05 de Outubro de 2018 — Londres — Inglaterra
Hans está preso, essa é a frase que venho repetindo na minha cabeça. Uma frase que me deixa meu dia mais leve, mais aliviado, mais alegre e mesmo com o sol relutando a aparecer nessa cidade, eu me sinto iluminada, me sinto bem. Saber que ele não pode me ferir, que ele está mesmo longe de mim. Isso é que me deixa melhor, sempre que acordo. Isso não me faz sentir tanto medo, como vinha sentido e meu tio me recomendou um psicólogo. Richard Fuller, eu não neguei, porque minhas crises de pânico foram horríveis, eu ainda tenho alguns gatilhos e Hans preso não vai resolver todos eles. Porque ele não é o único motivo dos meus traumas, das minhas dores, apesar de ser meu maior demônio. Hoje faz cinco meses da morte dos meus pais, tanta coisa aconteceu neste ano e ainda falta dois meses para ele terminar. É loucura imaginar como doze meses podem ser tudo e ao mesmo tempo nada.
E neste ano, eu fui quebrada de tantas formas, que nunca imaginei me ver respirando na forma que respiro hoje. O tempo não tem piedade ou misericórdia, ele pode demorar segundos para te quebrar, pode demorar minutos, dias, semanas, meses ou anos, comigo, ele não esperou nem que eu me recuperasse dos meus pais, quando Hans me deu o primeiro tapa. Eu deveria ter ido, mas eu fui tão estúpida. Eu estava tão mal que não conseguia assimilar tudo que estava acontecendo na minha vida, eu parecia dentro de um pesadelo e tentava transformar isso em um sonho, mas não foi possível e isso me quebrou mais.
Eu não deveria me culpar, meu tio está certo que a culpa é um sentimento venenoso e pesado demais, mas as vezes eu me sinto tão culpada. Mas hoje não é a culpa que me invade. É uma saudade enorme e pertinente, que pesa mais do que deveria além da dor da ausência que tenho deles, de sentir o abraço quente de minha mãe e ouvir os conselhos de meu pai. Então é, eu realmente deveria ir ter uma consultado com esse psicólogo Richard Fuller, talvez não seja de todo mal.
Porque tem coisas que eu ainda penso com frequência e não me sinto pronta para falar, talvez a consulta me ajude. Eu quero dizer que foi por causa de Hans e pela a perda dos meus pais que eu fui a uma ilha paradisíaca, buscar por renascimento, por redenção. E em contraste eu tive que ir embora correndo por causa de Hans, mas agora ele não é mais uma ameaça. Ele me tirou de lá tão rápido e deixou de ser uma ameaça mais rápido ainda. E isso, me fez sentir triste.
Mas um pouco depois de receber a notícia de Hans estava preso, eu tentei ligar para Harry. Mas ele não me atendeu, eu liguei quatro vezes e ele não me atendeu nenhuma vez. Na quarta vez quem me atendeu foi Dayse e ela disse enfurecida "Para de ligar. Ele não quer saber de você".
E eu imaginei que ele não fosse me atender mesmo, entretanto, no mesmo jeito eu fiquei triste, eu queria ouvir a voz dele, queria pedir desculpa, queria ter a chance de me explicar para ele, mas talvez eu o tenha de fato magoado. Só queria ter a chance de dizer que eu não queria ter ido da forma que eu fui, mas que as coisas não saíram na forma que eu queria. Porque tudo que vem acontecendo comigo esse ano é uma completa loucura e nada parece estar de fato acontecendo para me favorecer. Queria ouvir ele me chamando de gloriosa e tocando meu rosto. Queria abraçar ele. Mas ele não me atendeu e eu não vou me arriscar mais, ligando para ele. Porque, a verdade foi que eu quebrei ele me salvando de Hans. É um peso que vou te carregar, mas eu espero ter a chance de me redimir sobre isso. Realmente torço para me encontrar com ele novamente, porque o que eu senti com ele foi surreal e mais forte do que eu posso escrever em palavras.
Entretanto, agora eu deveria ligar para uma pessoa que vai de fato de me atender,Juan. Eu acabei de dá aula para minha grande e pequena turma de espanhol. São todas crianças de seis anos e elas são adoráveis ao mesmo tempo que são crianças. Então eu estou aprendendo como limitar elas sem parecer uma bruxa e ao mesmo tempo ser didática ao ensinar elas a saber falar minha língua nativa.
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Stronger || H.S || Complete
FanfictionUm relacionamento tóxico que aconteceu na vida de Khola, corroendo sua alma e seu espírito vitalício. A única saída que ela vê para se salvar, é sumir da pequena cidade que ela vivia na Colômbia. Rumo ao Panamá, um país na América Central, um lugar...