Eu não sei bem qual é a pior parte, eu estar com medo da minha relação com meu pai ou com medo de não ver mais o Philipe aqui.
Faz trinta minutos que vi ele entretanto na porta do lugar que chamamos de "A sala". Assim como todos os lugares que estudei, aqui eles prezam pela boa "aparência", se você tiver problemas com notas, você definitivamente não seria aceito aqui e aqui eles não toleram qualquer coisa que possa mudar essa "boa aparência".
"A sala" é tipo uma diretoria, onde se reunem para falar de eventos ou coisas mais graves. Pelo que eu sei em pouco tempo aqui, nunca aconteceu uma expulsão por agressão, acho que agora vai ser a primeira vez.
— Você vai ficar olhando pra lá? - Victoria pergunta ao meu lado, olhando para a porta.
— Estou curiosa. - Aperto a alça da minha bolsa.
— Ele definitivamente vai ser expulso, o que vai ser uma grande pena, eu queria saber se ele beija bem.
Reprimo minha vontade de dizer: sim, ele beija muito bem. Respiro fundo, continuando com meu olhar na porta, esperando ele sair a qualquer momento.
Tombo minha cabeça em algum armário aleatório de alguém.
— Sam, ele não é problema seu, ele que foi o idiota nisso tudo e eu estou com fome, podemos ir?
Respiro fundo antes de levantar meu olhar pra ela, mas na verdade eu não tenho uma resposta boa pra isso.
O que eu deveria falar?
" É que eu gosto dele mais do que eu deveria e me importo o suficiente com os sentimentos dele ao ponto de quase chorar de preocupação se ele for expulso"
— Vai na frente, eu vou passar no banheiro antes.
Victoria apenas revira os olhos antes de me deixar só. Passo as mãos no rosto, eu sou uma idiota.
Volto a olhar em direção a porta e lá está ele.
Meu peito vibra com a imagem dele saindo da sala sozinho, como se estivesse tão alheio a tudo em volta que não foi capaz de perceber meu olhar cravado nele.
Eu não sei o que eu deveria achar dos seus olhos fixados no chão, então tomei a decisão de ir até ele.
Minha mente gritava que era pra eu parar, o que iriam falar de mim?
Mas isso não foi capaz de me parar.
— Philipe? - Toco seu braço com cautela. Isso pareceu desperta-lo.
Ele me olha com as sobrancelhas juntas, me deixando surpresa com a sua reação.
— Você deveria estar tão perto?
— Eu fiquei preocupada.
Admiti.
Seus lábios se abrem em um sorriso zombeteiro.
— Eu estou bem. - Philipe murmurou. — E não fui expulso.
Meus ombros automaticamente relaxaram, tive que me segurar para não abraçá-lo.
— Mas não quer dizer que eu vá voltar. - Ele olha para o fim do corredor. — Eu preciso ir.
— Você quer que eu vá na sua casa? - Pergunto, nós não tínhamos se falado muito após o aniversário dele.
— Outro dia, Sammy. - Ele sorri agradecido antes de se afastar.
Fico parada observado-o ir embora. Sinto meus olhos marejarem.
Como eu sou Imbecil.
O que você pensou, Sam? Que ele iria dizer para você ir por que precisa de você tanto quanto você precisa dele pra ficar bem?
Fecho os olhos, impedindo-me de deixar alguma lágrima cair.
Tola
Tola
Tola
Uma tola terrivelmente apaixonada.
— Oi, Pai? - Me surpreendo por ele estar em casa tão cedo.— Oi filha. - Respondeu. — Tive enxaquecas.
Deixo um murmúrio sair, mas nem sei se eu mesma o entendi. Subo até meu quarto, optando por dessa vez ir direto ao banheiro.
Ter que lidar em pouco tempo com sentimentos que não precisei lidar a minha vida toda, é um saco.
Puta merda. Eu definitivamente estou apaixonada, me nego a negar isso pra mim mesma, porém sei que eu e Philipe não estamos na mesma página.
Óbvio que ele só quer sexo, não o culpo, foi pra isso que eu o procurei.
Antes eu o procurei por que estar com ele me fazia bem, me ajudava a fugir de uma realidade que eu não queria estar.
Agora nada continua bem na minha vida, porém, agora não quero que ele seja só um refujo nos dias ruins.
E sei que não posso dizer isso a ele, eu o assustaria e ele fugiria.
Eu só quero que isso dure só mais um pouquinho, até eu me preparar pra uma despedida um tanto quanto dolorida pra mim.
Mas no começo eu já saberia que seria assim.
Foi uma enorme erro e eu cometeria ele incontáveis vezes se pudesse.
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Tudo de mim
RomanceSPIN-OFF de MFDTA Eram de mundos diferentes, tinham dores diferentes, tinham vidas diferentes, eram completamente diferentes um do outro. Talvez a única coisa que tinham em comum, era o desejo nítido nos dois. A doçura que ela esbanjava o confundia...