Marina estava sentada no sofá da sala, de seu apartamento, quando se pegou pensando em Marisa e um sorriso involuntário surgiu.
Talvez no fundo estivesse gostando da companhia da morena. Marisa era uma pessoa totalmente diferente da que ela procurava para dividir sua vida, mas aos pouquinhos estava conseguindo dela algo que achava que seria impossível. Marisa estava passando a tomar conta de seus pensamentos.
—Já vou — Marina se levantou após a campainha ser tocada — Ester?
—Oi... Eu sei que está tarde e que não deveria vir falar sobre isso com você, mas preciso de sua opinião — Ester falou quase atropelando as palavras.
—Entre — Marina riu divertida com a cena — Você pode falar tudo comigo, Ester, não irei sofrer por conta de nada que você disser —disse segura.
—Aconteceu algo que ainda não estou sabendo?
—Bom... Aquela mulher lá me ligou.
—A tarada do barzinho?
As duas se sentaram no sofá.
—Bom... Ela é quase isso mesmo.
—Cadê, a Marina responsável que conheço, que não se apaixona por qualquer uma?
—Ela está aqui, Ester, só que precisando de companhia. E não estou apaixonada.
Marina encarou Ester e notou que a outra tinha algo importante para falar.
—O que aconteceu?
—Posso falar sobre a Helena com você?
—Sim, pode falar... Isso é bom para mim já ir me acostumando, mas não sei...
—Não sabe o quê?
—Eu não estou mais me sentindo estranha ao você tocar no nome da Helena.
—Acho que você passou a me olhar de uma forma diferente agora. Tá conseguindo enxergar os defeitos que antes não via e agora está arrependida por ter passado anos de sua vida ao meu lado.
—Claro que não é isso Ester— Marina segurou uma das mãos de Ester — Talvez eu esteja percebendo, que o que eu dizia sentir por você não era tão forte assim.
—Talvez seja essa outra mulher que já esteja te conquistando — Ester quis brincar, mas Marina não entrou na brincadeira. Estava cedo demais para se imaginar gostando de Marisa.
—Me diga, o que houve com a Ester?
—Nos encontramos...
—E...
—A pressionei... Dei um prazo para ela resolver ficar comigo. Talvez eu não tenha feito o certo, mas não tive outra escolha. A vi, Marina, e notei que ela ainda é tão minha... Seu corpo reage quando me encontra... Eu preciso muito dela... Tenho urgência, ainda mais por saber que o Augusto não lhe dá o devido valor.
—Ester, eu lhe entendo... Quando gostamos de alguém as vezes agimos sem pensar, mas o que você fez não sei se foi uma boa ideia.
Ester encarou Marina e ficou tentando entender o que tinha por trás daquelas palavras de sua amiga.
—Por que você acha que não foi uma boa ideia?
—Você já tentou se imaginar no lugar da Helena? Ela tem um marido, dois filhos... Uma vida considerada "normal" para a sociedade. Sim! O Augusto trai a Helena, mas ela, eu acredito, que não esteja sabendo de nada. Quais motivos a levaria a abandonar tudo isso para ficar com você? Eu sei, talvez o amor de vocês, mas acho, Ester, que é melhor você ter paciência.
—Droga, eu não aguento mais esperar... Ter paciência. Sou eu que ela ama e não o Augusto, tenho certeza disso. Hoje ela esperou um beijo meu...
—Se ela te ama, não custa nada você esperar, Ester... Aos poucos, a máscara do Augusto vai cair e talvez seja para os seus braços que ela corra.
—É o que espero, Marina.
****
Um corpo maior cai exausto sobre o seu e Helena não passa a se sentir bem com aquela situação. Antes era fácil fingir que tudo estava bem, mas agora sentia vontade de se libertar daquela vida, mas sabia que não tinha coragem.
As palavras de Ilara de mais cedo lhe magoaram muito. Helena se considerava uma pessoa fraca, poderia muito bem tentar se separar de Augusto, mas o que ela tinha, nada. Tinha medo de Augusto querer fazer algo com ela. Era muito fácil ele se passar por bonzinho na frente das pessoas. Ninguém acreditaria nela. Os seus pais só faltavam babar em cima do Augusto. Para eles o seu marido era o melhor do mundo.
Havia momentos que ela sentia falta de ter uma amiga. Alguém que ela pudesse confiar e falar sobre tudo que estava acontecendo. Queria alguém para lhe aconselhar, não queria alguém que lhe julgasse, pois ela sabia que a vida que tinha era horrível, e que ela não merecia nada daquilo. Ninguém merecia viver como ela, porém já teve momentos que ela já se considerou a culpada por Augusto agir daquela forma, mas depois percebeu que seu marido não precisava ter motivos para lhe ofender ou agredir.
As vezes sentia vontade de voltar no tempo, sua vida poderia ser diferente. Se ela no passado não tivesse tido tanto medo, hoje estaria com Ester. Tinha certeza que sua vida com Ester seria diferente, mas mesmo Augusto sendo um péssimo marido, com ele, ela teve dois filhos que ela amava muito. Isso fazia ela perceber que sua vida não era tão ruim assim, pois no fundo sabia que sua felicidade era estar com seus filhos, porém a sua felicidade não era completa e em seu peito esquerdo existia um grande vazio, que só seria preenchido se ela fosse na casa a frente.
Ester estava a rodeando, isso estava a amedrontando, pois sabia que não iria conseguir fugir por muito tempo do que sentia pela morena.
Mais cedo havia esperado por um beijo de Ester e sabia que a mesma havia notado. Estava arrependida por isso, mas não tinha o que fazer. Sentia falta de Ester e de ser amada pela mesma.
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Minha doce Ilara (Concluído)
RomanceIlara é uma garota de 18 anos, está no último ano do ensino médio e nunca havia se apaixonado por alguém até conhecer Michelle, sua professora de matemática, que lhe faz sentir vários sentimentos desconhecidos somente com um olhar. * Todos os direit...