Capítulo 4

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Me despeço de Bryan e entro em minha sala. Na aula quando a professora dava sua explicação sobre a matéria ouço os alunos da frente cochichando sobre a bolada que Joey me deu,pelas risadinhas pude notar que eu já estava sendo motivo de piada para todo mundo.

— Deve ter sido hilário. — Comenta uma menina — É uma pena eu não estar lá na hora.

...me encolho na cadeira fingindo não ter ouvido a conversa...

Lembro que meu pai disse sobre manter o controle e respiro fundo,encaro minha caneta que estava em cima da mesa,ela começa a se mover lentamente...seu balanço suave de certa forma me acalmava,segundos depois paro de move-la. Permaneço imóvel no meu lugar,o tempo demorou muito para passar,mas eu aguentei firme até o último segundo e quando o sinal toca suspiro aliviado.

Deixo os alunos saírem da sala até não sobrar mais ninguém e então finalmente pude ir. De longe,um pouco mais a frente,vejo Joey e seus companheiros passando pelo corredor,evito andar por ali e pego outro caminho.

...antes de sair da escola alguém pega no meu ombro me dando o maior susto...

— Iai Sam.

...com o susto meu corpo se arrepia provocando uma reação negativa...

— Caramba!. — Bryan se afasta — Você me deu um choque.

— Desculpe,eu me assustei.

— De onde veio isso?. — Ele pergunta — Foi como se eu tivesse encostado numa tomada.

— Eu não sei,talvez tenha sido uma coincidência bizarra. — Respondo rapidamente.

— Não vai pegar o ônibus?.

— Eu prefiro ir andando mesmo...

...quando começo a caminhar Bryan me segue,estranho a situação,mas não falo nada...

— Tem razão,a pé é muito mais tranquilo. — Ele comenta.

— Você está me seguindo?. — Pergunto em tom de brincadeira.

— Na verdade esse é meu caminho,andorinhas é o nome do meu bairro,mas não há pássaros...que ironia. — Bryan movimenta os ombros.

— É onde eu moro,acho que somos vizinhos. — Me agito

— Sério?...nunca te vi por lá.

— Não costumo sair de casa. — Explico.

— Você é um garoto estranho. — Ele sorri — No bom sentido é claro.

— Para mim isso é um elogio. — Sorrio com seu comentário 

— Falando a verdade Sam,você até que é legal,foi um prazer ter te conhecido.

 — Digo o mesmo...

...

Ao chegarmos em nosso bairro Bryan se despede de mim e vai em direção a uma das primeiras casas,eu ainda tinha que andar mais um pouco,mas não demorou muito para que eu pudesse chegar. Quando entro em minha casa a primeira pessoa que vejo é meu pai,ele está na sala consertando um aparelho de som,seu rosto expressa concentração e com curiosidade me aproximo dele para ver mais de perto.

— É o som da senhora Tuner? — Pergunto mencionado o nome de nossa vizinha.

— É sim,tenho que entrega-lo ainda hoje. — Ele responde.

Nossos vizinhos sempre aparecem para pedir alguma coisa,na verdade eles querem bisbilhotar para ver o que acontece aqui. A senhora Tuner é a que mais nos visita,as vezes traz alguma guloseima,mas sempre querendo saber o motivo de sermos tão discretos.

— Será que eu posso ajudar?. — Me entusiasmo — Garanto que nem vai precisar desmontar o aparelho.

— Sabe,é mais gratificante manualmente.

— Posso ser a solução para o problema. — Pisco o olho esquerdo.

— Não,nada de poderes.

— Mas eu quase não os uso,me sinto impotente. — Suspiro — Além disso nós nunca mais treinamos.

— Prometo que quando eu desocupar vamos treinar um pouco,o que acha?.

— É uma ótima ideia...eu vou tomar um banho e trocar essa roupa.

— Certo.

— ...o problema está na parte onde sai o som. — Falo ao tocar no objeto

— É...eu já sabia. — O homem faz uma cara confusa.

Deixo ele ali e subo para meu quarto,com certeza depois de um banho eu iria me sentir bem...

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(Continua No Próximo Capítulo)

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