–Chegou cedo ontem. - meu pai murmura enquanto levava a xícara de café até a boca.
—Fui apenas pra Victoria não ficar magoada. -Dou de ombros, fingindo o máximo que posso para parecer verdade.
Mas a verdade é que eu fui pelo Philipe. por mais que seja uma merda admitir isso, Quando ouvi sobre a Victoria querer ele, eu fiquei com ciúmes e inveja também, porque ela é incrível.
E eu, só sou eu.
—Encontrou o Adam?
—Encontrei. -Respondo rápido. –Preciso terminar alguns trabalhos.
Deixo o café de lado e me levanto.
—Tudo bem, sua mãe ligou alguma vez? -Ele puxa assunto e isso me deixa um tanto surpresa, nossas conversas pela manhã geralmente são tão vagas e ele nem sequer olhava pra mim, já que estava sempre atrasado.
—Não. - Respondo-o da maneira seca, não querendo aprofundar a conversa.
Infelizmente minha mente estava concentrada em apenas uma coisa assustadora atraente.
—Você está bem?
Franzo as sobrancelhas, sem entender o porquê das perguntas.
—Claro e o senhor?
Pergunto já sabendo a típica resposta dele.
—Estou bem. Você sabe que pode contar comigo pra tudo, não é filha? - Papai fala sério demais para eu acreditar que estava tudo bem.
—Claro, pai. -Volto a me sentar. —Aconteceu algo?
—Não. -Ele se levanta rápido, indo até mim, deixando um beijo na minha testa antes de acenar com a cabeça e sair.
O sigo com o olhar sabendo que isso é mentira, mas de qualquer jeito, talvez eu nunca vá saber o porquê dele estar assim.
Era sempre assim, algo de ruim acontecia e ele ficava mais atencioso, mas nunca o suficiente para se abrir pra mim.
Então essa é a parte que eu finjo que nada está acontecendo. Suspiro enquanto me levanto da cadeira, cheia de incerteza com as coisas que se passam dentro de mim.
Meu pai iria amar que eu aceitasse o Adam de volta, seria mais seguro, sem julgamentos e talvez seríamos felizes.
Mas não consigo olhar pra ele e não lembrar do que eu senti na época.
E então mais uma vez Philipe invade meus pensamentos. Provavelmente eu não sinta nada do que um dia já senti pelo Adam.
Mas Philipe me faz sentir segura, sem medos. Eu não preciso fingir nada com ele, porque ele parece não fingir também.
Eu poderia ser como qualquer outra pessoa da minha idade, segura o bastante para fazer o que quero.
E eu raramente sei o que eu quero, mas no momento, tudo o que eu quero, é um pouco do que tivemos naquele banheiro.
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Tudo de mim
RomansaSPIN-OFF de MFDTA Eram de mundos diferentes, tinham dores diferentes, tinham vidas diferentes, eram completamente diferentes um do outro. Talvez a única coisa que tinham em comum, era o desejo nítido nos dois. A doçura que ela esbanjava o confundia...