Capítulo Sete

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Théo

Cheguei no lugar marcado com antecedência, não queria que ela chegasse antes e ficasse me esperando, dei uma volta no shopping e escolhi o lugar ideal pra gente comer alguma coisa e conversar com tranquilidade, conforme o tempo passava eu ficava ainda mais ansioso; não parava de olhar para o relógio á cada instante, quando estava bem perto do horário marcado, voltei pra entrada do shopping e esperei ela chegar.
Eu estava distraído , envolto em meus pensamentos que nem vi a moto que vinha em minha direção; dei um passo pra trás quando notei e ela parou bem a minha frente... Era uma mulher dirigindo, notava-se isso pela meia calça preta que se perdia na saia preta que esvoaçava, fui subindo os olhos lentamente, observando a blusa preta de couro que ela usava, com decote em "V" , havia um colar preso em seu pescoço com pingente que eu não soube indentificar o quê é, mas parecia algo tribal... Ela foi tirando o capacete lentamente, fazendo os seus fios de cabelo esvoaçarem, revelando a sua maquiagem, um batom vermelho, bochechas coradas, olhos castanhos delineados, bem marcantes...ela sorriu quando me encarou e eu congelei. Ela estava linda, tão linda quanto eu já a tinha visto, parecia uma espécie de princesa gótica.
— Tentei não me atrasar, desculpa o susto, não imaginei que ia te assustar assim. — disse ela meio sem graça.
— Você pilota moto? — ela assentiu e eu me perguntava o quê mais eu não sabia sobre ela.
— É uma das minhas paixões. — falava da moto claro, mas eu fingi que ela falava de mim.
— Você é bem diferente do quê imaginei sabia? — sorri e ela ficou sem graça, deixou a moto ali estacionada e entramos, escolhi uma pizzaria bem tranquila pra ficarmos, era um ambiente bem propício pra uma conversa...
— E... Como você me imaginava? — perguntou ela quebrando o silêncio, assim que se sentou de frente a mim.
— Uma princesinha sabe... dessas meninas bem delicadas e recatadas, mas você me parece um misto de princesa da Disney com gladiadora gótica.
Ela gargalhou, em alto e bom som, depois levou a mão a boca pra abafar o riso, se ela soubesse como eu amava ouvir isso.
— Pode-se dizer que é assim! Sou uma princesa que gosta de beber muito, pilotar motos, fazer tatuagens e aceitar convite de estranhos pra sair. — Levantou a sobrancelha, uma atitude desafiadora, e ao mesmo tempo muito sexy.
— Ei! Eu não sou um desconhecido mais... E estamos aqui, justamente pra gente se conhecer não é, nos tornarmos bons amigos.
Ela assentiu, um tanto quanto decepcionada... Ou eu estava errado?
— Claro! Vamos pedir?
Pedimos pizza e cerveja.
Pra minha surpresa, ela realmente bebia muito, fiquei impressionado por ela ainda estar sóbria depois de tantos copos virados.
— Melhor você não beber tanto... Você tá de moto e corre o risco de me ligar pela madrugada me assediando. — ela engasgou com a bebida, tossiu e engoliu antes de falar.
— Me desculpa por aquilo, eu não me controlo muito quando estou daquele jeito...
— Tudo bem , pode me assediar o quanto quiser. — ri do seu nervosismo assim que vi suas bochechas corarem. — acho um charme como fica corada assim...
Ela revirou os olhos.
— Tá. É lindo quando fico vermelha feito um pimentão de vergonha. — disse em ironia.
Queria ter dito que era, mas tive medo de estar sendo muito atirado e assusta-la.
Conversamos muito aquela noite e eu descobri muito sobre ela, mas sentia que precisava de mais... Conhecê-la mais, tê-la mais perto.
Já estavamos indo embora do shopping, deixamos a moto no estacionamento de lá, pegamos um ônibus, paramos um ponto antes e fomos andando até a casa dela.
— Meu Pai vai me matar me vendo chegar sem a moto.— resmungou ela.
— Acredite, ele vai preferir você salva em casa e além do mais a moto tá bem guardada, não tem com o quê se preocupar.
Ela parou no meio da rua e me analisou, ainda tinha uma latinha de cerveja na mão, me estendeu sorrindo e eu a peguei de sua mão, dando um gole rapidamente.
— A gente não devia ter bebido tanto, amanhã vamos estar com uma dor de cabeça daquelas. — falei.
— Foi divertido. Eu queria que tivesse durado mais .— disse ela fazendo biquinho, com a voz entorpecida.
— É...eu também. — me ouvi falando.
Ela ficou parada na minha frente, feito uma estátua, porém cheia de vida, seus olhos titubeavam e não se desviavam dos me sentia despido pela maneira como ela me olhava, da mesma forma que uma criança admira um bolinho na vidraça da padaria... Ou talvez eu estivesse interpretando tudo errado, mas eu precisava saber se ela estava sentindo o mesmo que eu, ou era tudo uma coisa da minha imaginação, algo que eu estava inventando.
Lhe devolvi a cerveja, mas ela segurou a minha mão ao invés disso, fui pego de surpresa; devagar ela me puxou pra perto, estava a apenas três passos de distância dela.
— Eu geralmente faço coisas estúpidas quando estou bêbada, talvez seja porque me sinto um pouco mais destemida e corajosa.
Sua voz era um sussurro, sedutor e convidadito.
Dois passos de distância, mais trêmulas, coração acelerado e frio na barriga.
— Eu queria muito te beijar agora, pensei nisso a noite toda enquanto te ouvia falar...e com certeza, amanhã eu vou me arrepender de estar dizendo isso, mas...
Um passo de distância dela.
Um calor inexplicável percorrendo todo meu corpo.
Entrelacei as mãos em sua cintura e a puxei pra perto, tão perto que eu comseguia sentir seu peito muito rápido, o calor do seu corpo e como ela estava evidentemente ansiosa e nervosa por isso também... Estava tão perto que sentia sua respiração, tão perto que nossos narizes se roçaram... tão perto que eu comseguia ver seus lábios que já não estavam vermelhos, mas num tom rosado, tão sedutor e atrativo, tão convidativo...
Tão perto que pensei estar sonhando.
— Eu queria muito mesmo te beijar...—me ouvi dizer— mas não agora, não assim e nem aqui...
Ela me encarou surpresa, com os olhos confusos e deu um passo pra trás.
Um passo distante.
— Me desculpa Théo... eu... Você tem razão, eu não devia ter bebido tanto eu...
Se afastou um pouco mais e passou a mão sob a testa.
Dois passos distante.
— Não tem do quê se desculpar, eu também queria...quero e...mas...
Três passos distante.
— Tá tudo bem, você tá certo...
— A gente bebeu e... Como você falou, podemos fazer algo e acordarmos arrependidos.
Ela assentiu.
— Sim... é... Olha, é melhor você ir agora, amanhã a gente conversa e... Já tô pertinho de casa, daqui eu vou tá bom?
Assenti sem graça e arrependido.
Saco.
Eu não deveria ter interrompido assim.
Lhe dei um beijo sob a testa e a observei indo embora, cambaleando com seu all star em mãos, enquanto andava pela calçada descalça.
Eu me sentia um idiota nesse instante, não é que eu não quisesse beija-la, eu queria, cada particula do meu corpo queria, mas não assim, não embriagados... Queria que fosse diferente, em outro lugar, em outro estado , sóbrios... Não que fosse algo que ela pudesse se arrepender de ter feito no dia seguinte, porque por mim, eu sabia, sóbrio ou não, jamais me arrependeria disso.

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