Segunta temporada- Capitulo Cinco - Ciúmes e Insegurança

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Eu cheguei à agência às nove em ponto, por sorte. Comecei a enrolar um pouco quando Nico saiu e acabei cochilando, acordei às 08h30min, tomei o banho mais rápido de todos os tempos e me arrumei o mais rápido que pude. O ruim de ser modelo é que você sempre tem que estar o mais impecável possível apenas para ir ao trabalho. Cheguei à garagem e chequei as horas, eram 08h45min. Tudo bem, o trajeto para a agência durava por volta de 10 minutos, eu ia chegar a tempo, certo? ERRADO. Engarrafamento. Um total inferno. Naquele momento, desejei estar com a moto. Eu realmente precisava chegar cedo, já que os detalhes do contrato se resolveriam hoje então tentei uma rota desconhecida por algumas ruas estreitas que eu não conhecia muito bem, mas resolvi arriscar. Acreditem ou não, funcionou e cá estou eu, esperando Lilian terminar de conversar com um dos modelos novatos para me dizer o que eu tinha de fazer quanto ao contrato, onde estava o representante e bla bla bla.

Após mais alguns minutos de espera torturante ela finalmente veio falar comigo.

-Olá, Percy. Pontual hoje, caiu da cama?

Eu não fiz todo aquele esforço para chegar aqui e ouvir isso.

-Como é que é? Você não sabe o quanto eu sofri pra chegar aqui!

-Tenho certeza que não foi tão difícil, vamos logo lindinho. - Lilian disse, indiferente. Puxando-me para o elevador.

-Elevador? Aonde vamos?

-Cobertura, uma das salas de reunião para falar com o representante da emissora coreana para acertar os últimos detalhes. Na verdade nós já lemos o contrato e ele já foi aprovado, você pode ler agora se quiser, antes de assinar, caso algo não esteja confortável para você, okay?- ela me lançou um sorriso tentando me fazer sentir confortável, o que, surpreendentemente, eu já estava. Geralmente ficava nervoso em momentos como esses, por motivos desconhecidos até por mim, afinal só precisava assinar um contrato, depois de lê-lo atentamente, claro. Talvez esse fosse o problema. Talvez eu fique nervoso porque sei que sou muito distraído e tenho medo de assinar um contrato que possa vir a me prejudicar um dia. Mas não tenho certeza.

-Okay. - minha voz soou bastante despreocupada.

-Não está nervoso?

O elevador se abriu. Chegamos.

-Não. -sorri para ela, descontraído.

-Se sorrir assim durante as filmagens vai derreter o coração das coreanas. E dos coreanos.

-Então será exatamente isso que irei fazer.

-Não deixe Nico te ouvir. - ela disse, rindo. Eu ri também.

-Sabe que não foi o que eu quis dizer. Quanto mais pessoas se derretendo pelo meu sorriso mais gente para comprar o meu perfume.

-Você realmente está determinado a ter uma linha de perfumes, não é?

-Claro que sim. E talvez eu lance um livro.

-E sobre o que vai escrever?- Lilian falou com um tom debochado. Eu devia ficar com raiva, ela achava que eu não tinha capacidade de escrever um bom livro? Infelizmente, não fiquei com raiva. Realmente não sabia sobre o que escrever.

-Hummm, não sei. Talvez uma comédia romântica. Ou contos eróticos gays. - Bem, por que não? Certo?

-Contos eróticos gays? Inspirados em sua experiência pessoal?- ela disse maliciosa.

-Talvez.

Foi tudo o que eu disse antes de entrar na sala que ela me indicava. Havia um cara num terno elegante, parecia jovem e tinha traços alguns traços asiáticos. Talvez um de seus pais seja ocidental.

Bem, é agora. Vamos lá.

Depois de uma hora discutindo detalhes e lendo papeis, eu finalmente estava livre daquilo, decidi ver se o Nico estava na empresa, quem sabe dar um 'oi'?

Peguei o elevador e desci para o sexto andar, onde ele geralmente ficava, quer dizer, quando não tinha alguma seção de fotos para fazer e podia ficar em sua sala trabalhando em novos projetos ou coisa do tipo. Espero que ele não esteja em nenhum tipo de reunião, não gostaria de atrapalhar.

