Capítulo Dezoito - Muitas Emoções Diferentes

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Pela primeira vez em seis semanas, eu prestei atenção na aula.

Pela primeira vez na minha vida, eu cheguei atrasado.

Ver a carteira ao meu lado cheia com a presença de April me fez sentir uma calma tão grande que eu poderia dizer que seria capaz de sorrir em publico.

A sala inteira parece ter mudado, ficado mais tranquila. O boato sobre o acidente de April era o mais comentado. Não sei se ela gostava de ser o centro das atenções, mas percebi que ela estava desconfortável, parecia perdida e eu não a culpava por isso. Eu fiquei transtornado quando ela estava em coma, mas nem imagino como ela se sente tendo perdido uma parte da sua vida, como se somente a sua estivesse parada no tempo e as outras continuando.

Eu fiz duas músicas enquanto ela dormia profundamente. Não imagino o que o resto do mundo fez, mas se eu continuei, todos provavelmente também.

Quase três músicas. "A Lua na sua face" está em processo de gravação.

Com o canto do olho, percebi que ela me olhava. Parecia querer dizer algo, mas desistiu em pouco tempo. Perguntava-me como ela se sentia depois de eu tê-la surpreendido com um abraço no dia anterior. Eu não iria me sentir muito bem se um cara que eu achava que me odeia me abraçasse do nada. Acho que ela tinha muitas perguntas.

Quando o sinal para o intervalo bateu, virei-me e disse:

- April.

Ao mesmo tempo em que ela dizia:

- Ethan.

Ela sorriu desconcertada e eu apenas pigarreei, nervoso.

- Pode falar primeiro. – eu coloquei um pouco da minha máscara sem expressões.

- Eu só queria dizer que... – ela fez uma pausa longa.- Sabe, pensar que eu poderia não ter voltado, saber que ainda há coisas que eu gostaria de ter feito... – eu me enchi de esperanças enquanto ela falava, sabia o que ela estava sentindo, senti quando pensei que poderia perdê-la. – Eu só queria dizer que pretendo mudar as coisas, para eu ter o mínimo de arrependimentos quando eu olhar para o meu passado, então eu gostaria de começar por nós.

Ela olhava para os pés, constrangida, e eu não pude deixar de sorrir. Aquele dia poderia ser descrito facilmente como um dia feliz.

- Não queria que a nossa relação continuasse assim, então queria que você me respondesse seriamente. Sem brincadeiras.

- Acho que posso fazer isso, ultimamente tenho sido mais liberal com meus sentimentos. – eu respondi sorrindo, mas o sorrido dela vacilou.

- Então poderia considerar a possibilidade de sermos amigos? Sabe, igual com os meninos, não posso deixar de pensar que seria legal ter você nas nossas festas e saídas.

- Mas é claro... Espera, o quê? – meu sorriso sumiu. O dia estava indo de feliz para decepcionante.

- Sobre sermos amigos. Mas amigos mesmo, não colegas. Você aceitaria? – ela me olhou com uma cara estranha, não entendi se ela queria que eu dissesse sim ou não.

Suspirei cansado, estava começando a achar que fiz a coisa certa ao não dizer a ela sobre o salvamento ou a música.

- Claro, April. Podemos ser amigos. Eu preciso também parar de ser infantil com você. – falei com a voz calma.

- Não está dizendo isso só porque eu quase morri, está? – ela brincou.

Ora, como você ficou sabendo?

- Não, não. Realmente já te via como algo mais que uma colega de sala, mas achei que eu assustaria você se dissesse. – falei sinceramente. Não a via como amiga, mas eu faria o que ela precisasse. Quer que eu seja apenas um simples amigo como tantos outros? Seu desejo é uma ordem.

Com a Banda COLORS!Onde histórias criam vida. Descubra agora