A onda que me arrasta pro teu mar...

Segunda temporada- Capitulo 11- A luz

POV. PERCY

43800 horas. 1825 dias. 5 anos.

Cinco anos de casados. Bodas de madeira ou ferro- mas não é como se nós nos importássemos com isso. Faz 12 anos que nos conhecemos, que estamos juntos.

Faz dois anos desde aquela "turbulência" em nosso relacionamento que quase levou ao nosso divorcio. E se tem algo que eu fico feliz em dizer é que agora as coisas se ajeitaram. Não que tudo esteja perfeito, mas aprendemos a lição. Conversamos sempre e estamos tentando entender o outro a todo o momento. Esforçamos-nos para dar certo. E está funcionando. Isso me faz o homem mais feliz do mundo.

Minha carreira estava as mil maravilhas depois daquele dorama. Eu fui chamado mais vezes para fazer participações em doramas e depois fiz alguns filmes americanos também. Na Coreia, após descobrirem que eu era casado com um homem perdi alguns -muitos- "fãs", fiquei chocado ao saber o quanto uma boa parte daquele país era homofóbica, entretanto isso não afetou minha carreira de uma forma muito negativa. E eu ainda pensava em publicar um livro.

Mas Nico fez isso antes de mim. Ele publicou um livro de fotos que ele tirou ao redor do mundo em nossas viagens. Fotos de lugares desconhecidos e que mostravam a beleza das pequenas coisas. Minha foto preferida era a que ele tirou quando fomos à praia de Koh Lipe, na Tailândia, em que eu brincava com as crianças; o sorriso gigante no rosto delas era uma pequena amostra da felicidade pura e simples que faltava na vida das pessoas.

Voltando, hoje é nosso aniversário de 5 anos e eu preparei uma surpresa especial para Nico e eu espero mesmo que ele goste. Mas ele também fez algo pra mim, e eu não tenho a menor ideia do que é e isso me deixa muito ansioso. Coincidentemente o local da surpresa de Nico não é tão longe do local da minha, pelo que o caminho que estamos seguindo indica, e isso me deixa mais curioso ainda.

Por indicação de Nico eu estava de terno. Um terno azul safira com gravata preta e sapato preto e uma camisa branca por baixo. Já ele vestia um terno preto, sapatos pretos, uma gravata estilo borboleta também preta, com apenas uma camisa branca usada por baixo. Seu cabelo solto e, misteriosamente, arrumado e obediente. Ele estava deslumbrante.

Nico finalmente estacionou o carro e desceu me lançando um olhar que indicava que eu também devia sair do carro. Estávamos de frente para um dos melhores restaurantes de Los Angeles, meu preferido, na verdade. Não acredito que ele conseguiu uma reserva pra hoje! Tudo bem que é só dia 15 de setembro, mas é sempre difícil conseguir uma reserva. Eu tenho o melhor marido do mundo.

Abracei-o por trás beijando sua bochecha, meu sorriso iria rasgar o meu rosto a qualquer momento.

-Não acredito que conseguiu uma reserva aqui!- eu disse, animado.

-Uma reserva?- ele arqueou a sobrancelha e deu uma risada curta de deboche.

Mas o que...?

Assim que entramos no restaurante eu entendi. Ah, se entendi!

Estava vazio. Completamente vazio. Apenas uma grande mesa no centro arrumada com os talheres, pratos e taças chiques, como era de se esperar de um lugar como aquele.

Corri os olhos pelo lugar mais uma vez e percebi que não estava exatamente vazio. Thalia, Leo, Jason e uma garota ruiva estavam lá, num canto, sorrindo para nós.

A garota ruiva era a nova namorada de Thalia. Eu passei séculos dizendo que ela finalmente "desencalhou". Era uma piada sem graça, eu sei, mas tudo bem. O nome da garota era Rachel, ela era pintora, muito divertida e... Errr... Espontânea, digamos assim. Se conheceram em Nova York e agora a relação delas era tão complicada quanto a de Jason e Leo, já que Thalia não podia deixar a França e Rachel não podia sair dos EUA, não ainda.