CAPÍTULO - QUATORZE

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Faltava uma semana e meia para o baile dos formandos. Todos estavam na correria para encontrar a roupa perfeita ou fazendo os últimos ajustes para que nada saísse errado. Eu já tinha visto a minha roupa com a minha mãe e a Sandy. Eu não sou muito fã de roupa social, mas não tinha pra onde correr.

Era quinta feira, eu tinha marcado de ir encontrar o Breno para comer alguma coisa no Parque do Bosque. Já era seis da tarde e eu estava esperando ele mandar mensagem avisando que tinha saído do serviço e que já podia ir pra praça encontrar com ele. Quando a mensagem chegou, eu respondi de imediato avisando que já estava saindo de casa. O Bosque não ficava muito longe da minha casa, coisa de meia hora de ônibus. Poderia ir andando, mas eu estava cansado, então prefiro ir de ônibus, que acabou sendo mais rápido que de costume.

O Parque estava cheio pra uma quinta à noite, deve ser por causa das férias nas escolas já estarem começando. Eu procurei uma mesa vazia, mandei uma mensagem pro Breno avisando que já tinha chego. Falei um ponto de referência pra ele me encontrar e não demorou muito pra ele me encontrar. Ele estava com a blusa do serviço — uma blusa marrom. Eu não sabia o que exatamente ele fazia junto do pai dele, acho que nunca me interessei em perguntar.

— Oi. — Ele me cumprimenta com um aperto de mão e senta no banco de frente pra mim.

— Oi. Tudo bem? — Eu respondo com um sorriso.

— Estou bem sim. Cansado, mas estou tranquilo. E você?

Eu analiso o sorriso dele e percebo que, durante anos aquele sorriso despertava em mim uma sensação na boca do estômago que eu não sabia explicar, hoje eu não senti... nada. É lindo, não tem como negar isso. Mas durante anos eu passei as manhãs na escola querendo ver esse sorriso. Eu queria ser o motivo desse sorriso. Hoje eu já não sei. Parece que a minha mãe fez uma parte em mim despertar, a parte realista. Racional. A que não se deixa ser levada pela emoção, pela empolgação. A parte calculista.

— Eu estou bem também. Como foi o serviço? — Pergunto, sem saber se realmente estava interessado naquilo, pois eu não sabia exatamente o que falar. Parece que estamos saindo pela primeira vez.

— Estressante, mas eu gosto de lá, às vezes. — Ele tira a mochila das costas e a coloca no chão. — Já sabe o que vai comer?

— Eu não estou com muita fome. Mas queria comer isca de frango empanado. Pode ser?

— Claro. Amo frango. — Ele ama frango. É a primeira vez que eu fico sabendo o que ele realmente gosta depois de todos os nossos encontros. Eu só conseguia pensar que era diferente com o Sandro, eu sabia praticamente tudo sobre ele. Até as coisas mais inúteis, como: ele não consegue deixar o volume da tv em números impares. Ele não consegue dormir se não estiver de meias. Ele não come o miolo do pão. Sandro não gosta de nada gosmento, mas, mesmo assim, deixou que Sandy passasse uma das suas mascaras estranhas em seu rosto em uma tarde que ele foi lá em casa.

Breno foi comprar o frango empanado. Eu só conseguia pensar em como eu iria falar pra ele que eu não o amava mais, que eu amava o Sandro. Que eu estava me deixando levar pela emoção e empolgação por ter conseguido algo que a muito tempo eu queria, mas hoje, não era mais o que eu queria. Eu queria muito que ele entendesse e não me julgasse por isso — mais do que eu já estou me julgando.

— Esses são as melhores iscas de frango empanado do parque. — Ele coloca a bandeja na mesa — Peguei limão, mas não sei se você gosta.

Não tinha como ele saber.

— Eu gosto sim. — Sorrio pra ele.

É horrível quando você tem que manter as aparências pra alguém. Eu não gosto de fazer isso, soa falso, e é tudo o que mais odeio em alguém.

Quando descobri que Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora