Capítulo 26

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Seu olhar se conectou com o de Ilara por alguns segundos, tempo suficiente para causar dentro de si um turbilhão de sensações, que a fez pensar em deixar toda aquela história de ser amiga de Ilara de lado e tentar buscar sua felicidade ao lado da pessoa que ela realmente estava gostando, mesmo tendo muitas possibilidades de um relacionamento entre elas não dar certo, pois elas eram muito diferentes.

As diferenças não eram referentes a gostos, mas sim com relação a fases da vida. Michelle já tinha sua vida construída e Ilara ainda nem sabia o que queria.

Michelle não queria entrar na vida de Ilara e acabar lhe trazendo mais problemas. Já sabia a respeito do que Ilara enfrentava em casa, precisava mesmo não sendo o que desejava ser amiga de sua aluna para poder ajuda-la. Mas será que iria conseguir ser só amiga de Ilara? E se caso a garota começasse a se relacionar com outra pessoa?

Quando pensou nisso, os seus olhos se fixaram em Milena, que a olhava com curiosidade. Ilara e aquela garota eram muito próximas. Poderiam acabar se envolvendo e Michelle sabia que não suportaria ver isso. Não queria que Ilara se envolvesse com outra pessoa. Seria egoísmo de sua parte? Quando gostamos realmente de alguém devemos desejar a felicidade do outro, porém, desejar que Ilara fosse feliz com outra pessoa não agradava Michelle. Um nó se formava em sua garganta só de imaginar Ilara sendo beijada por outra pessoa.

Como teria aula naquele horário, Michelle abaixou o seu campo de visão e seguiu para um andar diferente da sala de Ilara. Muitas coisas se passaram em sua mente. Se lembrou do beijo que havia dado em Ilara no seu carro. Um beijo que a fez sentir tantas coisas diferentes. Passou a sentir vontade de beijar novamente sua aluna, mas aquilo pareceu ser algo impossível. Como voltaria a beija-la? E também, beijar a garota não estava fazendo parte de seus planos. Ela queria ser amiga de Ilara, então não poderia beija-la. Pensar nisso a fez se perguntar algo: Será que iria conseguir se controlar perto da garota? Mesmo querendo, isso nunca acontecia, pois quando chegava perto de Ilara os sentimentos dentro de si pareciam querer aflorar. Sempre sentia vontade de colocar a garota entre seus braços. O beijo que havia dado em Ilara, demonstrava todo aquele descontrole de emoções que surgia em si quando chegava perto da aluna.

Queria ser amiga de Ilara, mas estava certa de algo, não seria fácil controlar suas emoções.

***

Marina estava em sua sala analisando alguns projetos, quando seu pensamento voou para longe. Começou a pensar em Ester. Havia vindo para aquela cidade atrás de uma pessoa que ela sabia que não lhe amava, mas mesmo assim veio, talvez no fundo pensasse que ainda havia uma possibilidade de Ester se esquecer de Helena, porém isso não havia acontecido. Ester continuava amando muito Helena e estava disposta a lutar por esse amor. Então, o que lhe restava agora era voltar para São Paulo, não tinha mais o que fazer naquela cidade. Não tinha nada ou ninguém que lhe ligasse a aquele lugar.

Quando terminasse esse um mês, ela iria tentar reconstruir sua vida sem ter a esperança de um dia realizar os seus sonhos ao lado de Ester. Precisava agora se dedicar a sua vida profissional, pois a sua vida amorosa era um desastre. Tirando Ester, nunca havia encontrado uma mulher que sonhasse com a vida a dois, que não quisesse somente algo passageiro. Não tinha muita sorte com o amor e sabia disso.

Nesse momento de tantos pensamentos a respeito de sua vida, o seu celular começou a tocar sobre a mesa e Marina olhou para o aparelho com um pouco de receio.

Um número desconhecido estava lhe ligando, poderia rejeitar aquela ligação, mas talvez fosse algum cliente. Após pensar nessa possibilidade, Marina aceitou a ligação, levou o celular até a sua orelha e disse um pouco receosa:

—Alô?

—Olá, mulher difícil de se conquistar.

Quando ouviu essa voz, Marina sorriu, só poderia ser a mulher daquele dia no bar.

Minha doce Ilara (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora