Notas Iniciais
• Edit [05/05/20]: correção geral de erros encontrados com o tempo; aprimoramento da narrativa e acréscimo de alguns pensamentos.
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As pessoas se tornam surdas diante daquilo que não estão preparadas para ouvir.
Não apenas as pessoas, mas os demônios também. Talvez esse seja um mal de todas as criaturas do universo. Talvez a dor de algumas verdades seja grande demais até para aqueles que não deveriam ser capazes de senti-la. Ou, talvez, justamente por não sentirem é que a importância do saber pareça irrelevante aos seres celestiais. Muitas vezes, a dor está presente naquilo que precisamos valorizar em nossas vidas e, sem ela, não sabemos o que devemos ou não absorver das nossas experiências.
Para Belial, um ser incapaz de vincular emoções às vivências, esse processo era muito mais complicado. Por isso, tudo o que ele conseguia lembrar da fase de treinamento na Cidade dos Anjos, era que não deveria, sob hipótese alguma, nem se estivesse em risco de vida (independente de como isso pudesse acontecer), deixar Jimin descobrir a verdade.
Ele deveria entrar e sair da vida de Park Jimin como uma onda que cai sobre a areia da praia, destrói tudo e, cautelosamente, se esvai. Uma analogia, é claro. Por lógica, Belial não poderia destruir nada na vida de Jimin. Nada. O humano, em contrapartida, tinha o poder de destruir tudo aquilo que tocasse com suas perigosas mãos minúsculas.
— Você está me dizendo que eu vou ter que ensinar um bando de crianças a cuidar de animais? — perguntou o demônio de maneira incrédula, depois de ouvir toda a listagem de seus afazeres como professor. — Tipo, animais de verdade? A dar comida, limpar e sabe-se lá mais o quê?
— Isso mesmo. — Responde o mais baixo, cruzando os braços. — Sabe, eu ficava com todos os serviços e atividades externos antes de você chegar, mas não estava dando muito certo. Eu pisei em três pintinhos no último ano.
Jungkook enrugou a testa. Tinha a certeza de estar ouvindo aquilo que Jimin dizia, mas, de alguma forma, algo pareceu subitamente estranho. Como se alguma parte de seu cérebro tivesse se desconectado do mundo real, deixando um espaço em branco entre as palavras do garoto loiro, agora, repentinamente, ilógicas e desconexas.
Três o quê?, queria perguntar, mas não teve tempo de transformar o pensamento em algo verbal, porque Jimin deu um tapa despretensioso em seu ombro e disse:
— Você tem quarenta minutos para se sentir em casa ou sei lá, enquanto eu vou recolher as crianças para a última aula. Depois, quero que você me encontre na sala 13, no segundo andar. E, por Deus, tire esse cabelo da cara quando for se apresentar, seu delinquente.
Depois de passar o recado, Jimin dá meia-volta e se afasta do mais alto, deixado na porta do que seria seu mais novo quarto. A ira do demônio começou no momento em que se virou para olhar aquele... cômodo. Mal poderia ser chamado de quarto, de tão pequeno! Sem contar na poeira, no chão de madeira que range a cada passo, na cama de colchão duro e no cheiro absurdamente sufocante de mofo por todos os cantos. Jungkook havia perdido sua preciosa cobertura de luxo no Centum Star para ficar, literalmente, em um armário. Enquanto recebe ordens de um garotinho desprezível com uma bunda maravilhosa. E boca carnuda. E rosto angelical.
— Deus coloca um garoto feito o Jimin no meu caminho e depois vai criar boatos mentirosos sobre eu espalhar a luxúria pelo mundo — resmunga o demônio, indo até a pequena janela quadrada ao lado da cama. — A culpa é totalmente Dele por criar uma delícia dessas.
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PROTECTED • jjk + pjm
FanficA lista de nomes que Belial poderia ser chamado era grande: Rei do Inferno, O Oposto da Luz, Primeiro-Comandante de Sheol, Ex-Anjo da Virtude, Demônio da Arrogância. Ele sentia orgulho de toda a sua infindável lista com milhares de respeitáveis títu...