CAPÍTULO - OITO

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A semana das provas estava chegando ao fim. Estávamos fazendo as últimas provas. A sala em um total silêncio.

Semana de provas era o único evento que fazia com que todos os alunos ficassem cabisbaixos, não se via ninguém correndo nos corredores, ou a gritaria matinal. Todos tinham um único compromisso. Parecia um acordo mútuo: nada de falar sobre outros assuntos além das provas, caso isso aconteça, que seja do portão pra fora. Ficávamos apenas o tempo de fazer a prova, quem fosse terminando poderia ir embora. Muitos não iam, ficavam na quadra para debater sobre as questões. Eu e os Dois tínhamos um acordo de não tocar nesse assunto. Nada de saber qual resposta cada um marcou em cada questão, isso nos poupava estresse desnecessário.

Todo fim de prova a gente saia e ia tomar sorvete. Comíamos três casquinhas de cada sabor e cada rodada um pagava.

Já estávamos na segunda rodada — chocolate —. Era a vez da Núbia de pagar. Ela estava muito melhor em relação ao assunto da adoção. Na verdade, se tornou um assunto tão natural de ser falado ou mencionado, que a Núbia já estava fazendo piadas. Eu fico muito aliviado em saber que ela soube lidar bem com isso. Núbia é realmente uma garota incrível.

— Afinal, o que ficou resolvido entre você e o Sandro? Vai rolar namoro? — Núbia me pergunta com um olhar sacana.

Eu não sabia o que estava rolando, só estávamos deixando rolar mesmo. Mas sair com o Sandro estava sendo muito bom. Era incrível como a gente conseguia se dar tão bem. Os momentos com ele eram leves, tranquilos. Riamos mais que tudo. Já sabíamos tanto da vida um do outro, que poderíamos participar de um reality show de casal, se fossemos um casal, claro.

Sandy continuava encantada com ele. Sempre que ia me buscar em casa de moto, ele levava algo pra ela; um chocolate ou uma bala fini que ela gostava. Ele sabia como conquistar as pessoas.

Quando não estavam juntos, eu acabava sentindo saudades. Nas madrugadas, passávamos horas conversando por mensagem. Nas festas que íamos juntos, conseguíamos nos divertir normalmente sem qualquer cobrança de algo. Estávamos tendo algo muito bom. As pessoas já se referiam a gente como um casal, e não ficávamos desconfortáveis com isso, mesmo não tendo rotulado nada.

Ainda tinha o Breno. Por mais que tenha colocado um ponto final em toda aquela loucura, era impossíveis esquecer dele de uma hora pra outra. Quando eu o via pelos corredores e ele me cumprimentava com um aceno de cabeça, toda a história da carta voltava e eu ficava com esperança dele vir falar comigo, como se por algum milagre ele tivesse descoberto que fui eu que mandou a carta pra ele.

Mas não acontecia. E eu me sentia frustrado. Mas bastava Sandro aparecer pra toda essa sensação estranha dentro de mim desaparecer. Eu estava com medo de estar o usando como uma válvula de escape de tudo isso com o Breno, e no final acabar magoando ele. Mas ele sabia da minha condição. O assunto Breno não era um elefante rosa na sala pra gente. Ele lidava bem, mesmo que eu não tocasse no assunto com ele sempre que estávamos juntos, claro, também tenho senso. Mas ele sabia a existência dele e não se senta desconfortável, não na minha frente.

— Nada de namoro. Estamos ficando. Ele não quer namoro, acho e eu muito menos.

— E porque não? O cara é tranquilo. E vocês já estão a um tempo ficando. — Bruno pergunta ao começar a sua terceira casquinha.

— Porque não foi a intenção no começo e continua não sendo. — Dou de ombros.

— Mas poderia ser a intenção agora, né? Pra você ver aquela coisa... — Ela faz cara de maluca ao dizer isso. Bruno para na mesma hora de lambe a casquinha.

— Porque você é assim? — Bruno fala tão engraçado que não aguentamos e começamos a rir da cara dele.

Sem percebermos, Sandro chega e senta atrás de mim.

Quando descobri que Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora