Bestial

10

Isabelle balançou a cabeça e se deitou na cama ao lado da amiga. Estava cansada, e o fato de estar chovendo a fez se sentir sonolenta. Amava a chuva, e o barulho das gotas batendo no telhado era confortante.

Não fazia muito tempo que tinha chegado na casa de Mary, mas já tinha conversado e convencido a amiga a acompanha-la para Homeland, mesmo que não tivesse dito que era o lar dos novas especies. Isabelle tinha pedido apenas para a amiga confiar nela a segui-la, e Mary confiava. Ela não fez perguntas sobre a localização, apenas se era seguro. Muito, Isabelle tinha respondido rápido. Best é um amor de pessoa.

— ele não me atende. - ela resmungou para Mary. - deve estar ocupado.

— talvez. Será que ele não vai achar incômodo se eu for ficar um tempo lá mesmo? Por quê não tem problema, eu posso ir para outro lugar...

— Foi ele quem deu a idéia de te convidar a ficar lá. Ele é bem legal. E lindo. - Isabelle mexeu as sobrancelhas e sorriu maliciosamente. - ele é fofinho... impressionante na cama...

Mary gargalhou.

— safadinha. - ela balançou a cabeça e pulou para fora da cama. - vem, me ajuda a terminar de arrumar minhas malas. Não tenho muita coisa, você sabe. Vamos embora daqui assim que terminarmos. - Mary andou até o guarda roupa e se abaixou, pegando os sapatos que estavam na parte de baixo. - não quero ver a cara daquele cretino nunca mais. E nunca mais quero saber de homem na minha vida.

Uma imagem de Torrent fez Isabelle sorrir.

— nunca diga nunca, minha cara amiga. - Isabelle pegou as roupas que estavam em cima da cama e foi colocando nas bolsas. - tem homens muito bons por aí...

Mary bufou um riso forçado.

— deve ter. Mas parece que tenho um karma que só me atraí idiotas. Infelizmente. - ela segurou um cropped preto e franziu o cenho. - aquele imbecil comprou pra mim, mas não sabe sequer o meu número. Esse é grande e não cabe nos meus seios. Cabe em você. É melhor te dar do que jogar fora.

— você poderia vender. - Isabelle opinou, avaliando o cropped de rendas. O ex de Mary era um idiota, mas tinha bom gosto. - deve valer muito.

— que nada! Ele comprou num brechó aqui perto. - Mary parecia mesmo divertida. Jogou para a amiga. - pode ficar. Vai ficar lindo em você já que você tem peitões.

— bem... Então, obrigada. - olhou para a amiga. - você parece bem com o término.

— estou bem. Só chorei muito por causa do bebê. Mas talvez não fosse o momento certo, não é?

— tudo no momento certo. - Isabelle concordou.

O celular de Isabelle tocou e ela atendeu rapidamente, sem nem mesmo olhar para a tela.

— oi. - a voz grossa de Bestial estava baixa, soava inseguro.

— oi Best! - Isabelle sorriu e se deitou na cama, rindo quando Mary pulou no outro lado da cama, a olhando também com um sorriso, aparentemente feliz por vê-la feliz e curiosa para ouvir a conversa também - como está?

— deitado. Com saudades de você. - a voz grave era excitante. - quero que volte logo para mim.

— qual é, não fez nem um dia que eu vim. E de qualquer forma, Mary topou passar um tempo com a gente. Espero que seja por muito tempo.

Bestial resmungou um ai e grunhiu para alguém.

— isso dói. - ele soltou um palavrão e rosnou.

— o que foi? - ela perguntou quando ele parou de rosnar para quem quer que fosse.

— o enfermeiro aplicou uma injeção em mim. Fiquei um pouco zonzo a um tempinho atrás. Mas já estou bem e já posso voltar pra casa depois dessa furada no meu traseiro.