CAPÍTULO - DOZE

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Eu estava sentado na arquibancada da quadra da escada esperando o Sandro. Mandei mensagem pra ele, pedindo pra me encontrar aqui. Eu passei o domingo todo pensando no que falar pra ele. Sandro é um garoto incrível e sei que ele não vai fazer nenhum alarde sobre isso, mesmo assim eu não conseguia ficar menos nervoso. Eu não quero ficar com ele ao mesmo tempo que posso iniciar algo com o Breno. Eu não sei se estou sendo precipitado. Estou sendo guiado pelo sentimento de anos. Eu quero acreditar que é o certo a ser feito.

Eu e Sandro estamos ficando a um tempo já, o mínimo que eu posso fazer sobre isso e conversar com ele sobre tudo o que aconteceu.

Vejo Sandro vindo ao longe no início da quadra. Eu aceno para que ele possa me localizar, mesmo que não esteja muito cheio ali.

— Olá, senhor. — Ele diz. Eu sorrio.

— Tudo bem com você? — É impossível esconder o meu nervosismo.

— Sim, sim. Aliviado de não ter mais que fazer provas. — Ele tira a mochila das costas e coloca no colo.

— Nossa, sim.

De repente ficou um silêncio.

— Você não foi na festa sábado. Aconteceu algo? — Perguntei a ele depois de um tempo.

— Eu não estava passando muito bem, aí decidi ficar em casa para me recuperar logo. Não falei nada pra não te preocupar.

Me deu um aperto no peito e uma sensação estranha no estômago. Eu sabia que o que temos não é algo que demos nomes, mas não custava nada eu ter perguntado se algo tinha acontecido para ele não ir na festa. Mas quando ele me mandou mensagem avisando que não iria para a festa, de imediato eu senti um alivio, em momento nenhum passou pela minha cabeça que algo poderia ter acontecido com ele. Eu estava me sentindo mais péssimo agora

Ficamos em silêncio por um tempo.

— Você não me chamou aqui pra falarmos de provas e sobre a festa, né? — Ele volta a falar.

— Não. É que eu não sei como iniciar essa conversa.

— Só ser direto, nunca teve rodeios entre a gente, Dan. — Ele coloca a mão no meu joelho e aperta.

— Certo. — Eu me ajeito no banco e fico de frente pra ele. — Na festa de sábado eu e o Breno conversamos e acabamos ficando.

Parece que eu engoli um caroço de abate. A minha garganta aperta, como se fosse me faltar o ar. Sandro não fala nada por alguns minutos, o que pra mim parece uma eternidade.

— Fala algo, eu odeio quando você fica assim, calado. — Ele parecia estar em outro lugar, sua visão focava em algo, porém não era algo que estava ali perto da gente.

— Eu já sabia. — Ele diz olhando pra mim. — Na verdade eu não sabia, eu suspeitei que isso aconteceria. Eu escutei, na sexta feira, o Breno falando com o Pedro sobre precisar de um lugar reservado para conversar com a pessoa que mandou a carta pra ele. — Ele apertou sua mochila em seu colo.

De repente todos os seus movimentos ficaram em câmera lenta. O castanho dos seus olhos ficou mais evidente (e por um momento passou a ser a minha cor favorita). A pouca barba parecia tão... macia, me deu vontade de tocar, novamente, como eu vinha fazendo sempre que estávamos juntos. A mancha em seu rosto é algo tão... sexy — como ele poderia ter vergonha dela? —, eu passaria horas olhando pra ela.

Sandro volta a velocidade normal e ele ainda está falando.

— ... na verdade foi por isso que eu não fui na festa?

— Porque?

— Você precisava de espaço. Eu sabia que, se eu estivesse lá, você não ficaria confortável. Você precisava resolver seu lance com o Breno, e eu não queria de alguma forma impedir isso, sabe? — Concordo com a cabeça.

Quando descobri que Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora