[13] pearlescence

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[!!ATENÇÃO!!]

O capítulo a seguir contém:

• Relacionamento abusivo: representação detalhada de abuso psicológico/manipulação.

O início da cena será identificado por um asterisco (*) no início do parágrafo, enquanto o final da cena será identificado por dois asteriscos (**) no início do parágrafo, o qual já poderá ser lido. Por favor, pule a cena específica se isso for um gatilho para você.

⩝⩝

Uma das piores partes de nunca conseguir dormir bem, com certeza, é o costume. Em algum momento, o cansaço se torna indiferente; a dor de cabeça parece se comprimir cada vez mais, até virar uma sensação incômoda, mas não mais suficiente para ser um obstáculo; os chás e remédios deixam de fazer efeito — e você desiste — ou se tornam um vício — e você vira um refém. Park Jimin, feliz ou infelizmente, havia desistido. Não se lembrava mais qual teria sido o momento em que os sonos perturbados se tornaram parte de sua existência, mas acreditava ter sido antes mesmo de atingir a maturidade necessária para compreender que havia algo de muito errado acontecendo com sua vida.

Talvez, se tivesse amadurecido a tempo, se tivesse se tornado adulto mais cedo do que as outras pessoas do mundo, mesmo que fosse apenas um rapaz de treze anos, não cometeria erros tão irrecuperáveis; tão insolúveis e imperdoáveis. Talvez, se tivesse mesmo amadurecido a tempo, em contrapartida, acabaria tendo noção mais cedo do que gostaria de que não havia mais salvação para ele. Porque o problema não parecia provir apenas de seus pecados e erros grotescos; vinha do todo. De toda a sequência de dias torturantes que se deu início no momento em que nasceu.

E, provavelmente, esse havia sido o principal motivo que o fizera acreditar, por tanto tempo, que sofria de uma terrível e irreparável insônia. Acreditava ser outro problema enraizado em sua vida, o qual deveria ignorar pelo mesmo período de tempo em que pudesse sobreviver com os sintomas já quase totalmente absorvidos pelo organismo. Isto é, até aquele momento. Até aquela noite livre de pesadelos, que o fizera, em um lenitivo transitório, dormir imerso na mais profunda escuridão e calmaria.

Sentimentos estes que, aos poucos, começaram a abrandar com o início da manhã, prolongando-se até o início da tarde, quando um calor sem origens racionais pareceu atravessar paredes de pele e carne, até contrastarem com o frio sempre presente nos ossos de seu corpo; um frio psicológico, quase solitário, sendo ferido pelo calor insuportavelmente intenso e sufocante que o cobria.

Jimin resmungou. Espremeu os olhos, ainda fechados. Resmungou novamente. E percebeu estar deitado contra uma estrutura pouco familiar, rígida e fervente, com cheiro suave de bambu. Torceu um pouco o nariz, antes de incliná-lo um pouco mais em direção à nota amadeirada do aroma, estranha e peculiarmente natural. Era bom. De alguma forma, era bom de verdade.

Apenas quando apalpou a superfície, que agora não parecia mais tão rígida quanto antes, é que percebeu estar em cima de algo móvel. Flexível o suficiente para a mão afundar um pouco, como se estivesse apalpando um travesseiro preenchido por água. Deslizou o toque para cima, sonolento, ainda pouco presente no plano da realidade, até a superfície mole voltar a endurecer, na mesma medida em que aproximava a mão do próprio rosto. Então, abriu os olhos — as pálpebras pesadas e os cílios grudentos de um sono há muito tempo não tão proveitoso assim.

Levou segundos necessários para conseguir piscar com mais naturalidade, adequando-se à claridade provinda da janela aberta, e prolongar o esmagar da bochecha contra o que parecia se tornar cada vez mais estranho. Cada vez mais suspeito. E apenas ao se esforçar, finalmente, para erguer o rosto, é que Jimin percebeu não estar em cima de uma estrutura objetal; o que parecia ser um travesseiro de água, era, na verdade, a barriga de alguém, enquanto a superfície mais firme indicava o peitoral. Não de qualquer alguém, mas de Jungkook.

PROTECTED • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora