Capítulo 29

9.8K 1K 289
                                    

Eu estou sentada em uma ponta do sofá, me sentindo um tanto quanto deslocada, mas isso não me fez sentir desconfortável

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Eu estou sentada em uma ponta do sofá, me sentindo um tanto quanto deslocada, mas isso não me fez sentir desconfortável.

Observei eles conversarem animadamente, vez ou outra Philipe me lançava alguns olhares cúmplices. Ed pulou no sofá ao meu lado, comendo o terceiro pedaço de bolo seguido.

— Ei...-Ed chama minha atenção. — Pode me ajudar com uma coisa?

Sussurrou chegando mais perto, eu sorri abertamente, pensando que seria uma outra surpresa para Philipe.

— Claro. -Respondo. Ed observou o irmão entrar na cozinha, antes de explicar:

— É que eu gosto de uma menina e eu preciso de ajuda. - desabafou ele, tive que desviar o olhar para não rir das suas bochechas coradas.

— E o que eu posso fazer por você? -Pergunto ao me recompor.

— Ela não gosta de falar. -Ele diz frustado. — É que ela é especial, foi isso que a professora disse.

Franzo as sobrancelhas, até perceber do que talvez se tratava.

— Ela fica só desenhando e desenhando, até quando eu falo com ela. -Ed enfia o pedaço de bolo inteiro dentro da boca. — Eu até pedi um caderno de desenho para a Jade, mas mesmo assim, ela não quis desenhar comigo.

Mordo o lábio nervosa, o que eu poderia dizer a ele? Eu nem ao menos sei o que a garota tem e não quero prejudicá-la, caso ele ter algum comportamento que a assuste.

— Talvez você devesse ir com calma, porque você não desenha algo legal pra ela ? -Sugiro.

O semblante do garoto pareceu se iluminar.

— E o que eu falo? - perguntou, colocando o prato vazio ao seu lado.

— As vezes não precisa ser dito nada.

— Tá bom, vou lá desenhar, depois a gente joga, tá?

Faço um movimento positivo com a cabeça antes de vê-lo partir. Philipe aproveitou o lugar vazio e o ocupou.

— O que eu perdi? - brincou passando os braços sobre meus ombros.

Antes que eu possa responder, a mãe do Noah diz:

— Preciso tomar um banho e voltar ao trabalho, então juízo e nada de netos pra mim agora. -Diz beijando a testa dele e a minha.

A observo ir embora sem reação.

— Ela é um pouco exagerada. - Ele sorri olhando por onde ela passou. — Mas o que você e o meu irmão estavam falando?

— Ele me pediu conselhos para chegar em uma menina. - Respondi cautelosa, com medo que a reação dele fosse em desaprovação.

— Meu irmão é muito sensato por não recorrer a mim . - Brincou.

Fiz uma careta confusa, ele percebeu;

— Eu não sou um bom exemplo para coisas assim e nunca, definitivamente, nunca me peça conselhos. - Philipe diz serio, enquanto uma das suas mãos fez um movimento estranhamente bom em um dos meus ombros.

— Eu sou bom em muitas coisas, mas dar conselhos não entra na lista.

— É, eu lembro. - Sorrio, quando lembrei dos conselhos que ele tentou me dar no boliche. — Você gostou do seu aniversário?

— Gostei, geralmente eu sempre saia com o Noah e voltava no outro dia, mas esse foi melhor do que o do ano passado.

Philipe tomba a cabeça para o lado, apoiando-a contra meu ombro.

— Você tem um cheiro tão bom. - Sussurrou ele, colocando meus cabelos em cima do próprio rosto, fungando logo depois.

Isso me causou muitas risadas e arrepios.

— Minha mãe também tinha um cheiro doce, eu lembro de quando ela me colocava pra dormi.

Meus ombros ficam tensos ao ouvir isso, não por ele comprar o meu cheiro com o dela, e sim como ele falou. Com a voz carregada de dor.

E algo em mim queria ter o poder de tirar toda essa dor que ele parece guardar muito bem.

— Desculpa. - Philipe diz ao tirar sua cabeça do meu ombro, seus olhos pareciam distantes.

Ele não parecia querer falar sobre. Minhas mãos se apertaram uma contra a outra. Ele compartilhou uma dor comigo, mesmo indiretamente. Então, acho que eu deveria compartilhar também.

— Eu não lembro de ter tido algum aniversário bom. - Desabafei, ganhando atenção dos seus olhos azuis, que estava mais escuros do que nunca. — Os que eu me lembro, foram péssimos. Minha mãe esquecia frequente meus aniversários, meu pai só podia me ver aos fins de semanas, então teve aniversários que não aconteceu nada e quando eu vim morar com meu pai, não mudou muito, já que ele estava se dedicando cem por cento na carreira. Nos anos seguintes eu tive o Adam como meu refúgio, nós ficávamos perambulando pela rua e comendo besteira, porque eu nunca quis tentar ter uma festa, já que não ia ter ninguém que eu realmente quisesse  lá.

Philipe me olhou como se me entendesse completamente.

— No ano passado eu tive uma festa e meu pai não pôde ficar nem por 10 minutos. - Suspiro. — Acho que se minha mãe tivesse pedido uma chance, uma chance de verdade e não só para ganhar algo, eu acho que a daria, apesar de tudo que ela fez ou deixou de fazer.

Desabafei por completo, o que eu ganharia guardando isso tudo?

— Eu não sei o que sua mãe fez, mas sei que o seu coração é um dos mais bonitos que eu já vi. -ele disse antes de olhar para as próprias mãos. — Já eu nunca perdoaria meu pai por nos abandonar depois que minha mãe morreu.

— Isso não te faz ter um coração pior que o meu. - Dou de ombros, eu nunca o vi assim, tão aberto. Eu sabia que ele tinha problemas, Philipe nunca escondeu que tinha, mas nunca expressou tantos sentimentos como hoje.

— Eu não sou bom com conselhos, mas meus abraços são incríveis.

Sugeriu ele, fazendo-me sorri agradecida.

— É, eu lembro disso também.

— É, eu lembro disso também

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Perdão pelos erros ❤️

Tudo de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora