T1.E3 - História Maite

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Pov Maite

Desde que me recordo a minha vida sempre foi uma merda, não me lembro de poucos momentos feliz e alegres em casa e com os amigos. Acabei me acostumando a sempre ser tudo ruim porque sabia que nada mudaria.

Minha mãe morreu quando eu tinha doze anos e as coisas só pioraram indo ladeira abaixo. Até os meus doze anos vivi com minha mãe e meu pai, todos os dias eles brigavam. Não havia um dia, uma hora ou um minuto de silêncio e paz na minha casa. Eu vivia em meio a um fogo cruzado, todos os dias tinham brigas que as vezes era por coisas simples e idiotas, todos os dias eu escutava os discursos de ódio sendo ditos aos gritos e berros. Os vizinhos escutavam, mas não faziam nada. E quando me perguntavam eu sorria e dizia que estava tudo bem quando na verdade minha vontade era de fugir, gritar e chorar durante todo o dia. Lembro-me que quando as brigas eram mais intensas eu me escondia debaixo da cama e só saía de lá no outro dia de manhã. As vezes minha mãe saía e sumia por dias, às vezes voltava bêbada com um cheiro forte de álcool, às vezes voltava descabelada ou com uma roupa diferente, e isso só gerava mais brigas com meu pai que as vezes também sumia por alguns dias voltando bêbado, quando meu pai sumia minha mãe me levava para comer hambúrguer era quando eu achava que teríamos algum momento de paz e felicidade, mas ela logo voltava a falar mal do meu pai e a reclamar da sua vida medíocre.

Quando minha mãe morreu, mesmo que fosse errado, eu agradeci. Pensei que tudo melhoraria, não haveriam mais brigas, me equivoquei. Algumas semanas depois da morte dela meu pai começou a beber mais que o normal, bebia muito, bebia sem parar, as vezes até desmaiar. Toda vez que ele bebia ficava agressivo, nós quase nunca conversamos e eu me sintia mais sozinha que nunca. Todo fim de semana tinha uma mulher diferente em casa, e o pior era elas tentando mandar em mim, mas sei que não seria a mesma no próximo fim de semana e só ignorava.

Assim que eu completei dezesseis anos meu pai exigiu que eu trabalhasse para ajudar nas contas de casa, mas eu sabia muito bem que essas contas eram as cachaças dele. No dia do meu aniversário ele não falou comigo, não me desejou parabéns e nem nada do tipo. No dia seguinte ele falou comigo, eu estava na esperança que ele talvez tivesse esquecido e fosse me desejar parabéns, mas não. Meu pai não havia se esquecido, pelo contrário, se lembrou muito bem.

- Maite, precisamos conversar.

- Sim! - Eu ainda mantinha esperanças.

- Você completou dezesseis anos, está na hora de começar a trabalhar e ajudar nas contas de casa. Não vou te sustentar pra sempre, precisa criar responsabilidade, precisa amadurecer. - Falou ele e eu me decepcionei ao escutar aquilo, ali todas as minhas esperanças se acabavam. - Você tem um mês para conseguir um emprego, espero que consiga ou então será castigada para aprender.

- Sim senhor! - Falei saindo dali.

O mês passou voando e conseguir um emprego não foi nada fácil, mas ao final do prazo consegui um emprego como aprendiz ganhando meio salário, contei ao meu pai e ele não expressou nenhum sentimento. Quando recebi meu salário tirei vinte e cinco por cento pra mim e dei a ele o restante, mas não foi suficiente e outra vez me decepcionei.

- Só isso?

- Eu peguei uma parte.

- Me dê.

- Mas pai... - Tentei falar, mas ele me interrompeu sem ouvir.

- Me dê. - Ordenou ele outra vez, peguei a minha bolsa e entreguei a ele todo o meu salário.

- Cadê o resto?

- Não tem, isso é tudo o que eu tenho.

- Está trabalhando o mês inteiro para me entregar isso? - Falou ele um pouco exaltado porque já estava bêbado.

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