Capítulo 17

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Já se passava das duas horas da tarde, quando Ester chegou ao hospital. Ainda não conseguia se esquecer de Helena, o comportamento dela de mais cedo só mostrava o quanto ela ficava mexida ao estar a sua presença.

Ester ficou andando pelos corredores do hospital totalmente aérea. Até que decidiu ir a sala de seu primo. Sabia que não seria bem recebida, mas tinha que saber mais sobre o mesmo.

Queria ver se ela poderia ainda ter uma chance com Helena. Ela ainda amava muito aquela negra linda. Desejava tanto tê-la de volta em seus braços.

Enquanto andava até a sala de Augusto, Ester notava algumas pessoas ao redor cochichando. Sabia o porquê para aquilo e pouco lhe incomodava. Ela não cometia nenhum crime ao gostar de mulher. Não fazia mal a ninguém. Sua consciência estava limpa. Então não tinha porque se envergonhar, por ser ela mesma.

Ao chegar perto da sala de Augusto, ela estranhou algo. A secretária não estava em seu posto. Talvez estivesse ocupada, foi o que pensou.

Como não queria perder a sua viagem, levou uma de suas mãos até a porta da sala de seu primo e deu leve batidas na mesma.

Enquanto esperava alguma resposta, Ester passou a ouvir alguns barulhos estranhos vindo de dentro da sala. E quando já estava cansada de esperar, a porta é aberta e surge uma mulher loira, que estava com os cabelos um pouco altos e 3 botões de sua camisa estavam desabotoados.

Quando se deparou com aquilo, Ester arqueou uma de suas sobrancelhas e ficou sem entender o que estava acontecendo por um tempo, porém ela não era besta. Juntou os pontos e acabou desconfiando que seu primo não era tão bom homem assim.

—Posso falar com o doutor Augusto?— Ester foi a primeira a falar, pois a secretária estava um pouco sem jeito.

—Ivete, pode deixar a minha priminha entrar — Uma voz vinda de dentro da sala falou com ironia.

—Sim, doutor Augusto — Ivete passou uma das mãos sobre o seu cabelo e deu passagem para Ester.

Ficando a sós com Augusto, Ester tratou de ficar com uma feição mais dura, pois sabia que seu primo iria fazer de tudo para lhe desestabilizar.

—O que devo a honra de sua visita? — Augusto perguntou ao se sentar melhor em sua cadeira.

—Queria saber se meu primo tinha alguma crítica a fazer a respeito da nova diretoria — Ester começou a andar pela sala de seu primo, enquanto reparava nos vários quadros espalhados por ela.

—Você veio aqui somente para ne irritar, não é mesmo — Augusto levou as suas duas mãos até a sua mesa com brusquidão.

—Por que eu viria aqui somente te irritar? — Ester olhou para o seu primo.

—Pois você sempre quer tudo que é meu— Augusto falou, rangendo os dentes — Mas pode ter certeza, essa batalha ainda não está ganha.

—É algum tipo de ameaça? — Encarou o seu primo, sem desviar o seu olhar por nenhum segundo. Queria mostrar ao mesmo que não tinha medo.

Augusto força um sorriso e volta a relaxar o seu corpo sobre a cadeira— Eu não perco o meu tempo ameaçando gente imunda como você. Logo logo os meus pais e meus tios vão perceber que haviam se equivocado em ter colocado você na diretoria, pois você pode manchar a imagem do nosso hospital — Falou aquelas palavras parecendo estar com nojo.

Ester perdeu a cabeça naquele momento e irritou-se — Você então acha que esse cargo é ideal para você, um homem de família... Com boa índole... Incapaz de fazer algo errado — Disse sarcástica e Augusto percebeu.

—Por que você fala como se isso não fosse verdade. Eu tenho uma família e o que você tem? — Augusto passou na cara de Ester aquelas palavras.

—Pra que ter uma família, se não a respeita? — Ester resolveu mostrar para o seu primo, que ele se fazia de bom moço, mas na realidade era um traste.

—Já chega, sua vaga.. — Augusto se levantou de sua cadeira, mas não conseguiu terminar sua fala, pois sabia que isso iria ficar feio para ele.

—Vai, termina a sua fala — Ester incentivou o seu primo a continuar.

—Eu sei o que você quer, mas pode ter certeza que não irá conseguir — Augusto mesmo muito nervoso tenta se acalmar — Não venha com essas injurias para cima de mim.

—Injurias? Sei... Largue de ser fingido, Augusto, você antes de eu chegar estava aqui na sua sala pegando a sua secretária... Será que sua esposa sabe disso? — Ester indagou.

Augusto ri — Ester, será que essa doença que você tem subiu para a cabeça? — Indagou com ironia.

Ester foi até a mesa de seu primo e o encarou furiosa — Eu não tenho doença nenhuma, e pode ter certeza de algo... Eu irei te desmascarar, Augusto, essa sua pose de bom homem irá cair — Ester estava muito irritada, não somente pela forma como seu primo lhe tratava, mas também por saber que Augusto não respeitava Helena. Isso poderia lhe alegrar, pois sabendo que Augusto não era um bom marido, seria mais fácil de se aproximar de sua amada. Mas Ester naquele momento passou a sentir, que Helena era apenas uma marionete na vida de Augusto, o mesmo fazia o que bem entendesse com ela. Talvez pudesse até fazê-la acreditar que era Ester que não era uma boa pessoa em toda aquela história.

—Pode tentar, mas tome cuidado, pois muita coisa pode acontecer até lá — Augusto falou e em seus lábios surgiu um sorriso de satisfação.

Não aguentando aquilo, Ester sai da sala de seu primo pisando firme, mas antes fecha a porta da sala do mesmo com muita força.

***

Ilara estava em seu quarto, sentada sobre a cama, estudando. Quando Gustavinho apareceu todo animado.

—Tá fazendo o que, mana? — Se jogou na cama de Ilara e perguntou.

—Estou estudando, Gu — Ilara olha para o seu irmão, que estava ao seu lado.

—Humm... — Olhou para o caderno de Ilara e viu um monte de números. Ele não entendeu nada daquilo — Matemática?

—Sim — Ilara fala e respira fundo — Está muito difícil — Fecha o seu caderno. Estava um pouco cansada, não conseguia entender aquele conteúdo.

—Você é inteligente, vai tirar tudo de letra — Gustavinho se senta na cama e encara o livro de matemática, que estava sobre a mesma — Quem é sua professora de matemática? — O garoto pergunta e Ilara sente toda aquela confusão de sentimentos, toda vez que pensava em Michelle.

—Michelle, Gu, se esqueceu? — A garota falou sem jeito, após abaixar a sua cabeça.

Gustavinho pula da cama e fica todo empolgado — Eu conheço a Michelle, tinha me esquecido disso – Passou uma das mãos em seus cabelos — Ela já pagou sorvete para mim... Ela parece ser gente boa.

—Parece sim, Gu — Ilara passa a pensar em Michelle, enquanto Gustavo não parava de falar bem da mesma.

Ilara sentia algo diferente quando ficava perto de sua professora. Surgia um desejo nela de ficar ao lado daquela mulher, pois sentia que ela iria lhe proteger de todo mal. Mas ao mesmo tempo que sentia isso, também sentia vontade de fugir da mesma.

Isso parecia tão contraditório, todavia, Ilara precisava de respostas. Para isso teria que conversar com Michelle em algum momento, mas como e quando? Toda vez que Michelle tentava uma aproximação, Ilara fugia. Teria que mudar tudo isso. Mas como? Depois que a situação em sua casa piorou, nada estava sendo como antes. Sabia que precisava desabafar com alguém. As suas duas opções era Milena ou Michelle... Milena talvez não tivesse um bom conselho para lhe dar, por isso que pensou em Michelle assim poderia resolver dois problemas de uma única vez.

Então era isso, se Michelle tentasse um outra aproximação, Ilara não iria fugir, pois estava decidida a enfrentar o que sentia pela mesma.

Minha doce Ilara (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora