A tão esperada conversa

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  Assim que o sinal soou o professor adentrou a sala, com uma vasta expressão de cansaço em sua face já enrugada pela idade

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  Assim que o sinal soou o professor adentrou a sala, com uma vasta expressão de cansaço em sua face já enrugada pela idade. Sem qualquer delicadeza ele jogou — de uma forma rude — suas coisas sobre a mesa, pouco importando-se se fossem quebrar, em seguida olhou por cima dos óculos para a sala que estava um caos e com quase todos fora de seus lugares.

— gente, cooperem comigo por favor — sua voz expressava o seu cansaço — mal começou a quarta-feira e vocês já estão impossíveis — exausto ele se sentou na cadeira para somente depois prosseguir — por favor, sentem- se em seus lugares.

  Irritados com o professor, pouco a pouco, cada aluno foi sentando-se em seus devidos lugares, inclusive Celine que sentou-se novamente no seu antigo assento — a carteira a frente da minha. Contente com a atitude dos alunos, o professor se levantou de sua cadeira sorridente, indo diretamente para a lousa em busca de um giz para começar a primeira aula do dia.

  No momento em que ele começou a escrever na lousa, abri o meu caderno sabendo que eu teria que copiar um longo texto, ao mesmo tempo que Celine virou-se para me encarar, tendo uma expressão de cansaço em seu rosto. Forçando um sorriso ela observou atenciosamente cada passo dado por mim, para somente então dizer o que desejava.

— ele é um saco, não é? — sua voz era baixa para que ele não a ouvisse.

  Antes de responder voltei meu rosto para onde o professor, que se encontrava ainda de costas para nós escrevendo na lousa. Percebendo que ele não estava prestando atenção na nossa conversa, assenti rapidamente, concordando com o que ela havia dito.

  Satisfeita, Celine virou novamente as costas para mim e passou a prestar atenção no senhor entretido com o quadro negro. Com um sorriso no rosto, retornei minha atenção para o caderno e comecei a escrever nele.

  Quando estava prestes a terminar o texto a atenção de todos foi destinada a porta da sala — inclusive a do professor que acabou deixando o giz cair, antes de terminar de escrever — e murmurinhos começaram. Curiosa para saber qual o motivo de tanto alvoroço, segui o olhar deles até chegar a porta, onde vi que o Heitor se encontrava lá encostado no batente da porta, enquanto tinha os braços cruzados e uma expressão de sofrimento no rosto.

  Ele continuava tão bonito como sempre, com os musculosos braços cruzados e o olhar fixo em mim, me fazendo relembrar tudo o que havia acontecido entre nós.

  Receoso e gaguejando, o professor destinou a palavra ao jovem recém chegado: entre e sente-se Heitor.

— eu não vim para a aula, professor — descruzou os braços e deu alguns passos até entrar oficialmente na sala —, a verdade é que eu desejo falar com a Raquel.

  Instantaneamente todos os olhos daquela sala se viraram para mim, alguns com sorrisos maliciosos nos rosto e outros com a cara emburrada, mas o que era unânime ali era que cada um esperava para ver minha reação. Amedrontada pelos olhares, me encoli um pouco na cadeira e abaixei o olhar para o meu caderno aberto sobre a mesa.

Lua azul {HIATUS}Onde histórias criam vida. Descubra agora