Capítulo Dezessete - Esse tempo que passei fora...

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Jessica veio me visitar todos os dias que fiquei no hospital. Atualizava-me sobre as fofocas da escola, sobre algum caso de professores e nossa querida Dawn que não havia ainda dado bola para o Brandon, e também sobre o dia em que meus pais tentaram cancelar a minha matrícula, por medo de eu não voltar.

Ouvindo o pesar de todos, realmente fiquei chateada. Saber que fui eu quem causou tamanha dor me deixava arrasada.

- Jes, tem alguma música depressiva nesse seu celular? – perguntei para ela, que estava sentada na cadeira do lado da minha cama de hospital. – Por favor, não coloca outra da Adele.

Ela riu.

- Na verdade, tem uma aqui que você com certeza vai amar. É nova. – e ela tocou no play.

O som da guitarra, bateria e do piano, todos se juntando com a voz harmônica que me era familiar. Tão tristes e solitários que me senti instantaneamente tocada, como se quisesse abraçar o cantor, para acalmar seu coração. Foi tão profundo que quando acabou eu ainda estava em choque.

"Minha cabeça está como uma tempestade e minha alma, já morta, espera você voltar". Segurei as emoções que se entalavam em minha garganta.

- Como chama? – perguntei depois de me recuperar do transe.

- "Minha alma vazia". Adivinha qual a banda? – ela me olhou esperançosa e não me deu tempo de pensar. - Colors. – cantarolou. – E já é um sucesso mundial.

Suspirei um pouco triste. Eu ficava desacordada por pouco tempo e eles já estavam trabalhando. Não que eu queria que eles parassem, mas me pareceu mais real aquela frase "a vida segue".

Minha mente deu um estalo.

- Você não acha... não acha que, essa música... – engoli em seco. – foi inspirada em mim, acha?

Vi os olhos de Jessica se encherem de tristeza e meu desespero aumentar. Meu coração afundou mais no peito, eu os tinha feito sofrer. Calada, pensei se conseguiríamos voltar a ser como estávamos antes do acidente.

- Acho que quero vê-los depois que eu sair daqui, me desculpar e mostrar a eles que estou bem e que tudo ficará bem. – falei, determinada, para ninguém em específico.

Jessica, entendendo meus sentimentos, assentiu e voltou a encarar o teto branco comigo.

- Que tal fazermos uma festa de boas vindas quando você tiver alta? – ela pulou da cadeira. – Aí eles podem ver você lá.

Sorri, achando muito cedo para uma festa, mesmo assim, não discordei. Uma distração me cairia bem no momento.

- Ta, mas eu escolho aonde vamos dessa vez.

*

- Preciso fazer umas ligações. – minha amiga disse, animada.

Jessica saiu correndo do quarto assim que o médico anunciou a novidade. Meus pais agradeceram, aliviados. Abraçaram-se e me abraçaram. Sair do hospital dois dias antes do previsto não é para qualquer um.

- Mas lembre-se: - o médico parou na porta e olhou para mim. – nada de esforços desnecessários e mantenha uma dieta saudável. Sempre que puder, fique na cama.

- Doutor Hasin, - comecei. – fiquei de cama por mais de um mês, o senhor não espera realmente que eu passe mais tempo nela, não é? – sorri para o médico que eu havia enjoado de ver todo dia e ele revirou os olhos.

- Não diga que não avisei, senhorita Ross. Espero que esteja 100% na próxima consulta. – ele se despediu de nós com um aceno e saiu.

Jessica entrou voando pela porta, quase pulando de alegria.

Com a Banda COLORS!Onde histórias criam vida. Descubra agora