As negociações sobre minha primeira vez como ator foram mais fáceis do que eu esperava. Nada me incomodou no contrato e eu tive poucas duvidas. Iria passar, na verdade, por volta duas semanas na Coreia. Viajaria na semana que vem. Mais rápido do que eu esperava. Muito mais rápido.

Iria contracenar com Seo In Guk, Shin Min Ah e Lee Hong Ki. Segundo Lilian, um elenco de peso. Eu não os conhecia, mas estava ficando ansioso. Todos, pelo que o representante da emissora disse, eram muito famosos e já haviam atuado em vários dramas de sucesso. Tudo bem que eu só vou fazer uma aparição. Talvez esteja em um ou dois episódios. Mas ainda podia ficar nervoso, certo? Quer dizer, eu estava indo para um país desconhecido, atuar pela primeira vez na vida com desconhecidos. Tudo bem ficar nervoso, né?

Eu estava começando a me sentir ansioso sobre isso. Muito ansioso.

O elevador abriu e eu sai. Foi fácil ver Nico. Ele estava apoiado em uma mesa baixa de aço, tomando um café. Com Jason.

O loiro era alto e tinha olhos azuis, o jeito educado e o sorriso calmo transmitia conforto, segundo a maioria das pessoas. Mas não para mim. Não gostava dele. Não sei se por ciúmes ou porque não vou com a cara dele mesmo. Só não gosto.

Ele estava rindo com Nico de alguma no celular, pois Jason estava com o aparelho levantado à altura de seu peito e Nico se encostava um pouco nele para poder ver também sei-lá-o-que. Eles ainda não me viram. Jason se virou para sussurrar algo no ouvido de Nico e meu marido corou e explodiu em gargalhadas logo em seguida, batendo de leve no ombro de Jason, dizendo alguma coisa. Que, infelizmente, eu ouvi.

"Seu pervertido"

Mas Nico continuava rindo, tapando a mão com a boca. Eu não precisava saber o que eles estavam vendo. Minha imaginação criaria as possibilidades para mim. E nenhuma delas era muito legal, sabe?

Eu ainda queria ir falar com Nico, mas não conseguia me mover. A gente tinha se acertado, okay. Mas o meu ciúme e insegura não iriam simplesmente sumir de um dia pro outro. Jason ainda o fazia sorrir. Era um bom amigo. Nico estava calmo. Relaxado. Será que eu estava sendo mesmo um bom marido para Nico? Estava cuidando bem dele? Estava fazendo-o feliz? Ele queria mesmo ir naquela viagem? Ou estava apenas obrigando-o a ir, de certa forma, com toda minha alegria? Será...?

Será que eu estou insistindo numa relação que não tem mais salvamento? Talvez... eu o amo...sei que ele me ama... Mas ainda me ama do mesmo jeito?... Será... Que... Talvez... e se a felicidade dele não for mais comigo?

Algumas lágrimas simplesmente desceram pelo meu rosto e eu me senti idiota.

Por que estava chorando? Por que estava tão inseguro?

Eu nunca iria querer admitir, mas me sentia culpado. Okay, para mim mesmo acho que posso dizer. Sinto-me culpado. Pelas brigas e pelas crises de ciúme do Nico. Eu me comprometi a fazê-lo feliz quando nos casamos. Prometi para mim mesmo que nunca ia machucá-lo. Mas então o que eu estava fazendo? Eu me sentia horrível. E então, Jason apareceu. Ou melhor, eu finalmente notei que ele estava lá. Se aproximando, sendo um amigo para o Nico, ajudando-o, fazendo-o rir. O consolando quando brigávamos. Eu sabia. Sabia pra quem ele ligava quando discutíamos. Thalia estava cada vez mais ocupada trabalhando como estilista na França então ele ligava para Jason.

Sentia que estava perdendo Nico aos poucos. Não sabia se isso era coisa da minha cabeça. Mas me sentia assim. E não conseguia mudar isso.

A onda que me arrasta pro teu mar...Onde histórias criam vida. Descubra agora