Chapter Four

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5 de Maio de 2018 MedellínColômbia

Eu quero gritar, eu quero dizer algo e quero chorar, quero chorar mais do que já chorei. Eu não quero mais viver. Entretanto, eu pareço não ter voz para isso ou sequer forças para fazer isso, quando Hans me acordou de madrugada parece que eu perdi toda a força que eu tinha, que meu mundo desabou, eu não poderia jamais imaginar que coisas horríveis pudessem acontecer assim tão rápido e de uma vez, mas aconteceram. E quando Hans me acordou de madrugada, eu não consegui mais dormir, eu chorei bastante e acabei desmaiando, nunca havia me sentido tão fraca, mas nessa madrugada eu apenas não fazia ideia de como ainda respirava.

Meus pais morreram em um acidente de carro, estava chovendo muito, foi o que a policia rodoviária disse. Eles bateram no caminhão e a ajuda demorou a chegar, por causa da chuva. E eles morreram. Morreram, assim, rápido e sem qualquer aviso como a morte é. 

Eu perdi meus pais e consequentemente, meu mundo parece ter acabado. Ontem, eu havia ligado para eles, dizendo que estava ansiosa para ver eles no almoço no final de semana, eles iriam me ver. Eles estavam curiosos para conhecer o apartamento que eu aluguei para ficar mais perto da faculdade e eu disse que amava eles, então eu desliguei o telefone eu poderia ter falado mais com mamãe, falar que estava empolgada no meu primeiro dia na faculdade ou falar com papai sobre eu estar economizando para aprender a dirigir, ele ama carros e iria amar me ensinar, iria dizer para eles que eu estou ficando independente e não preciso mais tanto da ajuda deles, porque eu estou crescendo. Mas papai não vai me ajudar a dirigir porque eu perdi ele. E eu não pude dizer para minha mãe o quanto estava empolgada porque eu perdi ela também, eu perdi minha família. Meus pais, eu sinto tanta dor mas eu não posso fazer nada sobre isso.

Eu vi na televisão uma vez, um filme, uma série. Eu não consigo me lembrar. Mas que falava que a vida nos tirava quem amamos, porque de uma forma ou de outras tudo que temos somos nós. Entretanto, existe algo na filosofia africana que diz eu só sou, porque nós somos. E eu perdi meu povo, minha gente, minha família, perdi meus pais de uma vez, quem me gerou, eu perdi nós. E por isso, eu só consigo chorar.

Agora, eu tenho tanta coisa para cuidar, tantos papéis. Eu estou tão confusa. Mas pelo menos Hans está comigo. E mesmo que ás vezes ele pareça ser rude comigo, ele está no meu lado, ele me abraçou, ele beijou minha testa e disse que estaria no meu lado e ele está. 

— O advogado da minha família vai resolver as coisas da papelada, vamos descansar. -Hans fala colocando a mão em meu ombro. — Vou te dá um banho. -Ele sorri um pouco e eu concordo e fungo. Eu estou tão triste.

13 de Setembro de 2018 — Cidade do Panamá

Eu fui tão idiota. Eu acreditei tanto em Hans e ele pegou o dinheiro da herança que meus pais me deram para ele, além disso ele tomou a posse das casas. Uma em Bogotá e outra em Londres, mas eu descobri. Eu peguei meu dinheiro de volta ou a maior parte dele, consegui recuperar as casas, isso tudo porque felizmente meu tio avô voltou para Colômbia, bem a tempo de me ajudar e ele é um ótimo advogado e minha família também, ele é meu nós

Entretanto, eu não sei quanto Hans usou, de qualquer forma eu tenho o suficiente. A única coisa que sei é que ele está me ligando, como ele sabe meu número? Como ele sabe que estou no Panamá?

Estou paralisada e gostaria de dizer tantas coisas para ele, xingar ele, mandar ele para o inferno. Desejar que ele suma da minha vida, mas não faço isso, não digo nada. Eu só quero entender como ele conseguiu todas essas informações.

— Khola, eu sei que você ainda está aí. -Hans cantarola e eu pisco meus olhos várias vezes. Eu desligo meu telefone e começo a ofegar e tremer, o telefone cai no chão.

Stronger || H.S || CompleteOnde histórias criam vida. Descubra agora