QUINQUAGÉSIMO

678 44 5
                                    

Apenas oito meses de uma eternidade inteira depois...

N A R R A Ç ÃO   R E N E S M E E

Ele checa a minha pulsação pela terceira vez ao dia e mede os meus estranhos batimentos cardíacos. A minha respiração andava mais pesada nos últimos meses, mas isso com certeza ainda não seria nada comparado ao final da gestação pelo que Carlisle tem me explicado. Sim, trazer uma vida ao mundo é uma coisa linda e eu adorava saber que havia um pedacinho de amor dentro de mim, mas a gravidez em si e os problemas que ela envolve são um completo inferno.

" Ela está fraca." Carlisle informa a Jacob e aos meus pais em tom preocupado. Jacob chuta o ar, quase acertando nos grandes vidros da parede da sala do meu avô e os seus punhos se apertam. Ele com certeza queria socar alguém.

" Ela está bebendo quase dois cervos por dia, como isso ainda pode acontecer?" Papai pergunta preocupado.

" A pergunta certa é: como isso não iria acontecer?" Jacob responde em tom de ironia.

Reviro os olhos e evito o seu olhar. A minha pele se arrepia com a sua presença, mas não de um jeito bom. Eu tinha vontade de empurra-lo contra o vidro grosso das janelas da sala para que ele caísse longe de mim. Durante todo esse tempo ele insistia em tornar a minha vida um verdadeiro caos. Ainda não havia o perdoado por me dopar num momento de fragilidade apenas para satisfazer a sua vontade – que eu por sinal não havia concordado–. A este momento eu poderia estar sem a minha criança aqui, e pensar que Jacob e meus pais haviam planejado uma emboscada contra mim fazia-me querer vomitar.
Vem sido cada vez pior enfrentar Jacob e todo o seu ódio desde que descobrimos a gravidez. Atualmente eu estava com quatorze meses de gestação e uma barriga aparente de quatro meses. Ele continuava indiferente à existência de um fruto do nosso amor, já eu tentava ao máximo evitar ficar próxima dele já que brigávamos constantemente, isso quando não trocávamos farpas um com o outro como ele fez agorinha mesmo.

" Não podemos fazer nada mesmo pra tirar essa coisa daí?" Ele praticamente rosna. Era exaustivo continuar no mesmo ambiente que ele e arrancava todas as minhas forças.

" Vocês já tentaram, esqueceu?" Eu o corto com um misto de dor e deboche na voz, lembrando-lhe mais uma vez o quanto ele me magoou meses atrás com a sua ideia ridícula.

" Não me orgulho disso." Minha mãe responde ainda olhando para o chão com um braço cruzado segurando o outro, fazendo com que sua mão cobrisse a sua boca enquanto ela parecia pensativa.

" Não há mais nada a fazer Jacob." Carlisle lhe diz, parecendo tenso. Eu não o culpava pelos acontecimentos anteriores, sabia que haviam lhe deixado sem escolha.

Como foi difícil admitir pra mim mesma que a pessoa que algum dia mais amei, hoje me trazia nojo. É claro que me lembrava do nosso sentimento e o quanto era intenso, mas não parecia mais verdade, não depois de todas as vezes que o vi me rejeitar, das noites que ele preferia ir à ronda noturna ao invés de dormir ao meu lado, de quando ele espumava pela boca sempre que Carlisle fazia o meu checkup semanal, da forma que evitava até o mínimo toque físico... aquele não era o Jacob pelo qual me apaixonei.

" O que faremos Carlisle?" Edward o pergunta, suas sobrancelhas franzidas formam uma quase carranca.

" Eu... andei pensando em algumas coisas, mas talvez não funcione." Ele responde enquanto me observa.

" Estou disposta a tentar qualquer coisa." Respondo simples, puxando as mangas do meu casaco para baixo. Vampiros normalmente não sentem frio, mas ao que parece ultimamente tenho me tornado cada vez mais frágil e diferente, quase como uma boneca de porcelana.

-  𝐑 𝐄 𝐍 𝐀 𝐒 𝐂 𝐄 𝐑  -  A  SAGA CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora