Capítulo 1

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100 anos depois
Ano de 1560, século XVI
Transilvânia, Romênia

Ariele Özdemir

— por favor senhor, só peço mais um pouco de tempo, eu prometo que pagarei  tudo que estou devendo.

Eu estava ao lado da minha mãe enquanto o meu pai tentava pedir mais tempo para o cobrador de impostos ali presente.

— Você já recebeu tempo demais! Tem que pagar o que deve! Já fazemos muita deixando você viver em nossas terras. O que pensa? Que o nosso príncipe tem obrigação de sustentar gente pérfida como vocês?

Meu pai baixou a cabeça humilhado sem poder fazer nada, era sempre assim, nossa família era sempre humilhada por essas pessoas, principalmente o meu pai que era turco.

Sim, o meu pai era turco. Conheceu minha mãe quando veio entregar uma carta para o rei em nome do sultão e logo eles se apaixonaram e se casaram, mas o meu pai não pode voltar para seu país depois de se casar, pois além de eles não aceitarem casamentos com pessoas de fora do seu religião a minha mãe era romena e para eles isso era quase um crime.

Então meu pai e minha mãe decidiram continuar na Romênia, mas para isso acontecer meu pai teve que abandonar a sua casta, suas crenças e se converter no cristianismo, e assim ele fez. Mas para a maioria das pessoas o meu pai ter abdicado de tudo isso não significa nada, pois ele ainda tem o sangue turco nas suas veias, e isso sempre causava dificuldade para o meu pai na hora de conseguir trabalho.

Meu pai estava trabalhando como moleiro e eu e minha mãe vendíamos fitas de cetim no mercado, mesmo assim não era o suficiente para comprar o que precisávamos e pagar os impostos.

Nós mal tínhamos dinheiro para comer imagina pagar os impostos que já estava muito alto por causa dos atrasos.

Meu pai olhou para o homem a sua frente e tentou pedir novamente.

— por favor não temos como lhe pagar, é uma quantia muito alta e o que temos mal dá para comer.

— isso para mim não importa você vai pagar o que deve de uma forma ou de outra! — vir quando o olhar daquele homem parou em mim e um sorriso se formou em seus lábios — a sua filha agora é propriedade do príncipe! E só vai voltar a vê-la novamente quando pagar tudo que deve.

Assim que aquele homem terminou de falar eu já estava do lado dos soldados tão rápido quanto um piscar de olhos.

— ME SOLTEM!!!

— soltem minha filha!!

Meu pai correu em minha direção enquanto eu me debatia nas mãos dos soldados, mas antes que ele pudesse se aproxima de mim um dos soldados o empurrou, e o meu pai foi de uma forma extremamente violenta contra a parede e caiu desacordado no chão, logo me desesperei comecei a gritar.

— PAI, PAPAI!!!

O mesmo soldado que o empurrou ia para cima do meu pai novamente quando a minha mãe se colocou entre os dois.

— não! Não o mate por favor, ele é só um pai desesperado.

O soldado olhou para o homem que há poucos minutos nos cobrava impostos e o mesmo fez sinal com uma das mãos para que deixasse.

Sem dizer mais nada ele saiu da minha casa enquanto os soldados o seguiram me levando junto com eles, eu me debatia tentando me soltar o que era totalmente inútil, o soldado que me segurava parecia não fazer muito esforço para me manter firme ao seu lado.

Antes de passar pela porta pude ver minha mãe chorando ao lado do corpo caído do meu pai, observando toda cena sem poder fazer nada para me defender.

Drácula - Entre as sombras do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora