Capítulo 36

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Já se passava das 18:00 quando Michelle terminou de corrigir suas avaliações e se sentou no sofá. Sempre se sentia exausta após fazer essa tarefa, pois no momento das correções sempre ficava pensando em como melhorar o rendimento de seus alunos. Mesmo alguns alunos não dando a mínima para suas aulas, ela não ficava conformada com as suas notas baixas.

- O que aconteceu dessa vez? – Marisa havia acabado de chegar do trabalho.

- Nada, estava corrigindo algumas provas – Pega Romeu que estava se esfregando em suas pernas e coloca em seu colo.

- Pelo visto o resultado não foi muito bom.

- Não foi tão ruim – deu espaço para que sua irmã se sentasse ao seu lado.

- Então o que houve? - intrigou-se.

- Alguns alunos não tiraram uma nota muito boa – estava preocupada.

- Ah... Michelle, você é professora e não uma santa capaz de fazer milagres. Sempre terá alunos assim. Você já deveria ter se conformado com isso.

- Eu nunca começo a minha aula pensando que alguns alunos não serão capazes de aprender os conteúdos, Marisa. Cada um tem seu tempo, seu ritmo, mas isso não quer dizer que serão incapazes.

- Não foi isso que quis dizer.

- Mas sei que foi o que pensou.

- Um dia você ainda vai morrer por causa desses meninos. Você se importa mais com a nota deles do que eles próprios – Marisa não conseguia entender o jeito que de sua irmã. Se estivesse no lugar da irmã, ela que não iria se preocupar com alunos bagunceiros – Melhor mudar de assunto. Não pode criticar esses meninos que você já fica toda nervosa. Bom... hoje vi a Marina – sorriu toda boba. Estava morrendo de vontade de ter aquela mulher, não só para levar para sua cama, mas para fazer parte de sua vida. Pela primeira vez estava se interessando por alguém.

- Tô vendo que essa mulher vai acabar te mudando – sorri com essa possibilidade, pois conhecia muito bem a irmã que tinha, ela nunca conseguia ser inteira em uma relação. Havia terminado um relacionamento a pouco tempo, mas não era uma relação que Marisa se sentia bem, pois parecia que faltava algo entre ele e Renata. A verdade é que Marisa tentou algo mais sério, pois nunca conseguia se ligar por muito tempo a alguém e achou que isso poderia acontecer na sua última relação, todavia, passou boa parte de sua relação brigando com Renata – Se ela já não mudou – completou.

- Não vou dizer que sim ou que não, mas estou gostando de ficar insistindo para ela me dar uma chance... você acredita que hoje ela apareceu na loja.

- Nossa! – Michelle ficou surpresa – E o que aconteceu?

- Ela continuou com aquele discurso de que sou imatura e que não quer só sexo... onde já se viu eu imatura?

- Marisa, você é imatura – as duas mulheres riram – Sou a mais nova, mas tenho que ficar tomando conta de você e te tirando das confusões.

- Me respeita... eu sou a mais velha - Fingiu estar ofendida.

- Só no papel, porque na vida real você não é. Se você quer conquistar essa mulher, você tem que mudar algumas de suas atitudes. Você leva tudo para o lado sexual, não consegue conversar com uma mulher sem pensar nos finalmentes.

- Acho que você deveria ter me dado esse conselho mais cedo – Marisa ficou sem graça.

- O que você fez? – Olhou para sua irmã e a notou sem graça.

- Eu dei uma lingerie vermelha para ela usar para mim algum dia.

-Meu Deus! – Michelle não sabia como as duas podiam ser irmãs, pois eram diferentes demais.

- Quis agrada-la. E acho que ela gostou.

- Se ela gostou, é o que importa – Michelle ia se levantando para tentar descansar um pouco em seu quarto.

- Como vai com sua aluna? – Marisa perguntou, mas já sabia que a relação da irmã com Ilara ia a passos de tartaruga, porque Michelle era tudo que ela não era: paciente e romântica.

- Tranquilo. Tudo está indo de acordo com seu devido tempo.

- Já suspeitava, não sei como já se beijaram duas vezes. Você é muito lenta para essas coisas.

- Não sou lenta, só não quero assustar Ilara. É a primeira vez que ela se envolve com alguém. Não quero ter pressa, Marisa, mesmo eu já tendo extrapolado os limites algumas vezes – Michelle se lembrou das vezes que agiu sem pensar após beijar Ilara.

- Nessa questão de extrapolar limites, acredito que você ganhou até prêmios. Só de você estar se envolvendo com uma aluna, você já foi longe demais – Marisa quis brincar, mas acabou deixando a irmã pensativa.

- Eu sei, não era algo que eu desejava para mim. Nunca me imaginei com uma aluna, mas eu não consigo me controlar, eu sinto algo e parece que está só aumentando aqui dentro. Eu não acho certo me envolver com uma aluna, mas eu não consigo ver Ilara somente como uma aluna. Eu não tenho consciência dos meus atos quando estou com ela. E isso me deixa com medo...

- Medo?

- Sim, do que eu possa fazer... nunca alguém mexeu comigo como Ilara faz. Nas vezes que nos beijamos, eu senti tanta vontade – Michelle fica um pouco vermelha e Marisa ri.

- Depois fala parecendo que só eu penso em sexo.

- Eu também penso, mas eu costumo me controlar perto das pessoas, você não. Mal conhece as pessoas e já quer levar para a cama – Michelle sentia vontade de ter Ilara entre seus braços e poder amar aquela garota, que era tão doce e a deixava fascinada.

- Acho que vai demorar para você parar de só ter vontade e ficar pensando – Marisa falou com tom de brincadeira, mas conhecia a irmã o suficiente para saber que Michelle levava essa questão do sexo muito a sério.

- Eu espero o tempo que for preciso, Marisa, não vou apressar ninguém. E preciso saber se é isso mesmo que Ilara quer, porque ela pode estar confundindo as coisas. Ela nunca se relacionou com alguém, talvez seja só admiração – Michelle falou aquilo tudo desejando que não fosse verdade, mas ela tinha quase certeza que não era, pois quando estava com Ilara parecia que as duas se sentiam completas.

***

No relógio marcava 21:00 horas, Helena já estava se preparando para dormir quando viu a luz de um dos quartos da casa em frente sendo acessa. Ester parecia que sabia que Augusto não estava em casa, pois desfilava nua pelo quarto.

Ao vê-la daquela forma, Helena sentiu tanta vontade de sentir aquela mulher, mas o que era poderia fazer? Mesmo se quisesse, Augusto logo chegaria do trabalho e seus filhos iriam achar estranho se a visse saindo de casa naquela hora. Sim, Helena estava pensando na possibilidade de ir conversar com Ester.

Depois da conversa que havia tido com Ilara, Helena voltou a pensar em sua vida. Estava na hora de lutar pela sua felicidade. Achava que não poderia ter Ester em sua vida como antes, mas tinha que conversar com a mesma, saber o porquê daquela insistência. Para Helena, Ester estava com Marina e não tinha porquê ficar correndo atrás dela. Além do mais, Augusto vivia falando que sua prima estava com muitas mulheres.

Helena não conseguia acreditar que Ester estivesse ficando com tantas mulheres, pois a morena não costumava ficar com várias pessoas de uma única vez, no entanto, as pessoas podiam mudar.

- Será que você quer se vingar de mim? – Aquela era uma possibilidade, Ester não aceitou muito bem o término das duas no passado, mesmo sabendo que era porque Helena estava com medo de enfrentar sua família. Talvez agora, a morena esteja querendo acabar com seu casamento.

Pensar nisso não fez muito bem a Helena, se sentou na cama e ficou com medo de sofrer ainda mais. Já passava por muita coisa, não poderia deixar que Ester brincasse com ela. Contudo, como ela poderia ter certeza que Ester só queria brincar com seus sentimentos? O jeito era ir atrás da morena.

- Irei amanhã. Amanhã Augusto terá uma viagem. Quando as crianças forem dormir, eu vou procurar Ester – Falou consigo mesma.

Após decidir que iria procurar Ester, Helena passa a ficar com medo de encontrar Marina na casa com Ester, no entanto parecia que a morena estava vivendo sozinha naquele lugar.

Minha doce Ilara (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora