amargurada assim.
- Para de ser idiota Fernanda.
- Eu que estou sendo idiota?  Você fica supondo o que eu fiz ou não e eu que sou idiota?
- Você está aí feliz, então achei que tivesse sido isso o que aconteceu.
- Você não deve estar supondo nada sem antes saber das coisas. Eu não estou nada feliz, você não sabe o que aconteceu ontem, não sabe o que se passa na minha vida, na minha cabeça.
- Então me conta. Vou saber se você me disser.
- Acho melhor não. Vou desligar.
- Porque vai desligar?   (Falei um pouco alterada)
- Não acho que liguei numa boa hora. Espero que tenha um bom dia.
- Espera, vamos conversar. Você não pode desligar assim Fernanda.
- Não estou afim Liliane. Não estou em um dia bom para receber patadas de ninguém. Tchau.

Ligação off

     E antes que eu pudesse questionar ela desligou na minha cara. Que merda você fez Liliane?