Lilás e groselha

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Geralt de Rivia

Encontrar Ciri naquela floresta foi a última coisa que eu pensei que pudesse acontecer. Não acreditava nessa baboseira de destino, porém em anos vagando pelo continente, vendo tudo o que vi e aprendendo tudo o que aprendi, não existia outra explicação a não ser aquela:

O destino existia e Ciri era minha criança surpresa, eu querendo ou não.

Meses se passaram após aquele dia. Continuei procurando por Yennefer em toda a região, porém não existia nada que comprovasse que ela estava viva.

Não encontrei seu nome no enorme memorial que fizeram em Sodden Hill em memória a todos os feiticeiros e magos que lutaram bravamente naquele dia.

- Acho que consegui – Ciri sorriu e me encarou. Havíamos montado acampamento em uma parte isolada da floresta.

Nós últimos meses decidi ensinar algo a pequena, afinal ela precisa saber se defender quando eu não estivesse por perto.

- hum – notei a fumaça na fogueira e por fim a pequena chama – muito bem.

Ela sorriu ainda mais e foi até às sacolas procurar por comida.

Notei quando ela começou a comer uma maçã e procurar pelos pães, aqui me fez pensar que mesmo após tanto tempo, as lembranças daquela que me criou ainda estavam vivam em minha mente. Eu precisava saber mais, aquilo não poderia ter sido apenas um delírio, era real... Era ela... E eu precisava de respostas. Ela era minha mãe, não era? Mas o que aquela frase sobre pessoas ligadas pelo destino tinha a ver? Por que ela me deixou naquela estrada? Ela sabia que eu me tornaria um bruxo?

- Pra onde vamos agora? – Ciri me tirou de meus devaneios e me entregou uma pedaço de pão.

- Não sei, Cintra foi ocupada e ainda não podemos voltar. Melhor nos dedicarmos ao seu treinamento por enquanto.

- eu vou ser como você?

Seus olhos azuis brilhavam e eu respirei fundo. Jamais colocaria a vida daquela criança em risco com meu estilo de vida. O vínculo que tínhamos era muito mais forte do que eu conseguia compreender, eu nunca pensei em ter um filho, mas não tinha dúvida de que o que eu passei a sentir por Ciri era mais forte ou igual a paternidade.

Aquele pensamento me levou a Yen novamente, respirei fundo e passei a mão no rosto, estava cansado de pensar nela... Era doloroso demais.

- Você não será como eu, será melhor. Será a rainha que Cintra precisa.

- e como eu vou ser rainha se meu povo nem existe mais?

- eu não sei.

- mas você disse...

- Ciri – ela respirou fundo e voltou a comer, chegava a ser cômico como nossa relação progrediu nos últimos meses.

Por não querer que ela fosse exposta ao meu estilo de vida, sempre que precisa de dinheiro procurava um local seguro e a deixava me esperando até que terminasse de matar algum monstro ou caçar alguma peste.

Eu sempre podia contar com Yurga e Zola, que criaram um grande afeto pela princesa e sempre a mantinham em segurança quando eu precisava.

- estou com saudade de Yurga.

- Estamos próximos, se quiser podemos ver eles amanhã.

- Isso seria muito bom – disse sorrindo – Eu vou dormir.

- hum.

Ela entrou na pequena cabana que fez e ficou em silêncio. Ciri era habilidosa, porém estava acostumada a ter tudo e todos fazendo suas coisas. E ainda tinha o seu poder... Em uma situação extrema, onde fomos atacados por criaturas do vale, ela liberou uma espécie de poder antigo e nos salvou. Desde então não tocamos no assunto, porém é algo que preciso saber o que é e como fazê-la desenvolver aquilo.

The Witcher - The last wishOnde histórias criam vida. Descubra agora