Capítulo Doze

15 3 4
                                    

Meu coração estava capotando, batia tão lentamente que parecia que eu estava morrendo... Acordei em um hospital, com alguma coisa espetada na minha vida, eu abri os olhos lentamente e Mônica foi a primeira coisa que eu consegui enxergar em um borrão.
—Graças á Deus Day! Isso lá é hora de desmaiar, você me deixou louca!
Meu corpo estava adormecido, pesado, como se eu tivesse engordado uma tonelada, mas eu me sentia fraca, como se nenhum dos meus sentidos me obedecessem agora.
— O Theo... Onde ele está?
Vi Mônica morder o lábio inferior de leve, receosa, como se estivesse querendo me esconder algo.
— Vamos conversar sobre isso depois, você passou mal exatamente porque passou por uma emoção forte demais.
—Monica, não me esconde nada, onde e como ele tá?
Mônica me conhecia bem, eu não era de ceder fácil e iria arrancar isso dela custasse o que fosse.
— Ele está em coma, em observação, ainda não sei se é grave ou se corre algum risco Porque só passam essa informação pra família.
Eu quis gritar, levantar dali e ir atrás dele estivesse onde fosse, mas o meu corpo não respondia por mim, estava fraca demais.
— Eu queria vê-lo! Como isso foi acontecer? Eu sabia Mônica, que algo ruim ia acontecer, eu senti isso quando ele foi lá em casa, tive um pressentimento ruim, eu não devia ter deixado ele ir.

— Eu devia bater na sua cara cara. Você não teve culpa disso, cala a boca e para de falar besteira. Se acalma, você precisa ficar bem , e depois a gente vê se pode ver ele...
— Então ele tá aqui? — Mônica assentiu e isso foi o necessário pra mim, arranquei o troço ligado ao meu braço e saí daquele quarto às pressas, ignorando quão fraca estava e as pessoas nos corredores se assustando ao me ver andando pelos corredores gritando o nome de Theo.
— Theo! Theoooooo! — uma enfermeira se aproximou de mim me censurando, dizendo que eu não poderia gritar, mas eu ignorei totalmente os gritos dela e os de Mônica atrás de mim, meu coração agora palpitava tão rápido que parecia que sairia pela boca e só chamava por ele, eu só precisava vê-lo.
Andei pelos corredores até ver um rosto familiar de frente á um dos quartos, o amigo de Théo estava ali junto com mais três pessoas, sequer perguntei, eu sabia que aquele era o quarto dele, em um ímpeto eu entrei, sem cerimônias e sem esperar permissão e a cena que vi me partiu o coração... Haviam ataduras lhe cobrindo o rosto, braços e uma das pernas, estava dormindo, um sono profundo, um silêncio longo que só era rompido pelo bip da máquina ao seu lado... Senti as lágrimas lavarem meu rosto quando toquei suas mãos, que já não respondiam ao meu toque, era como ele não me sentisse ali, não sentisse meu toque, mas eu sentia demais naquele momento, tudo e todas as coisas... Medo, esperança... Uma ânsia de me deitar sobre ele ali, ficar do seu lado até que seus olhos abrissem, e ao mesmo tempo de sair correndo dali , voltar pra casa e acordar no outro dia descobrindo que foi tudo um pesadelo.
Mas não era .
Era bem real.
Mas é Claro que era, Theo era perfeito demais pra mim, alguma coisa teria que ocorrer afinal pra ele escapasse das minhas mãos; eu me sentia extremamente frágil ali agora e foi então que eu percebi que o amava... Percebi isso pelo quanto que eu me sentia vulnerável e forte perto dele e por ele; percebi isso Porque a mínima ideia de perdê-lo me fazia sufocar, fazia meu coração se comprimir por dentro.
— Você não pode ficar aqui. Saia. Precisa ter respeito, nem mesmo os familiares puderam ficar. — disse uma enfermeira que entrou e já foi me puxando porta agora e foi então que notei, que aqueles na porta do quarto onde Theo estava deviam ser seus pais... Encarei a mulher antes de passar por ela, com olhos marejados abraçada com o marido, Theo tinha os olhos dela e todo o resto do pai, queria me aproximar e me apresentar, agradecer por terem trazido Theo pra mim nesse mundo, mas era o momento errado pra isso, quando todos nós estávamos com medo de perdê-lo.
Então deixei a enfermeira me guiar de volta ao quarto onde eu estava e voltei á ser medicada.
— Isso vai te acalmar um pouco, vai se sentir um pouco cansada e sonolenta , mas isso vai te ajudar.— disse a enfermeira espetando algo sob meu braço que eu nem mesmo senti doer, Porque a dor dentro de mim era muito maior que qualquer outra.
— Eu vou ficar aqui com você. — ouvi Mônica dizer. Eu assenti já sentindo minhas pálpebras pesarem, sentindo que estava sendo vencida pelo sono.
— O quê ela é do menino em coma? — ouvi uma voz bem ao fundo , como se estivesse muito longe de mim...
— Eles estavam namorando ao quê parece...e eu nunca vi ela assim antes por ninguém. — parecia a voz de Mônica muito distante.
— Coitada! Vai precisar ser muito forte pro quê vem pela frente... quando ela acordar é melhor eu estar por perto, porquê pode ser que ela precise de uma dose mais forte dessa...
— Acha que ele... — Mônica não completou.
— Acho que ele precisa de orações, já vi casos como o d l e acredite... só um milagre.

Um Acaso Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora