PARTE III

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Perdi o Jaehyun de vista ao mesmo tempo que Doyoung aparece novamente no campo da minha visão, com os seus olhinhos pidões e com o seu sorriso gentil, logo ele me pede para acompanhá-lo até a loja de conveniências mais próxima, para comprar as novas caixas de fogos de artifícios, e aceito prontamente com um sorriso singelo.

Acompanho-o até a loja, conversando sobre as novidades que o festival da nossa escola estava trazendo esse ano e outros assuntos banais. Entre gracinhas e conversas com um grande grau de informação, compramos as caixas e refizemos o caminho de volta para o local dos preparativos.

No caminho todo de ida e volta os meus pensamentos estavam dominados pela minha última discussão com o Jaehyun e sobre as atitudes dele.

Por que ele teria ciúmes de mim com o Dodo? Doyoung deixava bem claro desde sempre que o seu coração pertencia a Akira, mas parece que Jae não tinha percebido ou ficava com dúvidas dessa afirmativa dele.

Por que eu não conseguir reafirmar pra ele e nos tranquilizar sobre esse assunto? Por que joguei de volta que não tínhamos nada? Ele queria que eu respondesse diferente? O que ele queria que eu respondesse? No fundo eu sabia que queria que tivéssemos algo pra todo esse ciúme que ele estava tendo, tivesse alguma lógica, ao mesmo tempo, que me mostrasse algo que as minhas profundezas estavam com medo de ver.

Contudo, todas as minhas perguntas foram silenciadas e distorceram as suas possíveis respostas, quando vi Jaehyun com aquela garota.

Quem era aquela garota?

– Ji Soo, por que? – responde Doyoung, prontamente e curioso, olhando na mesma direção que eu enquanto percebo que acabei de dizer os meus pensamentos em voz alta – vocês têm que se resolver, já basta a minha paixonite ser meio lenta pra essas coisas. – repreende, encontrando o meu olhar – vocês já deveriam estar em outro patamar em relação ao relacionamento e os sentimentos mútuos.

– Do que você está falando? – dou uma de sonsa – que relacionamento?

– Agora vai dar uma de desentendida? – rebate, parando de andar e ficando na minha frente, fazendo com que eu parar também, vejo-o colocar as mãos na cintura – não vem dá uma de sonsa comigo não, porque eu não sou Jaehyun e eu não caio nessa não.

– Que isso Doyoung? – indago, impressionada e surpresa.

Ele nunca foi assim comigo....

Uau, eu devo ter tirado ele do sério.

Porém, a minha teimosia estava dando os seus primeiros indícios e cismou em ficar em silêncio enquanto fazia cara de paisagem.

– Quer que eu te jogue lá no meio do casal maravilha em potencial ou quer que eu desenhe a situação que vocês estão se metendo e se perdendo? – questiona, se inclinado na minha direção ficando com o olhar páreo com o meu, ainda com as mãos na cintura e com a cara fechada.

Quero me encolher até Dodo voltar com o sorriso gentil e com a feição feliz de novo. Eu odeio ser pressionada, mas parece que a pressão do Kim estava sendo mil vezes pior do que todas as pressões que já tive na minha vida.

– Não entendo a situação, poderia me desenhar? – murmuro, movida pela minha sonsice.

Agora, com certeza, rola aquela voadora ou ele me esgana.

Minha teimosia não queria me deixar ceder pelo o que poderia estar acontecendo entre nós dois, do que pode acontecer entre Jae e eu, se eu finalmente abrir os meus olhos para o que está diante deles.

Que eu estou apaixonada pelo Jaehyun e provavelmente pode ser recíproco.

Como isso foi acontecer? Como deixamos isso acontecer? Por que eu sinto que esse sentimento vem crescendo há tempos e não uma coisa do nada? Eu estou apavorada,

Não era para estar alegre? Por que pensamentos pessimistas se multiplicam na minha cabeça depois dessa descoberta? Eu estou com tanto medo deste sentimento.

– Shin Shin, é sério isso? – pergunta Dodo, suspirando, resgatando a minha atenção para si; eu via a sua paciência ficando por um fio.

– 'Tá bom, tá bom. – murmuro, soltando um suspiro derrotado – E-Eu vou acabar com isso, eu vou ter uma conversa sincera com o Jae.

– Isso! Isso! – exclama Doyoung, voltando ao estado normal enquanto abraça-me ao ponto de tirar os meus pés do chão, apenas consigo me segurar em seus ombros dando gritinhos – eu sabia que não negaria o amor que está no ar, vocês são tãããão perfeitos juntos.

– Já entendi, Dodo! – exclamo de volta, já sem fôlego e totalmente envergonhada – já entendi! Me coloca no chão!

– Ainda não! – brinca, me rodando em seus braços – vai que eu te coloco no chão e você foge!

– Eu não vou fugir, eu juro! – resmungo, dando tapinhas fracos em seus ombros – céus, Doyoung, eu vou vomitar em você.

– Soltando. – anuncia, prontamente.

Doyoung me deu um último aperto nos seus abraços, antes de me colocar no chão. Assim que os meus pés tocam no chão e ganho equilíbrio, me afasto do doido sorridente e nos encaramos rindo da situação.

– Agora vai lá com o seu homem que eu vou procurar o amor da minha vida, que deve já ter se acalmado por conta da situação dos fogos. – despede-se, já me empurrando na direção, na qual Jae estava conversando com a garota.

Enquanto Dodo começava a caminhar na direção do local onde estava Akira, eu começo a caminhar na direção contrária.

Caminho cautelosamente na direção dos dois, com certo medo do que pode acontecer, eu estava incerta do que realmente deveria fazer ou dizer para ele.

Você passa a vida toda ao lado do seu melhor amigo e descobre em um instante que na verdade era o dono do seu coração, bem... Não é fácil mudar isso do dia para noite, mas eu realmente gostaria de tentar e notava nos brilhos dos olhos dele, que Jae queria também.

A situação parecia tão certa quanto tão trágica.

E se eu perdê-lo por causa desses sentimentos que acabei de descobrir e aceitar? O meu olhar se encontra com o dele e tudo fica parado e silencioso.

Essa sensação é normal, certo? Mas por que o seu olhar ainda está machucado pra mim? Tão ressentido e magoado? Por que eu sinto as minhas forças indo embora? Eu preciso fazer alguma coisa.

Então vejo a mão dela ir pretensiosamente parar nos braços dele e deslizar com todas as intenções, tentando chamar a atenção dele de volta para si e o vejo permitir.

Arqueio as minhas sobrancelhas e solto a respiração que nem sabia que estava segurando.

O meu coração parece ter se contraído além do normal, porque está doendo muito.

Não, isso está errado.

Toda essa situação está errada.

Desculpe-me Doyoung, mas eu não consigo.

E é com esses pensamentos que dou meia volta, indo pra qualquer lugar longe deles.

Comprimindo os sentimentos que nunca deveriam ter se formado do nada e praguejando por ter descoberto todo esse rebuliço interno a respeito do meu melhor amigo. 

Love Cakes •Jaehyun• ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora