Capítulo Vinte e Oito - Situações Esclarecidas

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Percebi que April havia juntado todas as partes daquele quebra-cabeça no mesmo tempo que eu e senti uma raiva me dominando.

- Quer dizer que nos enganaram? – Ela perguntou, a respiração acelerando com o aumento de sua raiva. – Como puderam? Eu estava tão desesperada, eu vim correndo te salvar...

- Me salvar? – perguntei e dei uma pequena risada. – Não sei me sinto lisonjeado ou ofendido. Você e aquele cano até podiam derrubar alguém, mas você claramente não sabe fazer isso.

Mesmo tendo brincado, na verdade eu a achei muito corajosa. Ela veio mesmo correndo me salvar sozinha, sem nenhum plano muito bom ou qualquer ajuda extra?

Ela me lançou um olhar fatal. Acho que aprendeu comigo.

- Não tem graça, Ethan. Eu achei mesmo que você estava em perigo. – Ela olhou para os pés, a voz de choro quase aparente, fruto provavelmente de que toda a adrenalina que ela sentiu estava finalmente deixando-a. Ela não havia conseguido conter as lágrimas, que caiam no chão mesmo ela tentando impedi-las com as mãos. – Eu achei que você estava machucado, eu achei que nunca mais te veria.

Eu me aproximei dela, coloquei seu rosto em meu peito e a abracei, tentando acalmá-la. Ela soluçava tanto que eu comecei a afagar sua cabeça, tentando passar minha calma por contato. Ela deu uma risada em meio ao choro.

- Isso é familiar. – Ela disse. – Você também fez isso antes de eu conhecer a banda, naquele dia no parque. – Ela fungou.

- Então você sabia que era eu? – perguntei, mais como afirmação. Porque negar esse fato agora? Iria continuar negando tudo o que fiz por ela?

Ela tentava respirar e parar de chorar, já soluçava menos.

Eu não podia deixar de sentir uma leve felicidade em vê-la chorando por mim, o que me fez ter vontade de bater minha cabeça na parede. Ela estava preocupada comigo e eu estava feliz vendo-a chorar?

- A Jessica arranjou um jeito de arrancar a informação deles. – Ela falou com um sorriso. – Foi engraçado.

- Talvez eu devesse dar uma lição extra neles depois de sairmos daqui. – Respondi, mas eu ainda não tinha decidido se estava brincando ou falando sério.

Ela se afastou um pouco de mim, limpando as lágrimas no pulso, sem mais soluçar.

- Desculpa se não contei a você. Não queria que achasse que eu era legal a ponto de ajuda-la. – Admiti. – Tenho que manter minha reputação.

Ela sorriu.

- Acho que prefiro o Ethan que me acalma do que o Ethan que me estressa. – Ela já olhava para mim.

Eu não sabia direito qual foi a minha reação a aquele rosto. Se eu simplesmente segurei a respiração ou se eu fiquei encarando, só sabia que aquele rosto marcado com lágrimas, com olhos ainda úmidos e uma tentativa de sorriso muito estranha, era o mais lindo que eu havia visto na vida.

- Ah, que pena. – Recuperei minha postura. – Eu gosto de irritar você.

Ela revirou os olhos e me deu um soco fraco no ombro. Enxugou o resto das lágrimas e olhou para mim.

- Só fico feliz em saber que você está bem. – Ela fungou outra vez.

- Eu já te disse que eu não caio tão fácil, nem o seu incêndio me derrubou, acha que algumas pessoas fariam isso? – eu ri.

- Você entrou no incêndio? – ela perguntou com a testa franzida. As engrenagens claramente trabalhando em sua cabeça.

- Hã...

Com a Banda COLORS!Onde histórias criam vida. Descubra agora