Jessica veio me visitar todos os dias que fiquei no hospital. Atualizava-me sobre as fofocas da escola, sobre algum caso de professores e nossa querida Dawn que não havia ainda dado bola para o Brandon, e também sobre o dia em que meus pais tentaram cancelar a minha matrícula, por medo de eu não voltar.
Ouvindo o pesar de todos, realmente fiquei chateada. Saber que fui eu quem causou tamanha dor me deixava arrasada.
- Jes, tem alguma música depressiva nesse seu celular? – perguntei para ela, que estava sentada na cadeira do lado da minha cama de hospital. – Por favor, não coloca outra da Adele.
Ela riu.
- Na verdade, tem uma aqui que você com certeza vai amar. É nova. – e ela tocou no play.
O som da guitarra, bateria e do piano, todos se juntando com a voz harmônica que me era familiar. Tão tristes e solitários que me senti instantaneamente tocada, como se quisesse abraçar o cantor, para acalmar seu coração. Foi tão profundo que quando acabou eu ainda estava em choque.
"Minha cabeça está como uma tempestade e minha alma, já morta, espera você voltar". Segurei as emoções que se entalavam em minha garganta.
- Como chama? – perguntei depois de me recuperar do transe.
- "Minha alma vazia". Adivinha qual a banda? – ela me olhou esperançosa e não me deu tempo de pensar. - Colors. – cantarolou. – E já é um sucesso mundial.
Suspirei um pouco triste. Eu ficava desacordada por pouco tempo e eles já estavam trabalhando. Não que eu queria que eles parassem, mas me pareceu mais real aquela frase "a vida segue".
Minha mente deu um estalo.
- Você não acha... não acha que, essa música... – engoli em seco. – foi inspirada em mim, acha?
Vi os olhos de Jessica se encherem de tristeza e meu desespero aumentar. Meu coração afundou mais no peito, eu os tinha feito sofrer. Calada, pensei se conseguiríamos voltar a ser como estávamos antes do acidente.
- Acho que quero vê-los depois que eu sair daqui, me desculpar e mostrar a eles que estou bem e que tudo ficará bem. – falei, determinada, para ninguém em específico.
Jessica, entendendo meus sentimentos, assentiu e voltou a encarar o teto branco comigo.
- Que tal fazermos uma festa de boas vindas quando você tiver alta? – ela pulou da cadeira. – Aí eles podem ver você lá.
Sorri, achando muito cedo para uma festa, mesmo assim, não discordei. Uma distração me cairia bem no momento.
- Ta, mas eu escolho aonde vamos dessa vez.
*
- Preciso fazer umas ligações. – minha amiga disse, animada.
Jessica saiu correndo do quarto assim que o médico anunciou a novidade. Meus pais agradeceram, aliviados. Abraçaram-se e me abraçaram. Sair do hospital dois dias antes do previsto não é para qualquer um.
- Mas lembre-se: - o médico parou na porta e olhou para mim. – nada de esforços desnecessários e mantenha uma dieta saudável. Sempre que puder, fique na cama.
- Doutor Hasin, - comecei. – fiquei de cama por mais de um mês, o senhor não espera realmente que eu passe mais tempo nela, não é? – sorri para o médico que eu havia enjoado de ver todo dia e ele revirou os olhos.
- Não diga que não avisei, senhorita Ross. Espero que esteja 100% na próxima consulta. – ele se despediu de nós com um aceno e saiu.
Jessica entrou voando pela porta, quase pulando de alegria.
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Com a Banda COLORS!
Ficção AdolescenteApril sempre foi uma garota extremamente normal. Sua escola era normal. Sua rotina era até meio entediante, com a famosa líder de torcida malvada e a melhor amiga fanática pela banda do momento. Ela nunca acreditou ter uma vida mais movimentada até...