Capítulo 35

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Entro em casa dando de cara com o meu pai andando de um lado para o outro com o telefone no ouvido

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Entro em casa dando de cara com o meu pai andando de um lado para o outro com o telefone no ouvido. Isso não é uma coisa rara de se ver.

Aceno com a cabeça, indo direto para as escadas.

Minha mente anda muito confusa esses dias, meus sentimentos estão piores. Está tudo tão bagunçado em relação ao Philipe.

É óbvio que eu estou apaixonada, eu amo os olhos dele e principalmente da maneira como ele me olha. Gosto de me sentir livre perto dele e de falar qualquer coisa sem noção e não ser julgada.

Gosto de como ele trata as pessoas, gosto de vê-lo com o irmão, gosto de senti-lo de todas as formas. porquê é tão difícil?

Eu estou preocupada com ele, mas não sei se eu deveria ligar.

Seria invasivo demais? E se ele sentisse o mesmo, o que eu iria fazer? Se meu pai descobrir, eu destruiria o restinho de confiança que ele tem em mim.

Eu não quero ser como a minha mãe foi pra ele.

Entro no meu quarto, jogando minha bolsa no chão. Pego meu celular no bolso, o encarando fixamente.

É só ligar.

Suspiro, vamos lá, 25 segundos de coragem Sammy, só isso, é só uma ligação.

Abro no número salvo dele, clicando sem pensar duas vezes antes de ligar.

— Filha? - Meu pai bate na porta, fazendo eu desligar o celular apressada. — Posso entrar?

— Claro, pai. - Jogo o celular longe na cama, como se o que eu estava fazendo fosse um crime terrível.

— Eu soube que aconteceu uma briga hoje, não é algo normal lá. - Papai diz ao entrar. — Você está bem?

— Como você já sabe? Seus amiguinhos são muito rápidos. - Zombei, sentindo o gostinho do arrependimento logo depois. — E sim, estou bem, não nada demais e não acho que pode ser considerado uma briga.

Meu pai fez um barulho com a boca que mais me pareceu um murmuro inexecutável.

— O que você acha sobre mudar de faculdade? Tenho alguns contatos que me ajudariam a tornar isso mais fácil. - Ele sugere, dessa vez eu não consegui esconder minha indignação.

— Por que? Por causa de uma briga que nem foi uma briga? Philipe nem é agressivo e...- Me calo bruscamente quando percebo que falei mais do que deveria, isso era óbvio pelo semblante do meu pai.

Para a minha surpresa, meu pai não disse nada sobre isso. Apenas balançou a cabeça negativamente.

— Não era bem isso que eu estava sugerindo. - Papai me olha, me assustando pelo olhar exausto que ele lançou.

— Ele vai ser expulso de qualquer maneira. - Deixo meus ombros caírem, cansada de ficar na defensiva com meu pai. — Não vejo porquê eu deveria sair.

— Será que um dia minha própria filha vai querer me ouvir de verdade? - Meu pai diz ríspido, me deixando surpresa, ele nunca fala assim comigo.

Não pude evitar de me sentir magoada, eu sempre faço tudo que ele quer, absolutamente tudo, apesar da minha mente não estar tão sã como antes, mas nada mudou sobre isso.

Eu recuo até cair sentada na cama, não sei quero falar alguma coisa com ele agora.

Papai suspira alto, mas não olho para nada que não seja meu carpete.

— Vou trabalhar, provavelmente não volto hoje para a casa.

Ele diz saindo logo em seguida, e eu estou brava, muito brava.

Estou com raiva desse peso em cima de mim, de sempre proteger a imagem imaculada do meu pai.

Com raiva de ter que fingir a perfeição que obviamente não existe em mim. Com raiva de que agora estou sozinha.

Com raiva de não ter nenhuma amizade verdadeira e com raiva de eu estar apaixonada pela única opção plausível de uma quase amizade, mas ele não é bom o bastante para se incluir a perfeição inexistente na porra da minha vida.

E se eu fosse ele, eu fugiria sem dúvida dessa merda toda, correria e não olharia para trás. Meus privilégios são claros pra mim, não sou burra, sei que muitos fariam de tudo para estar onde estou.

Mas eu abriria a mão dessa maldita casa enorme que ocupa somente duas pessoas, para ter um pouco do que o Philipe tem.

Olho para o meu celular, esticando-me para alcançá-lo na cama. Meus 25 segundos de coragem se esgotaram.

Me acovardo, jogando meu celular novamente para longe.

Contento-me em apenas chorar. Quando eu era pequena, meu pai estava lá para me consolar, beijar meus machucados como se fosse curar qualquer dor.

E quando ele não estava lá, minha mãe gritava para que eu parasse de estressa-la com meus berros imbecís.

E agora aqui estou eu, sentindo falta de alguém apenas para me ver chorar ou gritar para que eu pare de chorar.

Me jogo no meio das minhas cobertas, se existe um Deus, ele é o único que vai me ouvir chorar hoje.

Minha mente voa para o aniversário do Philipe, eu queria poder voltar no tempo e reviver cada momento. Até quando estávamos um tentando consolar o outro.

Ele provavelmente deve estar em outra página, talvez ele até tenha outras pessoas pra ficar, enquanto eu fico remoendo os momentos bons na minha mente, como se fossem a única coisa boa que eu tivesse nela.

Talvez eu seja uma tola por ter me apaixonado por ele, mas o pior é que eu sabia que isso aconteceria no momento que fui atrás dele.

E é mais tolo ainda, eu querer imagina-lo aqui comigo. Meu coração se apertou com a ideia, como se fosse algo plausível a acontecer.

Mas nós dois somos como os contos de fadas, improváveis.

Mas nós dois somos como os contos de fadas, improváveis

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Feliz dia dos namorados hehe

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