QUINTO

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Naquele dia meus pais chegaram pela manhã e foi extremamente difícil tentar não pensar no que aconteceu pela madrugada com o Jacob perto do meu pai. Peguei-me fazendo perguntas a mim mesma sobre até quando precisaria esconder meus pensamentos de Edward Cullen. Será que isso seria pra a vida toda?
Pensara a noite toda sobre o acontecimento no penhasco e como poderia resolver meu pequeno novo 'defeito'. Os meus problemas mentalmente pareciam três vezes maiores do que eram realmente e isso me perturbava cada vez mais. Talvez, se tivesse alguma maneira de me tornar uma pessoa normal – apenas com a minha parte humana dentro de mim – pelo menos alguns dos meus problemas sumiriam. Outros questionamentos começavam a surgir, deixando-me cada vez mais louca. Eu nunca perguntara a Jacob se ele estaria disposto a viver uma eternidade comigo. Talvez os lobos não gostassem da ideia de eternidade. Eles podiam gostar da aventura, do perigo, de viver um pouco mais que pessoas normais, mas não para sempre. Talvez ele não quisesse um 'juntos para sempre' tão infinito assim. E se ele quisesse ter filhos? Como lhe daria uma criança se sequer consigo ter uma? E se eu conseguisse, seria um lobo ou um vampiro? Ou talvez fosse um humano-lobo-vampiro? Não, isso é impossível, os genes são completamente opostos e é a lei natural que vampiros e lobos se odeiem, então isso não aconteceria. Talvez fosse certo nunca ter um filho de Jacob. Nosso DNA era como água e óleo, poderia ser errado ousar com tal combinação.

Talvez. Talvez. Talvez.

Se ao menos houvesse uma maneira de tornar meu sangue puro... ser uma humana completa.
Olho para o mar de La Push, escutando os estrondos de ondas gigantes quebrando na costa. Era fim de tarde e eu escapara da casa de Jacob enquanto ele resolvia algumas coisas da matilha, não percebeu o meu sumiço. Ou talvez tivesse percebido e pediu para algum dos seus cãezinhos me vigiarem.

Eu não odiava os lobos, mas sim a forma como eles seguiam uns aos outros tão cegamente que poderiam ser enganados mais rápido quanto uma criança com um pirulito. Isso me irritava. De certa forma, algumas vezes eles realmente agiam como cachorros até em suas formas humanas, talvez fosse o costume. Não era uma grande novidade para mim que sempre quando Jacob e eu brigávamos ele me seguia calado com a cabeça tombada para baixo como se eu fosse sua dona e ele o meu filhote triste. Por isso me chamava-os de 'cachorrinhos', porque as semelhanças não eram apenas meras coincidências.
Ainda sim, era fato que por mais que o jeito peculiar da espécie me causasse um tanto de irritação, ainda sim os considerava a minha segunda família.
Eles aceitaram o imprinting de Jacob como se fosse a coisa mais natural do mundo é claro, mesmo sendo por alguém como eu. Por vezes, pensara se todo o apoio que me deram era apenas por ele ser o seu Alfa, mas também percebia que eles me tratavam como parte do bando, como se eu não fosse uma inimiga. Isso me fazia sentir aconchegada de pensar que não estava sozinha, que se algo acontecesse comigo eles se uniriam a minha família novamente para me proteger.

Mas afinal, não era isso que tanto me perturbava nos últimos dias. A pergunta rondava cada pensamento meu, mesmo quando tentava me livrar dela. Mas por que raios de depende eu estava tão desesperada com isto? Por que eu não poderia simplesmente aceitar a minha condição ridícula de não reprodutora e simplesmente estar conformada com isto? Talvez porque eu fosse idiota suficiente para esperar que milagrosamente pudesse gerar uma criança. Talvez porque eu tivesse esperanças de que todos estivessem enganados sobre mim, assim como estavam com Leah Clearwater, que assim que desistiu de ser lobo pode voltar a menstruar, sendo uma mulher saudável e fértil, e Deus sabe como todos ficaram felizes com aquilo, inclusive a própria Leah e o novo marido que nunca esperava ter crianças fruto do amor deles correndo pela casa e até pensara em adotar. Mas eu não era como Leah. Nunca menstruara ou buscara algo relacionado a construir uma família. Era muito provável que nada disso acontecesse, nunca construiria a minha família.

" O que você tanto pensa aí?" A voz grossa que sempre me trás os mesmos arrepios pergunta e logo um corpo bronzeado se senta ao meu lado na areia. Sua aura branca e suave me trás uma sensação de paz, proteção e tranquilidade e mais uma vez me pego pensando em como ele deve mesmo ser o homem da minha vida.

-  𝐑 𝐄 𝐍 𝐀 𝐒 𝐂 𝐄 𝐑  -  A  SAGA CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora