Capítulo 5 : Theo

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Eu não sei como tive coragem de convidar ela pra sair, eu tímido, todo sem jeito, nervoso e com medo de levar um grande " Não" na cara; eu tinha que tentar, desde que vi ela , pela primeira vez, alguma coisa tinha acontecido comigo, eu tinha uma necessidade de ver ela de novo e principalmente de conhecê-la.
Daiane tinha algo em volta dela que era convidadito demais, na verdade tudo nela... Não sei ao certo o quê está acontecendo comigo, mas eu sentia medo dos meus sentimentos, e ao mesmo tempo, era bom... É como se eu estivesse totalmente vulnerável perto dela e não dava a mínima pra isso.
Ela tinha mexido comigo de uma forma diferente... Eu já não conseguia mais de parar de pensar nela, nos seus olhos castanhos, seu cabelo, liso, castanho, á não ser quando está contra o sol, que ganha um tom loiro... Os lábios dela, eu queria lhe encher de perguntas, só pra prolongar a conversa e assim ouvir um pouco mais da sua voz, e ver seus lábios se moverem conforme fala; ela é feito um poema que nos deleciamos ao ler, que nos traz paz ... Parecia tudo certo pra mim quando ela sorria, seu sorriso tão tímido, singular e singelo, único... Nunca vi um sorriso como aquele, fazia meu peito acelerar tão rápido e iluminava tudo em volta!
Meu Deus... será que eu tô me apaixonando?

Passei o dia de Natal ansioso para o dia seguinte, quando eu encontraria com ela; eu queria ligar, ouvir ela, dizer como eu estava ansioso pra lhe ver de novo, mas era Natal, preferi deixar ela curtir isso com a família em paz...
O feriado pareceu ser tão longo, não que eu não estivesse feliz de estar com a minha família, não que isso não fosse bom, mas eu estava inquieto, ansioso demais pra que aquele dia acabasse.
- Filho, o quê você tem? - ouvi minha mãe perguntar curiosa, estava de frente a mim na mesa de jantar, meu pai e meu irmão me encararam no mesmo instante, esperando uma resposta minha enquanto comiam rabanada , a mesma estava farta de comidas típicas dessa data.
- Aamm... nada mãe, tá tudo tranquilo. - respondi tomando um gole de refrigerante.
- Então não existe motivo pra que você esteja batendo o pé embaixo da mesma, titubeando os dedos por cima dela e checando o celular de dois em dois minutos, certo? - perguntou ela com um sorriso irônico no rosto.
- É uma garota? - perguntou meu Pai.
- Quê garota se interessaria por esse bocó?! - implicou meu irmão.
- Não tem nada acontecendo gente, pelo amor de Deus, comam em paz! - respondi tentando não demonstrar emoção.
- Se fosse uma garota, ele me falaria, não é Theo? - censurou minha mãe.
Bufei e revirei os olhos, odiava ter essas conversas com meus pais, não que já tivesse tido muitas vezes, ninguém nunca me despertou o interesse á esse ponto, de me abrir com meus pais para falar sobre, ou até mesmo apresentar pra eles, nunca cheguei á isso.
- Ah, deixa o garoto, se ele quiser falar ou não, isso é coisa dele. - respondeu meu pai, deixando a minha mãe com um bico no rosto de insatisfação e piscando pra mim , sussurrando algo que me fez entender que ele disse : "muito bem garanhão".
Voltei a comer prestando atenção no que eles conversavam a mesa, sobre os planos do meu irmão de ir na faculdade no próximo ano e do meu pai que buscava uma promoção, fiquei me policiando pra não ficar mais tão evidente o meu nervosismo e ansiedade, mas isso foi por água agaixo quando meu celular começou a tocar e vi que era ela... Meu coração acelerou e imediatamente me levantei da cadeira.
- Onde pensa que vai assim? - gritou meu pai.
- É meu médico, preciso atender. - foi a pior desculpa que eu poderia ter inventado, mas foi a primeira coisa que me veio a mente, corri pra varanda e atendi de imediato.
- Baixinha.
- Feliz Natal ! - disse ela, quase que gritando, estava barulhento, dava pra ouvir música tocar ao fundo e a voz dela denunciava que estava alegre até demais.
- Feliz Natal Day... Como está sendo pra você aí?
- Ótimo, e pra você?
- Ah,bom , coisas em família, sabe como é...tudo certo pra amanhã? Ainda está de pé?
- Com toda certeza gatão! Tô louca pra te ver e beijar você inteiro... - ela sorriu no fim da frase, senti minhas bochecas arderem como se ela estivesse ali e pudesse me ver, certo, ela estava bêbada, com toda certeza.
- Fico feliz, é... Nós conversamos melhor amanhã, melhor você tomar um pouco de café e deitar.
- Se ao menos você estivesse aqui... - isso me fez gargalhar tão alto que minha mãe apareceu na varanda, com confusão estampada na cara.
- Certo, eu te vejo amanhã... Espero que esteja melhor. Se cuida.

Desliguei e fiquei esperando o interrogatório iniciar.
- Seu médico parece importante pra você... Está tudo bem com ele?
- Está... só está levemente alterado. - menti em partes, ainda rindo .
Minha mãe estava desconfiada, me encarando com a sobrancelha erguida.
- Traga ele pra jantar aqui qualquer dia, qualquer um que é importante pra você, é alguém que eu quero mesmo conhecer. - dizendo isso ela se aproximou me beijando a testa e saiu.

O fato é que ela não é nenhuma boba e certamente desconfiava que meu médico não era médico...
Mas a realidade é que, ainda sabendo que ela estava bêbada e certamente por isso me ligou, eu estava feliz; me perguntava o quê tinha naquela garota que fazia com quê cada partícula e molécula do meu corpo desejasse estar perto dela...
Depois daquilo eu fui me deitar e esperar o dia seguinte vir... Esperar os minutos para lhe ver, sentir seu cheiro, contemplar seu sorriso e me perder no seu olhar; apesar de quê, desde da primeira vez que eu a vi , não senti que estava me perdendo...Senti que estava me encontrando; como se eu tivesse acabado de encontrar aquilo que sempre precisei, aquilo que nem eu mesmo havia me dado conta que procurava.

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