Lua azul {HIATUS}

Uma luta, uma descoberta

  Assim que o entardecer caiu sobre o pacato domingo, decidi que eu não aguentava mais ficar entediada em casa, por esse motivo vesti um vestido tubinho preto, o qual chegava a altura dos joelhos e era de alcinhas, com um decote profundo em formato de V, já nos pés eu calcei uma sapatilha preta, deixei os cabelos solto sobre os ombros e sai de casa apressadamente, minha intenção era fazer uma surpresa para o Heitor e matar as saudades.

  Diante das ruas calmas e desertas de Coly Hills pude respirar o ar puro proporcionado pelas árvores em excesso que antes me irritavam, mas com o passar do tempo me fez amar estar longe do ar poluído. Aquele lugar era cheio de encantos, não somente pelo segredo dos lobos e sim por cada detalhe presente nele.

  A medida que eu ia me afastando dos portões de casa diminuía o ritmo dos passos, em busca de poder apreciar cada detalhe daquela tarde fresca e única. A brisa leve brincava com meus cabelos, como se os penteasse para trás, fazendo um novo penteado em meus fios loiros, a mata ao meu redor estava silenciosamente e poucos carros passavam pela larga estrada.

  Não era tão tarde, tão pouco passava das 14h mas se tratando de um domingo, todos os moradores estavam repousando em casa ou fazendo outra coisa, a qual não fazia ideia do que fosse. Mesmo estando lá a algum tempo, os inúmeros mistérios não estavam solucionados por completo, faltava muita informação para que eu pudesse me arriscar a dizer "eu conheço tudo de Coly Hills", a verdade era que eu ainda me parecia como uma estrangeira naquele lugar.

  Depois de alguns minutos caminhando silenciosamente, eu finalmente estava próxima da casa do Heitor e agradecia aos céus por isso, afinal a sapatilha estava começando a machucar meu calcanhar, fazendo com que cada passo dado por mim fosse incomodo. Foi uma péssima escolha de sapato considerando que eu tinha ideia do quanto andaria, entretanto a sapatilha era perfeita em conjunto com o meu vestido e eu não queria andar feito uma palhaça por aí, por esse motivo era impossível calçar outra coisa que não fosse ela.

  Adentrei a mata sem exitar por um minuto se quer e apressei o passo para que eu chegasse mais rápido a casa do meu namorado, mas no momento em que dei meu terceiro passo um pequeno grupo de lobos, constituído por cinco integrantes, me rodeou. Entre todos eles eu não conseguia reconhecer nenhum, o que significava que nunca havíamos nos visto antes, pelo menos não com eles na forma animal.

  Sem entender o que estava acontecendo tentei seguir meu caminho, mas o lobo marrom — que se encontrava a minha frente — rosnou mostrando os dentes, então fui obrigada a parar e os encarar com dúvida.

— o que foi? — perguntei confusa.

  Permaneci imóvel esperando por uma resposta em forma de palavras, mas a única que recebi foi uma mordida dolorosa, que partiu do lobo que estava atrás de mim. Surpresa encarei meu braço agora sangrando e com uma marca de mordida enorme, a qual foi feita sem motivo algum.

  O lobo marrom fez menção a me atacar, igualmente ao outro, mas antes que ele conseguisse me abocanhar, saltei o lobo da minha direita e saí correndo entre as árvores, em busca de despistá-los de alguma forma. Depois de correr sem parar por mais de cinco minutos e não ter mais ideia de onde eu estava, com eles ainda na minha cola, decidi gritar por socorro, claramente sem diminuir o meu ritmo.